Farense-FC Porto 0-1 Vitória à justa, muito sofrida e a prometer polémica (crónica)
Primeiro triunfo do novo treinador portista e ciclo de cinco jogos sem vitórias quebrado. Mas a polémica está no ar devido às dúvidas sobre a legalidade do golo. Lesão de Vasco Sousa foi o pior da tarde/noite
Martin Anselmi conseguiu a primeira vitória no campeonato nacional aos comandos do FC Porto, que por sua vez passou cinco partidas sem ganhar até ao jogo deste domingo em Faro-Loulé. O segredo do desbloqueio do resultado esteve numa bola parada e se outro desfecho tivesse havido continuaria a estar, mas já lá vamos.
O golo solitário, apontado por Francisco Moura na sequência de um livre lateral de Fábio Vieira, promete fazer correr tinta, dado que as imagens televisivas dão claramente a ideia de que o esquerdino portista cometeu falta sobre Yusupha antes de proceder ao desvio de cabeça que garantiu os três pontos.
Tiago Martins, no campo, e Bruno Esteves, na Cidade do Futebol em frente ao VAR, terão entendido que se tratou de um lance normal de agarrões dentro da área e o FC Porto quebrou a malapata do ciclo mais recente. O que não quer dizer que tenha deixado muito mais descansados os seus adeptos, já que a exibição esteve longe de encher o olho e Diogo Costa, valha a verdade, foi decisivo na manutenção do resultado com uma defesa estupenda a cabeceamento de Marco Moreno, desta feita na sequência de um canto.
Encaixados
As equipas entraram encaixadinhas nos seus 3x4x3, e encaixadinhas percorreram a totalidade da primeira parte. O Farense dispôs-se a pressionar relativamente alto, mas de forma bastante compacta, tentando recuperar bolas no meio-campo e lançar ataques rápidos. Conseguia-o a espaços e Yusupha teve oportunidade para dois remates relativamente perigosos, sendo que num deles houve fora-de-jogo anterior do companheiro Marco Matias. De resto, só num cruzamento-remate de Paulo Vítor os donos da casa estiveram próximos da baliza de Diogo Costa. Pairou a sensação de golo, mas a bola saiu ligeiramente por cima.
Do lado portista, a opção preferencial foi tentar construir a partir de trás, com a paciência necessária dos centrais — nenhum deles especialmente talhado para sair em progressão — até que a bola pudesse chegar aos médios. Chegava, mas muitas vezes voltava para trás, dada a solidez do muro algarvio. Nas poucas vezes em que chegou à área, o perigo foi sendo afastado com simplicidade e eficácia pelos centrais do Farense. A exceção deu-se mesmo no final do primeiro tempo, com Fábio Vieira a quase encontrar espaço para finalizar. E dizemos quase porque Artur Jorge, em carrinho perfeito, evitou que a bola tomasse a direção da baliza de Ricardo Velho.
E tudo muda
O arranque da segunda parte (sem alterações de jogadores de parte a parte, apenas com Namaso a passar para a direita e Deniz Gul mais para o eixo do ataque azul e branco) correspondeu à viragem do jogo, visto que o já referido golo de Francisco Moura ocorreu logo aos 48 minutos.
O FC Porto, cujo onze inicial não deixou de surpreender quem observa de fora, passou a gerir melhor e passados poucos minutos Namaso, André Franco e Deniz Gul cederam lugar a João Mário, Eustáquio e Samu, com Pepê a subir para a frente de ataque.
Tozé Marreco, mantendo a estrutura e prosseguindo na ideia de pressionar alto e nunca desistir do resultado, esperou menos de dez minutos para ativar uma frente de ataque mais larga e rápida, com entradas de Tomané e Rui Costa. Ato contínuo, Fábio Vieira (a par de Francisco Moura e Diogo Costa, de longe, no melhor que os portistas tiveram no Algarve) ia chegando ao 2-0 com excelente remate ao poste seguido de recarga que Rodrigo Mora não conseguiu efetuar de forma feliz.
Martin Anselmi tirou-o logo depois e fez entrar Varela, reposicionando a equipa num 3x2x3x2 que permitiu ao FC Porto não sofrer tanto como seria previsível com as alterações algarvias. Ainda assim, a então melhor gestão azul e branca não impediu que aos 78 minutos Rui Costa quase marcasse, num desvio subtil que saiu ao lado, e que Diogo Costa se transformasse em herói aos 83, ao defender com enormes reflexos o tal cabeceamento de Moreno.
O Farense passou o resto do tempo a tentar, mas sem grande clarividência. Anselmi ainda lançou em campo Vasco Sousa, que acabaria por ser o homem mais azarado da noite ao lesionar-se com gravidade em lance, já na compensação, que originou a expulsão de Zé Carlos.
O empate não ficaria mal, mas a vitória acaba por ser justa, ainda que muito sofrida e marcada nos próximos dias — apostamos — por forte polémica em relação ao golo.