Política domina na seleção francesa: Mbappé e Thuram já se posicionaram

Política domina na seleção francesa: Mbappé e Thuram já se posicionaram

INTERNACIONAL17.06.202410:28

Jogadores manifestaram-se contra a subida da extrema-direita e apelaram aos jovens para irem votar nas eleições antecipadas

A situação política em França não está a passar a ao lado dos jogadores da seleção e nas conferências de imprensa dos jogadores o tema tem ganhado importância.

Vale recordar que depois das eleições europeias de 9 de junho, em que a extrema-direita voltou a subir, o presidente Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional e convocou eleições legislativas antecipadas, que terão lugar a 30 de junho e 7 de julho.

«Creio que estamos num momento crucial da história do nosso país. Temos de saber equilibrar as coisas e ter sentido de prioridades. O Euro é importante para as nossas carreiras, mas acima de tudo somos cidadãos e creio que devemos estar ligados ao mundo que nos rodeia, muito mais quando se trata do nosso país», disse Mbappé, depois de Dembélé ter apelado aos franceses para irem votar e Marcus Thuram ter sido bastante claro.

«Sabemos que estamos num momento muito importante na história do país, por isso quero dirigir-me a todos os franceses e sobretudo aos jovens: somos uma geração que pode fazer a diferença, vemos que os extremos estão às portas do poder e temos a oportunidade de escolher o futuro. É por isso que apelo a todos os jovens que vão votar e tomem consciência da importância da situação. Espero que a minha voz tenha peso, temos de nos identificar com os nossos valores de diversidade, tolerância, respeito. Isso é inegável. Sei que há bastantes jovens que dizem que ‘um voto não muda nada’, mas cada voto conta. Espero que tomemos a decisão certa e que continuemos orgulhosos de usar esta camisola», declarou.

«Não tenho qualquer desejo de representar um país que não corresponde aos nossos valores», disse ainda Kylian Mbappé, apesar de a federação ter emitido um comunicado na véspera reiterando a sua neutralidade e da equipa francesa, depois de Marcus Thuram ter reagido ao facto de o União Nacional (Rassemblement National RN) ter vencido as eleições europeias no passado domingo. Thuram apelou aos franceses para que «lutassem para que o RN não ganhasse». «Partilho os mesmos valores que o Marcus, estou com ele», defendeu Mbappé. «No que me diz respeito, ele não foi longe demais, deu a sua opinião e eu apoio-o.»

O RN recolhe 30 por cento das intenções de votos nas sondagens.

A situação política «é muito grave», lamentou na véspera Marcus Thuram. «Soube dos resultados das eleições europeias depois do jogo contra o Canadá e ficámos todos um pouco chocados no balneário. É a triste realidade da nossa sociedade atual. Penso que todos os dias são transmitidas mensagens na televisão para ajudar este partido a passar. Como disse o Ousmane (Dembélé), penso que temos de ir votar, dizer a toda a gente para ir votar e, acima de tudo, como cidadãos, temos de lutar todos os dias para garantir que isto não volta a acontecer e que o RN não passa, disse claramente.