Bruno Aves é diretor desportivo do AEK de Atenas mas, está bem atento ao futebol português, até porque está na corrida às eleições da FPF. O antigo central elogia as qualidades do novo técnico do FC Porto e conta que na Grécia há outro argentino capaz de treinar no Dragão
— Aí na Grécia, consegues acompanhar o futebol português?
— Sim, consigo. Não acompanho na sua totalidade, mas tento estar atento ao que se passa. Temos que continuar a apoiar, a dar condições a todos os jogadores, mas também aos treinadores. Quando tens grandes talentos e esses talentos chegam aos maiores clubes, tens de ter alguém para ensiná-los. Tens grandes treinadores na formação e temos de lhes dar mais condições, para lhe darmos mais conhecimento e mais suporte. Nós quando vivemos fora de Portugal conseguimos ver como somos fortes no futebol.
— É inevitável, por tudo aquilo que deste ao Futebol Clube do Porto, onde foste campeão quatro vezes campeão, perguntar-te, como vês à distância a chegada de Martín Anselmi?
— Olha, é muito curioso, porque nós aqui na nossa equipa do AEK de Atenas, temos um treinador argentino, o Matías Almeyda, que foi um grande jogador de futebol. Jogou no Parma, no Inter e na Lazio, juntamente com o Sérgio Conceição. Jogaram nos três clubes juntos. Eu às vezes dizia ao Matias Almeyda que ele é a imagem do FC Porto. Eu vejo nele a toda a hora FC Porto. Então, quando foi um treinador argentino para o FC Porto vi essa paixão, essa atitude, essa coragem e acredito que vai ser uma boa escolha. Tive a capacidade de ver o discurso dele. É um discurso bom, jovem, tem boas palavras. Consegue comunicar e, como falávamos há pouco, é importante o poder da comunicação. A comunicação alavanca tudo o que está à volta, e um clube com boa comunicação vai conseguir agregar as pessoas, vai conseguir mudar os momentos. É um treinador que vai fazer bem ao FC Porto.
— 15 anos seguidos fora de Portugal, tornou-te mais patriota?
— Tornou-me mais patriota, mas eu sempre lutei muito pela causa. Eu quando jogava pela Seleção era como se fosse representar o meu país. Era como se fosse uma missão. Acho que se via sempre que eu entrava em campo. Eu tive momentos incríveis na Seleção. A vitória de 2016 foi muito importante, mas também tive dois momentos muito importantes na minha carreira na Seleção: um foi o golo que fiz à Bósnia no Estádio da Luz, que nos deu a qualificação [Mundial 2010] e outro o golo à Albânia, no último minuto, também na qualificação para o Mundial. São dois momentos muito importantes e que me ligaram muito à Federação. Sinto-me honrado, porque eu nunca na minha vida podia ter pensado em jogar na Seleção. Nunca tinha pensado fazer 96 jogos e ser um dos jogadores mais internacionais, nem ser o defesa mais goleador. Para mim é um motivo de honra, de satisfação e de felicidade. A minha maior felicidade é ajudar a Federação em outras funções.
Bruno Alves é atualmente diretor desportivo do AEK de Atenas. Aos 43 anos o antigo internacional português está envolvido na candidatura à Federação Portuguesa de Futebol, na qualidade de candidato a vice-presidente, na lista de Nuno Lobo. Determinado e confiante, Bruno Alves explica nesta entrevista a A BOLA as razões que o levam a acreditar que dia 14 de fevereiro vai vencer as eleições da FPF.
Bruno Alves foi Campeão da Europa em 2016 e quer voltar ao futebol português como vice-presidente, com a clara ambição de vencer as eleições da FPF, no dia 14 de fevereiro