28 fevereiro 2025, 09:00
«Sou suspeito para falar do ex-presidente do FC Porto»
João Diogo Manteigas revela história familiar delicada com Pinto da Costa
João Diogo Manteigas confessa «obsessão» chamada «hegemonia» e não encontra nesta Direção condições para que o clube vença consecutivamente. E alerta: há que cativar receitas para começar a pagar a dívida
— Tem seguido o Benfica por todo lado e apostado nas redes sociais. O eleitorado mais jovem pode ser segredo para ganhar eleições?
— Tenho assistido nas últimas assembleias gerais a uma militância jovem maior. Ainda sou do tempo em que a média de idades nas assembleias gerais era muito elevada, além de um número curto de presenças. E essas pessoas mais velhas já me conhecem, pelo meu pai e pela envolvência que eu tinha com o Benfica. Respeito-os muito e provavelmente são as pessoas com quem mais debato. Mas notamos, com as redes sociais, uma adesão de média de idades mais baixa, o que é interessante. Há uma militância maior no Benfica.
— Vamos ao plano desportivo, o que está a ser bem feito e mal feito?
— O futebol, e só referindo o atual mandato, ganhou um Campeonato, uma Supertaça e uma Taça da Liga. Este ano [internamente], pode ganhar, obviamente, a Liga, assim espero, e ainda a Taça Portugal. Desportivamente, considero que há já um falhanço, mesmo ganhando este ano. A gestão desportiva não foi a melhor e está posicionada com a gestão económico-financeira. Mas na gestão desportiva do futebol, para mim, há um falhanço. Não sou daqueles que ficarão satisfeitos se o Benfica ganhar o campeonato. Dois em quatro, 50%. Não! Falei de uma obsessão, a hegemonia, portanto dois em quatro [campeonatos], para mim, é francamente muito mau. O Benfica é eclético e tem muitas modalidades e também que não é abonatório para a história do Benfica o pouco que ganhou nas modalidades. A gestão não é sustentável ao ponto de conseguirmos ganhar consecutivamente, transversalmente, um equilíbrio económico-financeiro. E tenho uma ideia fixa relativamente à envolvência e dependência do desporto em relação ao dinheiro.
28 fevereiro 2025, 09:00
João Diogo Manteigas revela história familiar delicada com Pinto da Costa
— Podemos falar dessa vertente.
— O sucesso desportivo é que acarreta o sucesso financeiro. É uma área diferenciada de todas as outras indústrias. A SAD é uma empresa que tem fins lucrativos, mas que não visa esse fim propriamente dito. E também não pode dar prejuízo. Os juízes, quem avalia o sucesso desta empresa, desta SAD, são sócios, adeptos e simpatizantes, semanalmente, relativamente aos resultados desportivos, e que consideram ter os conhecimentos, a capacidade para fazer essa avaliação. Os nossos trabalhadores, que são os jogadores, são cada vez mais novos, a média idade é cada vez mais baixa, têm muito dinheiro, têm uma exposição brutal, e depois têm muita pressão em cima. E o sucesso destas empresas é avaliado pelo sucesso desportivo e não pelo económico-financeiro. Quem quer liderar o Benfica tem de ter isso presente.
— Financeiramente, como avalia a situação? [À data da entrevista não eram conhecidos os resultados do primeiro semestre da SAD relativos à época 2024/25, divulgados esta quinta-feira].
— Em relação às contas, que é inevitável ligar ao sucesso desportivo, o Benfica tem vindo a decrescer consideravelmente, quer na sua gestão, quer até no enquadramento atual. Ou seja, agravou-se, do ponto de vista económico-financeiro, a situação do grupo. O Benfica, contrariamente ao que se tem dito, aumentou receitas, mas o prejuízo também aumentou. O passivo é uma coisa brutal, a dívida líquida está acima dos €200 milhões e eu relembro que a dívida líquida é a dívida bancária, mais empréstimos obrigacionistas, descontados ao saldo de caixa. Portanto, se o Benfica retirar todo o ativo e todo o dinheiro que tem, não tem €200 milhões para pagar isto. Dispararam os gastos com o pessoal e com os FSEs, os fornecedores de serviços externos, que é grande preocupação para os benfiquistas. Estamos a falar de agravamento do passivo neste último mandato. O ativo cresceu, mas o passivo disparou 27 por cento. Isto é extremamente perigoso, coloca em causa o futuro do Benfica. Temos o Benfica a sobreviver, com dois vícios que se chamam empréstimos obrigacionistas e venda de jogadores.
conhecidos os resultados do primeiro semestre da SAD relativos à época 2024/25, divulgados esta quinta-feira].
