«Tenho dois sonhos: Seleção e Premier League»
André Vidigal com a camisola do Stoke City (IMAGO)

ENTREVISTA A BOLA «Tenho dois sonhos: Seleção e Premier League»

INTERNACIONAL08.12.202309:45

André Vidigal chegou no início desta época a Inglaterra e já conquistou o coração dos adeptos do Stoke City, clube que sonha com a ida ao ‘play off’ da subida. Aos 25 anos, o extremo português é o melhor marcador da equipa e tem clubes da Premier League muito atentos ao seu percurso

- Como estão a correr os primeiros meses no Stoke City?

- A minha adaptação ao Stoke não foi difícil. Inicialmente pensei que seria complicada, atendendo às diferenças do futebol português e inglês mas não. Falhei a pré-temporada com a equipa mas estive em dois jogos de pré-temporada. E logo aí entendi o que é o futebol inglês e que se identifica com as minhas características. 

- Está em Inglaterra há poucos meses. O que pode vir a seguir?

- Não penso sair de Inglaterra, quero muito continuar por aqui. Já tinha estado num país parecido na Holanda, no Fortuna Sittard. A Holanda é parecida com Inglaterra a nível futebolístico, de condições atmosféricas e no apoio dos adeptos aos clubes. São países onde sinto que sou jogador. Os adeptos são um apoio incrível, fantástico e que nos estimulam a atingir a níveis altíssimos. Seja em que campeonato for. Ir para Inglaterra foi o concretizar do meu sonho de criança. Não quero parar por aqui. Já quando estava no futebol de formação sonhava em vir jogar para o mais alto nível.

- Como foi possível ter chegado a Inglaterra?

- Não foi fácil, mas foi devido ao meu trabalho e ao meu foco em chegar ao mais alto nível. Responsável pela minha chegada ao futebol inglês? A empresa New Era, dirigida por Rio Ferdinand, ícone do futebol inglês e do Manchester United. É uma pessoa extraordinária. Gosta de dar conselhos aos mais novos, é extrovertido, é um grande líder. Foi fundamental para a minha vinda do Marítimo para o Stoke City, aliás, como o Fábio Bandeira, agente FIFA, que está sempre presente na minha vida.     

- Quais os treinadores que mais marcaram a sua carreira?

- Vasco Seabra, que está agora no Estoril, ajudou-me muito a crescer enquanto jogador e homem. José Gomes e Bruno Pinheiro também foram muito importantes para mim, muito mesmo.       

- Como é comunicar em inglês? 

- Agora não sinto nenhum problema, estou à vontade. O pior foi na Holanda…

- Então?

- Não sabia falar inglês quando fui para o Fortuna Sittard... e holandês ainda pior… arranhava algumas palavras… e já não era mau…

No Fortuna Sittard (IMAGO)

- A ligação a uma família de gente com fortes ligações ao futebol teve importância na opção de seguir a carreira de futebolista?

- É o ADN que está na família. Quase todos estiveram ou estão ligados ao futebol. Desde pequeno que eu queria seguir os passos do meu pai e dos meus tios.    

- O pai Beto Vidigal teve o papel mais determinante para seguir o futebol?

- Sim, o meu pai jogou no Elvas, V. Setúbal, Leiria, equipas que estavam na 1.ª Divisão. Tudo aquilo que sou em muito devo ao meu pai, que, infelizmente, morreu em 2019… na altura eu estava a jogar no Apoel. O meu tio Luís Vidigal deu-me a notícia e eu voei imediatamente do Chipre para Portugal. Foram tempos muito difíceis. Acabei por regressar a Portugal para estar perto da família. Recebi, entretanto, um convite do Estoril que era impossível rejeitar…

- Quem fez a primeira aproximação? 

- Foi o Joãozinho quem me puxou para o Estoril. A amizade vem dos tempos em que jogávamos no Apoel… aliás, ele foi para o Apoel depois de mim e acabámos por formar o lado esquerdo da equipa. É dos meus melhores amigos do futebol. Amizade para sempre.

- Como correram as coisas no Estoril?

- Foi tudo espetacular. Foi das melhores temporadas que já tive. Chegámos aos quartos de final da Taça de Portugal, da Taça da Liga e ainda fomos campeões da 2.ª Liga. Foi uma temporada fantástica com o mister Bruno Pinheiro e Pedro Alves (diretor desportivo). Tenho um enorme carinho pelo Estoril. Inesquecível!

- Era titular?

- Sim. Joguei todos os jogos. Isso ainda me deixa mais apaixonado pelo Estoril.

Com a camisola do Marítimo (ASF)

- Se fosse treinador de uma equipa qual o jogador que escolheria para o plantel?

- Messi… adoro o Lionel Messi, dá-me prazer vê-lo jogar… aquilo que ele faz com a bola e para a equipa é do outro mundo. Ele vê jogadas… que só ele vê, idealiza jogadas fantásticas, semelhantes às de Maradona. 

- Mais alguém? 

-  Bom, Ronaldinho Gaúcho enchia-me as medidas mas Messi é Messi!

- É o melhor marcador do Stoke City com cinco golos. É para manter o estatuto?

- Quando cheguei ao Stoke fiquei super-feliz pela forma como fui recebido. Na minha estreia fiz logo dois golos. Foi o jogo que mais me marcou em Inglaterra, pois foi o primeiro como profissional. E ainda falhei o terceiro golo… Os golos e a velocidade são as minhas imagens de marca.

- Está então superconfiante? 

- Sim, sim… e a confiança ainda sobe mais alto quando oiço uma música a apoiar-me… arrepio-me!

- E qual é a letra da música?

- Bom é mais ou menos assim: «Quando o Vidigal está do lado esquerdo, de certeza que vai haver golo e todos nós vamos cantar o golo dele… Vidigal é o nosso herói português!»

- Como foi o seu percurso a nível de seleções? 

- Estive nos sub-16 até à dos sub-21… vamos ver o que o futuro me vai dar… 

- E sonhos? 

- Tenho dois: ir à Seleção Nacional e jogar na Premier League, objetivo que posso atingir já no final desta temporada com o Stoke. Estamos perto do ‘play-off’ da subida à Premier League. Não é nada impossível...