- Que treinador ainda gostava que o treinasse?- Tenho alguns treinadores de que gosto muito. Por exemplo, o Mikel Arteta, que já foi meu treinador, quando foi adjunto do Pep [Guardiola]. É um treinador que adoro. E vemos a evolução que o Arsenal teve com ele, só um bom treinador é que é capaz de fazer isso. Afinal de contas, não é só a qualidade dos jogadores, o treinador é muito importante no processo e na evolução de uma equipa. Depois, há outros de que também gosto bastante. Muito diferentes, mas gosto muito das culturas espanhola e alemã. Espanhola num registo um pouco mais de posse e alemã com um pouco mais de transições. Apesar de ser um rival, [Jürgen] Klopp é um treinador que admiro muito. Muito de transição, não sei se benéfico ao meu jogo… - Mas também tem evoluído um pouco mais para a posse nos últimos anos…Sim, é uma equipa muito dominadora… O próprio Tuchel. E depois, assim de espanhóis, falei do Arteta, mas tenho também muita curiosidade por exemplo de um Xabi Alonso, que começou agora a carreira e está a fazer um grande trabalho no Leverkusen, ou mesmo de um Luis Enrique, que fez um grande trabalho no Barcelona e que agora vai ter um trabalho difícil no PSG para crescer com aquela equipa. Gosto muito das culturas espanhola e alemã. Diferentes, mas gosto muito das duas formas de ver o futebol. - Português não?Também. Sou português e tudo o que… Tudo não, porque nos últimos anos tive um treinador espanhol, mas tudo o que aprendi até aos 23 anos, e que foi formação do Benfica, Seleção Nacional sub-21 com Rui Jorge e depois A com o Fernando Santos, Mónaco com Leonardo Jardim, foi com treinadores portugueses. Tenho muito da cultura portuguesa dentro de mim. Agora, gosto muito da forma como os espanhóis veem o futebol e acho que são um bocadinho mais de posse, mais de pressão alta do que nós. Nós somos um bocadinho mais manhosos, um bocadinho mais próximos dos italianos. Aliás, acho que nós somos um misto. Estamos a meio-caminho, não somos tanto como os italianos, mas também não somos como os espanhóis. Mas gosto muito da nossa cultura futebolística e muito do que aprendi no futebol foi em Portugal, por isso não me posso queixar. - Mas será essa a linha que terá enquanto treinador?- Acho que não. A minha linha como treinador não vai ser muito parecida com a portuguesa, para lhe ser sincero. - Vai ser mais parecida com a de Pep Guardiola…- Gosto de acreditar que sim. - E exclui a entrada num gabinete para ser dirigente?- Não sei, é muito cedo para falar nisso. Não faço a mínima ideia. - Treinador é que já está decidido.- Não, não está. É que nem sei. Gosto muito de futebol e, se tiver saudades, provavelmente sim. - Ainda faltam uns anos no relvado…- Faltam muitos anos. Tenho a certeza de que nos primeiros anos após o futebol vou querer descansar com os meus filhos, porque espero ter mais. Já tenho uma, mas na altura já espero ter mais. Aproveitar com os meus filhos, a minha mulher, com a minha família, os meus amigos, porque já estou há nove, dez anos a jogar fora de Portugal. Já estou no décimo ano, tenho muitas saudades de estar com eles. Por isso, vou dedicar os meus primeiros anos à minha família e aos meus amigos, mas de certeza que também vou ter saudades do futebol e, para matá-las, vou querer estar dentro do campo e a única forma de estar dentro do campo é ser treinador. Diria que sim. - Já tem alguma data estipulada para isso?- Não. Enquanto o corpo der e me sentir útil, porque quero sentir-me útil, vou continuar. E, depois, há aqui várias fases. Há a fase de sair do estrangeiro e ir para Portugal, que é algo que quero. Depois há a fase em que eventualmente vou ter de me retirar da Seleção. Em todas estas fases vou vendo e percebendo até que momento sou útil. Por exemplo, na Seleção estarei enquanto me sentir útil, quando não me sentir assim vou sair também.