Nos clássicos de Natal só há prenda para um
Sporting-FC Porto em fevereiro de 2023. Foto: RUI RAIMUNDO/ASF

Nos clássicos de Natal só há prenda para um

NACIONAL16.12.202307:30

SC Braga-Benfica (amanhã) e Sporting-FC Porto (segunda-feira) nas festas natalícias. Má notícia: só um pode ser líder na ceia da noite de Consoada. Boa notícia: há quatro candidatos para ocuparem o cadeirão de líder

Já cheira a farinha e a canela. A rabanadas e a filhoses. A bolo rei acabado de fazer. A caramelo e chocolate. Mais do que as luzes, ou os sons, mais do que as imagens em todas as montras, são os cheiros que nos devolvem à inocência da infância, viagem que o Natal sempre nos proporciona…

Já cheira a relva e cheira a golo… Cheira a emoção. Incerteza e adrenalina. E cheira a urgência de abraços festivos. Cheiros que nos devolvem para a essência do jogo que nos prendeu um dia.

Amanhã, no Minho, um SC Braga-Benfica; segunda-feira, em Alvalade, o Sporting-FC Porto. Os quatro primeiros classificados, dois já clássicos de Natal. Em vez da enésima repetição de Sozinho em Casa, a renovada projeção, porque sempre diferente, do Todos ao Estádio.

A má notícia é que, no final, apenas um poderá sentar-se, refastelado, no cadeirão de líder. A boa notícia é que há quatro pais-Natal que o podem conseguir: Rúben Amorim, Sérgio Conceição, Roger Schmidt e Artur Jorge. Separados apenas por dois pontos.

Quem vencer o Sporting-FC Porto sabe que pode desembrulhar o presente mais esperado da noite de Consoada. Se empatarem, o presente pode ficar na Pedreira ou na Luz, isto se houver vencedor no SC Braga-Benfica. Os arsenalistas ficariam com os mesmos pontos de Sporting e FC Porto, mas melhor na diferença de golos; as águias ficariam isoladas no comando.

Pesadelos com Conceição

Neste duelos de pais-Natal, Rúben Amorim já não deve conseguir ver Sérgio Conceição à frente. É que o treinador do FC Porto venceu o do Sporting nos últimos cinco jogos. Dois para o campeonato, uma final da Taça da Liga (todos em 2022/23) e dois das meias-finais da Taça de Portugal (2021/22). Como treinadores dos clubes que representam, defrontaram-se 11 vezes para todas as competições. Sérgio Conceição venceu seis, Rúben apenas uma (meia-final da Taça da Liga de 2020/21), por quatro vezes empataram. Rúben Amorim consegue apenas diminuir o fosso juntando os dois jogos em que, como treinador do SC Braga, venceu o FC Porto de Conceição. Ainda assim, metade das vitória do rival da próxima segunda-feira. Não anima também o leão saber que é preciso recuar sete anos para a última vitória leonina em Alvalade, por 2-1. Depois disso, para a Liga, quatro empates e duas vitórias dos dragões. Se juntarmos a meia final da Taça de Portugal de 2021/22, o Sporting não conseguiu vencer o FC Porto em casa nos últimos sete duelos.

Conceição: medo do Belchior

Longe vão os tempos que o Natal era destino traçado para o leão. A última fronteira onde desabavam todos os sonhos de início de época. Essa maldição esfumou-se no trabalho e competência leonina. Já para Sérgio Conceição, o pesadelo são os reis magos. Em especial o Belchior, que chega em janeiro para entregar ouro mas teima em levar consigo algum dos melhores jogadores… O incenso de Gaspar deve ser para ver se o Sérgio nem percebe, e a mirra do Baltazar… mirra.

São Nicolau para esquecer

Braga recebe amanhã o primeiro ato destes clássicos natalícios. Schmidt a lembrar os encantos das Weihnachtsmarkt, as tradicionais feiras de Natal que aquecem o frio das praças de todas as cidades germânicas em antecipação festiva. Na mala levará ramos de pinheiros e fitas vermelhas, as famosas coroas de advento, que suportam quatro velas. Uma tradição antiga: na escuridão do inverno, as velas simbolizavam a esperança no regresso da luz e do calor. Mesmo a calhar…

Schmidt que este ano teve uma festa de São Nicolau, com muita tradição na Alemanha, para esquecer. A cada 6 de dezembro crianças bem comportadas recebem doces, luvas, nozes, tangerinas ou cachecóis de São Nicolau; as mal-comportadas recebem carvão em sapatinhos. Não foi carvão, foi a mais monumental assobiadela que um treinador do Benfica ouviu dos próprios adeptos. Mas Schmidt sabe que na Áustria deu meio passo no percurso sempre rápido entre ser besta ou bestial.

Já Artur Jorge julga merecer mais do que os outros ser ele a desembrulhar o presente da liderança. Fazer mais com menos deveria dar recompensa. Conta com a atmosfera única da Cidade dos Arcebispos, de tradições que tornam cada Natal numa festa especial. Em Braga, a única tradição que não é do agrado dos arsenalistas é a dos jogos em casa com o Benfica para o campeonato. No total, 67. Por 37 vezes a vitória sorriu ao Benfica, apenas 14 ao SC Braga, com 16 empates pelo meio. Artur Jorge terá de usar a estatística da única forma que lhe dá jeito: há quase um ano, a 30 de dezembro, o seu SC Braga venceu o Benfica de Schmidt por 3-0.

Foram três as vezes em que Artur Jorge e Roger Schmidt se defrontaram. No campeonato, uma vitória para cada um (3-0 para o SC Braga no Minho; 1-0 para o Benfica na Luz). O terceiro foi para os quartos de final da Taça de Portugal da época passada. Festejou Artur Jorge, em Braga, nas grandes penalidades. Uma vitória no jogo dará a Artur Jorge ou Schmidt o direito a sonhar com a antecipação da prenda mais desejada. Para a receberem terão de esperar por um empate em Alvalade.

Rúben Amorim, Sérgio Conceição, Roger Schmidt ou Artur Jorge? Quem vai ter um Natal mais feliz?