Pereira da Costa: «Este projeto é uma missão de resgaste»
Pereira da Costa em entrevista a A BOLA (foto: GRAFISLAB)

ENTREVISTA A BOLA Pereira da Costa: «Este projeto é uma missão de resgaste»

NACIONAL24.04.202408:00

Conceituado gestor da área financeira, com passagens pela NOS, foi o eleito para o cargo de Chief Financial Officer (CFO) e é o homem de confiança de Villas-Boas para levar os dragões a bom porto. Numa entrevista exclusiva a A BOLA, falou de todos os temas que marcaram a campanha e também do futuro do FC Porto

-- Encontrava-se numa posição cómoda na NOS, onde tinha um cargo superior, o que o levou a aceitar o convite de André Villas-Boas, mesmo sabendo do enorme desafio pela frente?

— É um desafio enorme que o André me apresentou numa componente profissional grande. Vai ser um trabalho duro e um desafio emocional forte para mim, uma vez que sou portista desde pequeno. É certo que estava numa posição cómoda na NOS, como disse, mas estava a desempenhar a mesma função já há algum tempo. Foram 10 anos de NOS e se acrescentarmos o tempo na ZONE, portanto dez mais seis dá dezasseis anos. Portanto, estava a precisar de um novo desafio em termos de motivação e este surgiu na melhor altura para ajudar o clube, participar num projeto interesse, a que chamo a missão de resgate. E é com esse espírito de missão que para cá venho.

— Assim que o seu nome foi oficializado, recebeu muitas críticas por parte de Pinto da Costa, que o acusou de ter estado ao serviço da Olivedesportos e de ter sido colocado na NOS para que os direitos televisivos do FC Porto se mantivessem nessa empresa?

— Gostava de dizer, em primeiro lugar, que lamento bastante o facto de o presidente do FC Porto, o presidente de todos os portistas, ter optado por uma campanha baseada em mentiras e em ataques pessoais, como esse que me fez. E começando a desmontar aqui um bocadinho a mentira. Em primeiro lugar, nunca fui funcionário da Olivedesportos. Comecei a minha carreira numa consultoria, passei pela banca de investimento, no Santander Negócios, trabalhei, depois, como CFO da área fixa e da área pública na antiga Portugal Telecom, estive como CFO das ZONE, estive como CFO da NOS, não tenho nenhuma passagem na Olivedesportos, nunca fui funcionário. Relativamente a esse tema dos direitos televisivos, é também uma questão que não faz sentido nenhum, o que já esclareci várias vezes. Os direitos televisivos do FC Porto estão, neste momento, contratualizados com a ALTICE até 2028, até em grande medida já estão antecipados e recebidos, supostamente faltará o último ano, vamos ver se assim será... E a partir de 2028, o processo de venda de direitos estará centralizado através da Liga. Portanto, não haverá direitos do FC Porto para vender. Portanto, essa associação a interesses obscuros à volta de direitos televisivos parece-nos que é uma afirmação totalmente desprovida de sentido.

— O seu currículo de portista também foi colocado em causa. Está ou não habilitado a votar no ato eleitoral de sábado?

— Essa questão do voto tem essencialmente a ver com a situação dos sócios correspondentes. Também aqui, mais uma vez, lamento que neste ato eleitoral, que é o mais importante de sempre do FC Porto, que os sócios-correspondentes não possam exercer o direito de voto, tal como o fizeram nas eleições anteriores. Desta vez, o presidente da Mesa da Assembleia Geral considerou que os sócios correspondentes não poderiam votar, o que aliás está de acordo com os estatutos, muito embora não foi essa a prática do passado ato eleitoral. Eu, entretanto, tive a oportunidade de passar a sócio efetivo, mas, mais uma vez, o presidente da Mesa da Assembleia Geral considerou que era necessário um ano de sócio efetivo para estar habilitado a votar e eu, infelizmente, não tenho esse ano. Portanto, não poderei votar. Dito isto, também gostava de deixar aqui também o meu lamento pelo facto de o presidente do FC Porto, mais uma vez o presidente de todos os portistas, ter optado, aproveitando a minha situação, a situação de outros candidatos na lista do André Villas-Boas, para questionar o meu portismo, estabelecer um ranking de portismo em função de se é sócio ou não é sócio, quando sabemos que há muitos adeptos que são super-portistas e que não são sócios, que não têm capacidade ou por outras razões, para estabelecer rankings de portismo em função de categorias de sócios e da atividade de sócios, o que, no meu entender, também, mais uma vez, não faz qualquer sentido. Portistas somos todos e temos a que agregar e ouvir o nosso presidente a destratar os sócios correspondentes desta forma. Encaixo perfeitamente esse rebaixamento, mas tenho muita pena que os cerca de 10 mil sócios-correspondentes no FC Porto tenham sido rebaixados dessa forma e tratados como sócios de segunda ou terceira categoria. Só também para concluir, reforço o que disse na apresentação oficial na candidatura do André, sou sócio do FC Porto desde 1971, tenho a roseta de ouro, já fiz 50 anos de sócio, sou acionista do FC Porto SAD, o meu portismo vem da minha família, o meu pai é o sócio 128, disse na minha apresentação que era o 178, enganei-me, corrijo agora, é o sócio 128, tem a roseta de diamante, tem 75 anos de sócio, foi campeão nacional de andebol seis vezes. O meu avô, que foi campeão de andebol, foi secionista do FC Porto e, portanto, como é o meu avô, não admito que ninguém, nem o nosso presidente, questione o meu portismo.

— Que comentário lhe merece o facto de tanto Pinto da Costa como João Rafael Koehler tenham divulgado informação confidencial sua em relação ao clube na praça pública?

— Houve uma violação clara de dados privados de sócios, que aconteceu comigo e com outras pessoas ligadas à candidatura do André Villas-Boas. O presidente, sendo o presidente de todos os portistas, não devia ter, em primeiro lugar, acesso a essa informação e não deveria a mesma por forma a, mais uma vez, destratar ou procurar rebaixar o portismo de pessoas que não estão afetas à sua candidatura.