Antigo diretor-financeiro da SAD foi ouvido no âmbito do processo Saco Azul
Prosseguiu esta quarta-feira, no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o julgamento do processo Saco Azul, a ser julgado desde abril e que tem como arguidos a Benfica SAD, Benfica Estádio, o antigo presidente Luís Filipe Vieira e os antigos dirigentes Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira. Vieira, Domingos Soares de Oliveira e Miguel Moreira são acusados de crimes de fraude fiscal qualificada e falsificação de documentos, em coautoria com uma empresa detida por José Bernardes, também arguido; à Benfica SAD são imputados dois crimes de fraude fiscal e também à Benfica Estádio, além de falsificação de documentos. Em causa está um alegado esquema de pagamentos fictícios à empresa de informática Questãoflexível, externa ao Benfica, num valor acima de €1,8 milhões.
Presidente do Benfica está a ser ouvido na abertura do processo 'Saco Azul'; assume que «não houve report» relativo ao contrato com a QuestãoFlexível e, na altura, não ter tido conhecimento do mesmo, mas não vislumbrou qualquer motivo de desconfiança
Esta quarta-feira, na terceira sessão do julgamento, foi ouvido, pela segunda vez, Miguel Moreira, antigo diretor-financeiro da SAD das águias. Miguel Moreira negou corrupção, ou ter-se apropriado de valores pagos pelo Benfica através de prestação de serviços.
João Medeiros abordou ainda questão de «dinheiro a circular» no clube
«Obviamente que não, jamais lesaria o Benfica. Defendo a minha entidade patronal como se fosse o meu negócio, defendo-a ao máximo. É um ponto de honra, seja no Benfica ou noutra empresa», declaro o antigo dirigente, citado pela agência Lusa.
A acusação do Ministério Público imputa ao ex-presidente do clube da Luz três crimes de fraude fiscal qualificada e 19 de falsificação de documento
Em resposta ao Tribunal, Miguel Moreira negou alegado esquema de corrupção e lavagem de dinheiro através da faturação da empresa Questãoflexível. Explicou, também, os pagamentos a esta empresa antes desta colaborar oficialmente com o Benfica. «Não há uma posição unilateral nem de uma parte, nem de outra. Nós sentávamo-nos e chegávamos a acordo. Não se podia parar o comboio, era necessário trabalhar e não era necessário pôr a colaboração em contrato. Havia razoabilidade dentro das duas posições e bom senso entre as partes.»
Advogados dos encarnados alegam que isso é «confessado e admitido» pela PJ e MP; «O raciocínio lógico é que o dinheiro retornou ao Benfica», argumenta o procurador Hélder Branco no debate instrutório do processo ‘Saco Azul’
Miguel Moreira foi ainda questionado sobre o facto de os documentos em observação estarem rubricados Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira (antigo CEO dos encarnados). O ex-diretor-financeiro e administrador da SAD do Benfica esclareceu que Rui Costa (atual presidente do clube e SAD), José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso Ribeiro, na altura vice-presidentes e administradores da SAD, também o poderiam fazer, mas, explicou, «não estavam presentes com a mesma regularidade, raramente estavam». Sobre Rui Costa acrescentou que, à data, passava o tempo sobretudo no campus do clube no Seixal.
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