Rui Borges: mais três dores de cabeça e o miúdo de quem gostou «mesmo muito»
Se desse para a apagar a 2.ª parte de Alvalade, a imagem que ficava do Sporting seria a que gostava que ficasse?
Em Alvalade fizemos uma grande 1.ª parte, na 2.ª eles foram mais eficazes e deixaram a eliminatória mais difícil para nós. Neste jogo, com todas as circunstâncias, acho que não podia ter pedido mais atitude. Falhámos aqui ou ali, alguns passes, mas isso faz parte da falta de maturidade que temos em termos coletivos, por termos uma equipa tão jovem. Mas não posso apontar nada, dignificaram de forma fantástica o Sporting e Portugal.
Que avaliação faz da exibição de Rui Silva.
O Rui fez o papel dele, com duas ou três defesas muito boas. Defendeu o penálti, num lance que não me pareceu penálti. É um jogador maduro, que passa tranquilidade à equipa, o que é importante nos momentos decisivos. Fez um jogo ao nível do que tem feito.
A dada altura deste jogo começou a gerir já a pensar no próximo?
A gestão começou antes do jogo. Foi por isso que o Viktor [Gyokeres] e o Trincão ficaram em Lisboa. Aqui, mesmo uma ou outra situação que quiséssemos gerir, não conseguimos gerir muito bem. O Simões e o Hjulmand saíram tocados, o Inácio também saiu com algumas precauções... O Quenda queríamos gerir um pouco mais cedo e não conseguimos por causa de todas as indefinições. A gestão esteve sempre presente, mas jamais ao ponto de entregar a eliminatória. Queríamos competir e ganhar o jogo, frente a uma grande equipa, num grande ambiente. Tenho de enaltecer também a estreia do Lucas [Anjos], o Alexandre Brito que voltou a ter minutos e o Afonso Moreira, que entrou muito bem. Mesmo muito bem, gostei muito.
A que se deveu o desacerto na pressão?
Não temos treino para ganhar hábitos. Eles estão habituados a jogar com uma linha de cinco e nem assim fomos assertivos. Os erros estão lá na mesma. Sem treinos, é impossível ganhar rotinas. Faltou-nos ser mais agressivos: estávamos lá, só faltou abaná-los. Está a faltar-nos essa intensidade, que vem também da fadiga física e mental da equipa. O adversário não mudou nem um jogador, mostrou um enorme respeito pelo Sporting.
Os adeptos, cada vez mais, exigem saber quem é o responsável pelas lesões no plantel?
Os adeptos exigem atitude e têm a mesma ambição que todos temos dentro do Sporting: sermos campeões. Vocês [jornalistas] é que gostam disso, não são os adeptos. Na atitude, não há nada a apontar. Hoje são duas lesões traumáticas que não controlamos.
Um Sporting com menos lesões e menos gestão podia ter ido mais longe na Champions?
É subjetivo. Claro que íamos ser muito mais fortes para dividir a eliminatória. Mas não temos, não vale a pena estar a lamentar. Tenho de encontrar soluções.
O João Simões poderá recuperar para o próximo jogo?
Muito sinceramente, não sei. Vamos ter de analisar isso nos próximos dois dias. Espero que seja opção para jogo porque é o único médio do plantel principal que tínhamos para o jogo com o Aves. O Hjulmand, por muito que não possa jogar, vamos esperar que não seja nada de grave.
Com as semanas mais limpas, o Sporting tem mais condições para ser campeão?
Só depois do jogo com o Estoril é que vamos ter semanas limpas para treinar. Ainda temos mais uns jogos para ser competentes, mas vamos ser felizes.
Por que razão a linha de cinco serviu na Champions e não serve mais vezes no campeonato?
Serviu porque ao olharmos para o adversário e em termos estratégicos achámos que fazia sentido. O Dortmund perdeu os dois últimos jogos no campeonato a jogar contra equipas com linhas de cinco. Também pelos jogadores que tínhamos disponíveis para ir a jogo, fizemos essa opção. Apesar de não termos tempo de treino, a equipa está identificada com isso porque foi a sua realidade durante cinco anos. Nós temos defendido mais vezes a quatro, mas passamos muito tempo a construir a três. O futebol é a forma como olhamos para ele.