«Um puro sangue que ganha em todas as corridas», a crónica do Vizela-Sporting

Vizela-Sporting, 2-5 «Um puro sangue que ganha em todas as corridas», a crónica do Vizela-Sporting

NACIONAL19.01.202400:14

Muito mérito de Rúben Amorim a aproveitar as características diferenciadoras do sueco; Sporting continua muito intenso e eficaz

Poucosjogadores serão tão decisivos numa equipa como é Viktor Gyokeres no Sporting. Não se trata de menorizar a qualidade dos outros jogadores leoninos, muitos dos quais estão, na verdade, a fazer uma grande época, mas sendo normal que os grandes jogadores, mesmo nas grandes equipas da Europa, decidam, muitas vezes, os jogos, o que se torna raro é que esses jogadores decisivos repitam jogo após jogo essa qualidade diferenciadora. Sorte do Sporting que tem um jogador assim, um verdadeiro puro sangue que ganha em todas as corridas em que entra. 

Mas também mérito na escolha e na forma como Rúben Amorim tira partido do avançado sueco, projetando a equipa em função do seu maior trunfo. Voltou a acontecer em Vizela, onde o Sporting fez cinco golos, deixou alguns ainda por marcar e afirmou a sua liderança de forma indiscutível, abrindo a segunda volta do campeonato com uma exibição que não sendo brilhante acabou por se mostrar eficaz.

UMA PRIMEIRA PARTE ATÍPICA

O Vizela teve, desde o início, uma atitude realista. Aceitou que o Sporting tinha um nível muito superior e por isso encarou o jogo com uma linha de cinco defesas, dois médios defensivos e três homens mais adiantados tentando controlar a circulação de bola a partir dos defesas leoninos. E a verdade é que tudo correu bem. Porque o sistema funcionou, porque o Sporting desperdiçou oportunidades de golo e porque aproveitou num golo de Soro o que podia aproveitar para conseguir uma vantagem que lhe permitisse assumir ainda mais o projeto de povoamento da sua área, criando dificuldades ao adversário, demasiado repetitivo nos lances pela ala esquerda sempre terminados em cruzamentos de Nuno Santos. Foi, por isso, uma primeira parte atípica que só não se refletiu totalmente no resultado, porque Gyokeres conseguiu inventar um golo em cima do intervalo.

O DOMÍNIO TOTAL

A segunda parte começou como a primeira acabou: com um golo do Sporting. Foi um lance de erro do Vizela, com perda de bola em zona proibida, que decidiu todo o resto da história do jogo, com o líder do campeonato a ganhar serenidade suficiente para conseguir um domínio total na partida. Foi neste período que, enfim, apareceu Trincão a marcar a diferença. Talvez entusiasmado com o golo que daria vantagem à sua equipa, Trincão mexeu no jogo pela diversidade e criatividade de lances que foi conseguindo, um dos quais esteve na origem do terceiro golo do Sporting. Não havia mais dúvidas. 

Coates voltou à titularidade e marcou um dos golos do leão

Nem mesmo quando Essende ganhou um lance dividido a Coates e fez o segundo do Vizela. Menos de dez minutos depois, o mesmo Coates emendou o erro e fez o quarto e a partir daí o Sporting controlou o jogo e ampliou o resultado, com o golo final a pertencer, de novo, ao diabólico sueco que continuou a correr o campo todo como se tivesse uma energia inesgotável. Na viragem do campeonato, o Sporting parece manter uma frescura saudável. Continua a ser uma equipa de trabalho. Uma equipa que produz um futebol ritmado, intenso, capaz de resolver nos momentos mais difíceis, como ontem aconteceu em Vizela. 

Ora uma equipa assim dá garantias de uma legítima esperança aos seus adeptos. Apenas precisa de manter o nível competitivo e de não passar por tempos de crise. E precisa, obviamente, que Gyokeres tenha muita saúde e força para continuar a ser decisivo.