«A pressão faz parte deste desporto e só vai aumentar daqui para a frente»
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«A pressão faz parte deste desporto e só vai aumentar daqui para a frente»

SURF05.12.202321:23

Vice-campeão mundial júnior ISA, Francisco Ordonhas tentará o circuito mundial WSL quando se sentir preparado. Passou a ter apoio psicológico e está satisfeito. Carreira pensada passo a passo e que chegar aos Jogos.

Medalha de prata no Mundial júnior de surf ISA, na praia da Macumba, no Rio de Janeiro, Francisco Ordonhas saltou para a ribalta do surf português ao igualar um feito, com mais de uma década, apenas alcançado por Vasco Ribeiro na edição de Perú-2011.

«Sabia que tinha o potencial para fazer uma final e aconteceu desta vez. Tentei, à medida que ia passando os heats, não pensar muito na possibilidade para não ficar nervoso uma vez que ao eliminaram as repescagens, não podia perder, se não ficava logo de fora. Se pensasse só no resultado as coisas poderiam ser piores», confessou Francisco a A BOLA após o regresso do Brasil.

«A pressão faz parte deste desporto e só vai aumentar daqui para a frente. Vou lidar com ela nos próximos anos, mas com tranquilidade», expressou ainda o surfista do Estoril que finalizou a participação no escalão e agora ambiciona repetir o feito nos seniores. 

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«Há formas de lidar com essa pressão. Trabalho com os meus treinadores e a minha psicóloga», confessou Ordonhas que está inteiramente focado no profissionalismo. Decisão tomada recentemente em família. «Tem resultado porque ao pensar em mim, no que consigo fazer e deixar de pensar nos outros, fico focado nas coisas importantes e isso é uma boa forma de lidar com essa pressão», analisou antes de revelar da preciosa ajuda que tem recebido da psicóloga. «Comecei há um ano. Antes, achava que não era muito relevante, mas depois de começar a receber esse apoio percebi que era mesmo importante», atestou. 

E, aos 18 anos, Francisco começa igualmente a olhar para o futuro de outro ângulo. «Obtive um resultado importante no ISA, mas vou com calma. Daqui para a frente quando sentir-me preparado, pensarei entrar no CT [Circuito de Elite da Liga Mundial de surf] onde está o Kikas [Frederico Morais]», conta num tom de voz pausada. «Mas farei cada coisa a seu tempo», reforçou considerando que o plano de carreira está pensado, sem vontade, nem necessidade, de saltar etapas. O terreno do profissionalismo é feito com os pés bem firmes na terra. «Este ano não competi em todos os eventos do Qualifying Series, mas em 2024-2025 quero fazer todos para subir ao Challenger Series, circuito que depois me levará ao CT», traçou.  

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Eleito surfista júnior 2023 pela Associação Nacional de Surfistas, no encerramento da Liga Meo Surf, Ordonhas garante que a primeira divisão do surf nacional o «ajudará» a alcançar os sonhos internacionais. «É um excelente campeonato que nos dá imenso treino para o resto da temporada», adiantou. 

Mas, os Jogos Olímpicos são outra das aspirações que acalenta a par do CT. «Daqui a 4, 5 anos era bom conseguir os dois. Se for mais cedo, será mais cedo. Se for mais tarde… é mais tarde», soltou, não transparecendo qualquer pingo de pressão nos ombros para então regressar ao presente. Agora, após uma breve paragem em Portugal, viaja já dia 13 para o Havai, a fim de preparar a época. «Vou continuar em treino, no Havai. Um mês a treinar e a puxar por mim», garante. Mas não irá sozinho. «Vou com o Matias Canhoto, Martin Nunes, Roque Pinho e o Joaquim Trindade», enumerou. «No ano passado fui para casa de uns surfistas brasileiros, damo-nos todos bem e será fácil a estadia», finalizou.