Sporting-Bolonha (1-1) Leões que já foram melhores sofreram mas sobreviveram (crónica)
Na era Amorim Sporting fez 10 pontos em quatro jogos; depois, fez apenas um, noutras tantas partidas. Foi o suficiente para seguir em frente, e o futuro a Deus pertence...
Aquilo que parecia certo depois do ‘atropelamento’ ao Manchester City em Alvalade, afinal não o era. Foi precisa uma boa dose de unhas roídas para, finalmente, mal o árbitro francês Benoit Basten apitou para o fim do jogo com o Bolonha, o Sporting poder ‘soltar os fogos’ (na expressão da mãe de Cristiano Ronaldo), e celebrar um apuramento para o ‘playoff’ da Champions que chegou a estar mal parado. Mas os leões, que se debatem com evidentes problemas de identidade, agravados pela ausência de Gyokeres e Morita, pelo menos ultrapassaram com sucesso esta fase de grupos inédita da Liga dos Campeões, seguem vivos na Taça de Portugal e lideram a Liga com seis pontos de vantagem. Para Rui Borges, que tem introduzido alterações na equipa que vão muito para além da cosmética, este ‘airbag’ face a desastres pontuais, parece confortável. Mais confortável, aliás, do que o Sporting se sentiu na noite de temporal em que recebeu o Bolonha. Durante muito tempo pairou sobre Alvalade o fantasma de uma eliminação que, depois da goleada ao poderoso City ,parecia impensável, mas a melhor jogada dos leões, ao minuto, 77, quando Diomande – grande exibição - recuperou a bola, que veio a chegar a João Simões, um talento em evolução, que assistiu Harder para o golo, às três tabelas, do empate, recolocou o Sporting no trilho do apuramento, do qual não sairia.
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O Bolonha, que já tinha deixado uma ótima imagem na Luz, onde empatou a zero com o Benfica, demandou Alvalade com a leveza de quem não tinha nada a ganhar ou perder e encarava o jogo como um teste ao prestígio. Vicenzo Italiano, técnico adepto de um futebol moderno e consistente, que não alinha no campeonato dos copiadores de Guardiola, mas consegue que as suas equipas tenham bola a meio campo e façam pressão alta sobre os adversários, partiu de uma base 4x2x3x1 semelhante à de Rui Borges, e foi capaz de manter o Sporting em sentido a partir do momento, aos três minutos, em que Beukama, após um canto, cabeceou ao travessão da baliza de Israel.
O meio-campo do Bolonha, com Fabbian e Pobega, mostrava-se melhor do que o do Sporting, mais agressivo e assertivo, superiorizando-se a Hjulmand (incompreensível, o amarelo por protestos, aos 87 minutos, que o tira da primeira mão do paly off) e Debast, um ato falhado na posição em que atuou, no ‘duplo pivot’. O internacional belga foi sempre peixe fora de água a defender e a lançar jogo, e o Bolonha não se fez rogado e tomou conta das operações. Andava o Sporting mergulhado em dúvidas - o meio-campo carburava mal, os apoiadores de Harder, Trincão, Bragança e Catamo, era presas fáceis e o dinamarquês vivia na solidão - quando o Bolonha, de bola parada, depois da ameaça ao terceiro minuto, chegou a vias de facto aos 21, com um golo de Pobega após novo pontapé de canto. Alvalade tremeu, os fantasmas do passado regressaram por momentos ao anfiteatro sportinguista, e continuou a ser o Bolonha a ter o sinal mais, graças a uma pressão alta que era feita com seis jogares que impediam a saída de bola leonina, acompanhados por um quarteto defensivo que subia no terreno e encolhia espaços entre setores. O acerto de Diomande e a combatividade de Harder eram insuficientes para travar a organização bolonhesa, e o intervalo chegou com a nação leonina mergulhada em dúvidas e receios.
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SIMÕES E HARDER
O segundo tempo começou na mesma toada, e só uma enorme defesa de Israel a remate de Pobega (53) evitou males maiores a uns leões que se mostravam incapazes de pegar no jogo, face a uma turma italiana que não hesitava em recorrer à ‘faltinha’, que cortava jogo mas passava ao lado da admoestação (29 faltas cometidas pelos transalpinos, contra 18 do Sporting, números absolutamente invulgares nas competições europeias).
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Rui Borges, que embora forçado pela lesão de Debast (50), lançou João Simões, o que melhorou a equipa, sentiu que tinha de mexer, finalmente lançou Quenda aos 62 minutos, juntando Trincão a Harder e passando a um 4x4x2 que indiciava ambição, ficando a direita para Catamo. O Bolonha não se desuniu mas seria igualado depois de uma excelente jogada do Sporting concluída por Harder, e a partir daí as coisas alteraram-se: os italianos - que iniciaram a partida já fora da Champions - quebraram animicamente, e o Sporting tomou cautelas, fez entrar Matheus Reis para a saída de Trincão, passou a um modelo de três centrais (quiçá cinco defesas) e foi à italiana, contra italianos liderados por Italiano, que tapou os caminhos para a baliza de Franco Israel, garantindo um empate com sabor a vitória que colocou a equipa no ‘playoff’ da Champions.