Leões que já foram melhores sofreram mas sobreviveram (crónica)
Sporting recebe o Farense em Alvalade

Sporting-Bolonha (1-1) Leões que já foram melhores sofreram mas sobreviveram (crónica)

FUTEBOL29.01.202523:24

Na era Amorim Sporting fez 10 pontos em quatro jogos; depois, fez apenas um, noutras tantas partidas. Foi o suficiente para seguir em frente, e o futuro a Deus pertence...

Aquilo que parecia certo depois do ‘atropelamento’ ao Manchester City em Alvalade, afinal não o era. Foi precisa uma boa dose de unhas roídas para, finalmente, mal o árbitro francês Benoit Basten apitou para o fim do jogo com o Bolonha, o Sporting poder ‘soltar os fogos’ (na expressão da mãe de Cristiano Ronaldo), e celebrar um apuramento para o ‘playoff’ da Champions que chegou a estar mal parado. Mas os leões, que se debatem com evidentes problemas de identidade, agravados pela ausência de Gyokeres e Morita, pelo menos ultrapassaram com sucesso esta fase de grupos inédita da Liga dos Campeões, seguem vivos na Taça de Portugal e lideram a Liga com seis pontos de vantagem. Para Rui Borges, que tem introduzido alterações na equipa que vão muito para além da cosmética, este ‘airbag’ face a desastres pontuais, parece confortável. Mais confortável, aliás, do que o Sporting se sentiu na noite de temporal em que recebeu o Bolonha. Durante muito tempo pairou sobre Alvalade o fantasma de uma eliminação que, depois da goleada ao poderoso City ,parecia impensável, mas a melhor jogada dos leões, ao minuto, 77, quando Diomande – grande exibição - recuperou a bola, que veio a chegar a João Simões, um talento em evolução, que assistiu Harder para o golo, às três tabelas, do empate, recolocou o Sporting no trilho do apuramento, do qual não sairia.  

O Bolonha, que já tinha deixado uma ótima imagem na Luz, onde empatou a zero com o Benfica, demandou Alvalade com a leveza de quem não tinha nada a ganhar ou perder e encarava o jogo como um teste ao prestígio. Vicenzo Italiano, técnico adepto de um futebol moderno e consistente, que não alinha no campeonato dos copiadores de Guardiola, mas consegue que as suas equipas tenham bola a meio campo e façam pressão alta sobre os adversários, partiu de uma base 4x2x3x1 semelhante à de Rui Borges, e foi capaz de manter o Sporting em sentido a partir do momento, aos três minutos, em que Beukama, após um canto, cabeceou ao travessão da baliza de Israel

O meio-campo do Bolonha, com Fabbian e Pobega, mostrava-se melhor do que o do Sporting, mais agressivo e assertivo, superiorizando-se a Hjulmand (incompreensível, o amarelo por protestos, aos 87 minutos, que o tira da primeira mão do paly off) e Debast, um ato falhado na posição em que atuou, no ‘duplo pivot’. O internacional belga foi sempre peixe fora de água a defender e a lançar jogo, e o Bolonha não se fez rogado e tomou conta das operações. Andava o Sporting mergulhado em dúvidas - o meio-campo carburava mal, os apoiadores de Harder, Trincão, Bragança e Catamo, era presas fáceis e o dinamarquês vivia na solidão - quando o Bolonha, de bola parada, depois da ameaça ao terceiro minuto, chegou a vias de facto aos 21, com um golo de Pobega após novo pontapé de canto. Alvalade tremeu, os fantasmas do passado regressaram por momentos ao anfiteatro sportinguista, e continuou a ser o Bolonha a ter o sinal mais, graças a uma pressão alta que era feita com seis jogares que impediam a saída de bola leonina, acompanhados por um quarteto defensivo que subia no terreno e encolhia espaços entre setores. O acerto de Diomande e a combatividade de Harder eram insuficientes para travar a organização bolonhesa, e o intervalo chegou com a nação leonina mergulhada em dúvidas e receios. 

SIMÕES E HARDER

O segundo tempo começou na mesma toada, e só uma enorme defesa de Israel a remate de Pobega (53) evitou males maiores a uns leões que se mostravam incapazes de pegar no jogo, face a uma turma italiana que não hesitava em recorrer à ‘faltinha’, que cortava jogo mas passava ao lado da admoestação (29 faltas cometidas pelos transalpinos, contra 18 do Sporting, números absolutamente invulgares nas competições europeias).  

Rui Borges, que embora forçado pela lesão de Debast (50), lançou João Simões, o que melhorou a equipa, sentiu que tinha de mexer, finalmente lançou Quenda aos 62 minutos, juntando Trincão a Harder e passando a um 4x4x2 que indiciava ambição, ficando a direita para Catamo. O Bolonha não se desuniu mas seria igualado depois de uma excelente jogada do Sporting concluída por Harder, e a partir daí as coisas alteraram-se: os italianos - que iniciaram a partida já fora da Champions - quebraram animicamente, e o Sporting tomou cautelas, fez entrar Matheus Reis para a saída de Trincão, passou a um modelo de três centrais (quiçá cinco defesas) e foi à italiana, contra italianos liderados por Italiano, que tapou os caminhos para a baliza de Franco Israel, garantindo um empate com sabor a vitória que colocou a equipa no ‘playoff’ da Champions.