Rumou à Turquia «em missão» e quer evitar outro reencontro com Mourinho
A Turquia ressurgiu no horizonte de José Morais num momento em que o treinador de 59 anos pensava num regresso a Portugal, onde não trabalha desde a época 2004/05 quando treinou o Santa Clara.
O chamamento, porém, foi irresistível para o técnico que já trabalhou em 14 países e tinha saído em novembro dos iranianos do Sepahan. Para Morais, não era possível dizer que não. E nada tinha a ver com o nome ou o projeto do clube.
Afinal, o Bodrumspor está a disputar a primeira divisão turca pela primeira vez e ocupava o antepenúltimo lugar, a sete pontos da primeira equipa acima da linha de água quando o português assumiu o comando técnico. As razões foram... afetivas.
«O clube não tem uma situação fácil e normalmente não viria para algo deste tipo. Mas tenho uma grande amizade pelo presidente [Fikret Ozturk], com quem já tinha trabalhado no Antalyaspor. Era difícil para mim dizer que não, num momento em que ele precisava», explica, em conversa com A BOLA.
E assim, quase dez anos depois de ter trabalhado na Turquia, de forma muito inesperada, José Morais voltou para tentar salvar da descida o Bodrumspor.
«Na altura, eu estava mais a pensar numa oportunidade em Portugal do que vir para uma situação assim. Mas tinha consciência que uma pessoa amiga precisava de ajuda. Encarei isto como uma missão», reforça.
Arranque de sucesso
Apesar de reconhecer que o objetivo da permanência continua longe de ser alcançado, a equipa de José Morais vive neste momento uma situação muito menos aflitiva do que há um mês, quando se estreou no banco.
É que com o luso ao leme, o Bodrumspor somou duas vitórias e dois empates em quatro jogos no campeonato, além de ter garantido o apuramento para os quartos de final da Taça da Turquia pela primeira vez.
«Agora a situação está um bocadinho melhor e acredito que temos de continuar na mesma linha e a fazer a equipa progredir. Tudo é possível. Faltam 10 jogos, ainda são muitos pontos. Acredito que com esforço e alguns sacrifícios será possível», defende.
Os oito pontos somados não tiraram a equipa da zona de descida, mas agora o Bodrumspor tem 24 pontos, os mesmos que o Sivasspor, primeira equipa acima da linha de água. E há sinais que dão confiança à equipa técnica que conta ainda com os antigos internacionais portugueses Dimas e Hugo Almeida, além do antigo guarda-redes Paulo Santos.
Bons sinais como os zero golos sofridos desde que os portugueses chegaram.
«Acima de tudo, queria dar essa consistência. Nos campeonatos europeus, não é fácil estar cinco jogos sem sofrer golos. E para uma equipa que está nesta situação, era fundamental ter equilíbrio defensivo. Mas também precisamos de atacar com qualidade é desse equilíbrio que estamos à procura. A equipa tem criado muitas oportunidades de golo, mas o índice de eficácia ainda é baixo», assume, sobre o facto de as três vitórias terem sido por 1-0«O campeonato da Turquia não é fácil porque é muito competitivo, sobretudo na luta pela permanência. Mas o grupo tem respondido bem aos métodos de trabalho», sublinha o técnico.
«Mourinho na Taça? Prefiro que não»
O regresso de Morais à Turquia vai também proporcionar o reencontro com alguém que lhe marcou definitivamente a carreira: José Mourinho, de quem foi adjunto entre 2009 e 2015, e ao lado de quem conquistou, entre outros títulos, a Champions League, pelo Inter Milão.
Para o final do mês está marcada a receção ao Fenerbahçe, mas o treinador do Bordumspor garante que esse jogo ainda não lhe rouba horas de sono, uma vez que está marcado apenas para depois da pausa para as seleções e há duas jornadas antes dele.
«Ainda está tão longe que nem penso nisso. Até esse jogo, muita coisa pode acontecer. É um adversário que joga pelo título, tem objetivos distintos dos nossos. Enquanto treinador, tenho de olhar e ser realista, assumindo que é um jogo que não será fácil», resume.
Mas se não é possível fugir desse jogo, há um que se Morais puder... evita.
«Pela primeira vez na história, o Bodrumspor está nos quartos de final da Taça da Turquia. O sorteio não será muito fácil. Sabemos que evitamos o Besiktas, mas podemos defrontar o Konyaspr, o Trabzonspor ou Fenerbahçe. E será sempre fora», explica, deixando um desejo.
«Novo encontro com Mourinho? Não queria muito. Prefiro tê-lo só no último jogo porque tem outros argumentos que nós não temos», finaliza, sorridente.