João Félix, avançado que no último mercado de inverno foi emprestado pelo Chelsea ao Milan, pode afirmar-se em Itália e colocar o seu nome na elite do futebol mundial, com o devido reconhecimento. A convicção é de Renato Paiva, que foi treinador do internacional português na formação do Benfica. Numa entrevista ao Calciomercato, o técnico começou por falar das dificuldades de afirmação do jogador de 25 anos, admitindo que possa ter acusado a pressão dos 126 milhões que o levaram da Luz para o Atlético Madrid: «Sou da opinião de que se alguém pagou por ele é porque era o preço certo. No mercado é assim que funciona. Depois, não foi definitivamente fácil para ele lidar com a pressão. Acho que sofreu um pouco com as expectativas em relação a ele.» Agora é em Milão que procura relançar a carreira. «Vou ser sincero, não esperava. Não é um campeonato fácil e ele não estava a atravessar um bom momento. Todavia, esse lado mágico que ele tem, diferente de muitos outros avançados, pode ajudá-lo a emergir como um dos melhores jogadores deste campeonato, que é muito tático, defensivamente muito bem equipado. Se conseguir travar essas caraterísticas dos adversários, vai emergir ainda mais a nível mundial», perspetivou. O facto de Sérgio Conceição ser o treinador dos rossoneri é visto como uma vantagem, segundo Renato Paiva. «Sei o que o Sérgio faz nos treinos, sei o que pede, acredito que neste momento da sua carreira pode realmente ser o melhor treinador possível para o João trabalhar as caraterísticas em que está a ter menos rendimento. Mas ele tem de aceitar e mostrar-se disponível. São ambos portugueses, pode ser o melhor ambiente para ele», defendeu. «O João pode facilmente jogar na esquerda, mas também na direita. Não é muito rápido, mas é muito técnico, pelo que, para mim, a sua melhor posição é a de segundo avançado, atrás do primeiro avançado, porque a sua melhor capacidade é jogar entre linhas. Foi nessa posição que fez a sua melhor época comigo no Benfica», assinalou a propósito das qualidades do atacante, a quem, no passado, antecipava uma Bola de Ouro. Agora, mantém essa expectativa. «Claro que sim. Continuo a achar que ele pode ganhar a Bola de Ouro. Digo isto porque continuo a pensar que, com as capacidades que tem, se encontrar a continuidade, que lhe tem faltado até agora, terá essa possibilidade. Não sei se até agora não aconteceu por culpa dele ou por culpa dos treinadores, mas sei que ainda pode mudar. Espero que o Milan seja a escolha certa para ele», sublinhou. O treinador fez também uma comparação entre João Félix e Rafael Leão: «Conheço o Rafael Leão desde criança, por defrontá-lo muitas vezes, ele no Sporting e nós no Benfica, e, sinceramente, não era tão forte como o João Félix na altura. Era obviamente um jogador talentoso, mas tinha muito mais problemas, os treinadores chamavam-no mais vezes e tinha menos impacto do que o João.»