— Em relação às contas, que é inevitável ligar ao sucesso desportivo, o Benfica tem vindo a decrescer consideravelmente, quer na sua gestão, quer até no enquadramento atual. Ou seja, agravou-se, do ponto de vista económico-financeiro, a situação do grupo. O Benfica, contrariamente ao que se tem dito, aumentou receitas, mas o prejuízo também aumentou. O passivo é uma coisa brutal, a dívida líquida está acima dos €200 milhões e eu relembro que a dívida líquida é a dívida bancária, mais empréstimos obrigacionistas, descontados ao saldo de caixa. Portanto, se o Benfica retirar todo o ativo e todo o dinheiro que tem, não tem €200 milhões para pagar isto. Dispararam os gastos com o pessoal e com os FSEs, os fornecedores de serviços externos, que é grande preocupação para os benfiquistas. Estamos a falar de agravamento do passivo neste último mandato. O ativo cresceu, mas o passivo disparou 27 por cento. Isto é extremamente perigoso, coloca em causa o futuro do Benfica. Temos o Benfica a sobreviver, com dois vícios que se chamam empréstimos obrigacionistas e venda de jogadores.
conhecidos os resultados do primeiro semestre da SAD relativos à época 2024/25, divulgados esta quinta-feira].
— Em relação às contas, que é inevitável ligar ao sucesso desportivo, o Benfica tem vindo a decrescer consideravelmente, quer na sua gestão, quer até no enquadramento atual. Ou seja, agravou-se, do ponto de vista económico-financeiro, a situação do grupo. O Benfica, contrariamente ao que se tem dito, aumentou receitas, mas o prejuízo também aumentou. O passivo é uma coisa brutal, a dívida líquida está acima dos €200 milhões e eu relembro que a dívida líquida é a dívida bancária, mais empréstimos obrigacionistas, descontados ao saldo de caixa. Portanto, se o Benfica retirar todo o ativo e todo o dinheiro que tem, não tem €200 milhões para pagar isto. Dispararam os gastos com o pessoal e com os FSEs, os fornecedores de serviços externos, que é grande preocupação para os benfiquistas. Estamos a falar de agravamento do passivo neste último mandato. O ativo cresceu, mas o passivo disparou 27 por cento. Isto é extremamente perigoso, coloca em causa o futuro do Benfica. Temos o Benfica a sobreviver, com dois vícios que se chamam empréstimos obrigacionistas e venda de jogadores.
— Há motivos para recear o ‘fair-play’ financeiro da UEFA?
— Não acho. O Benfica, se conseguir continuar a participar na Liga dos Campeões e a vender jogadores, consegue resolver esse problema. O que tem em conta o ‘fair-play’ financeiro? Gastos com jogadores, treinadores, staff, comissões de empresários e valores de compras e vendas. E o Benfica, vendendo jogadores, como o fez em final de agosto passado, equilibra as contas. E há também a participação na Liga dos Campeões, que é essencial para o Benfica. Todavia, o Benfica, se não vai à Liga dos Campeões, tem um problema financeiro grave e vai ter de vender ainda mais jogadores e fazer ainda mais empréstimos obrigacionistas. Portanto, o Benfica tem dois vícios por resolver, é bola de neve, imparável neste momento Proponho que se comece, imediatamente, a fazer cativações para se abater e pagar a dívida.
28 fevereiro 2025, 08:20
O olhar do candidato João Diogo Manteigas sobre os nomes que se perfilam para as eleições de outubro
— Como deveria o Benfica olhar para UEFA Champions League e Mundial Clubes?
— O Benfica tem de olhar para todas as competições para ganhar. Podemos discutir se tem condições para fazê-lo ou não. Há dois anos, se tivesse passado o Inter, se calhar tinha feito uma gracinha na Liga dos Campeões. O Benfica entra para ganhar e pode ter a sorte, mesmo sendo um underdog, pode sempre ganhar. A mentalidade é esta.
— O Benfica viu, recentemente, o Supremo Tribunal dar-lhe razão no processo dos e-mails, que envolve o FC Porto [condenado a pagar cerca de €770 mil]. Para um jurista, ganhar o processo é suficiente ou, por outro lado, as suspeitas criadas pelos e-mails são motivo de preocupação?
— Porquê essa sentença? Porquê o valor? Por que razão vão ser ainda quantificados os danos reputacionais? Porque tudo foi truncado. Não se meteram simplesmente cá fora os e-mails. Fizeram-se determinadas relações mal feitas e inverdadeiras. Pegaram naquela informação, editaram a informação, fizeram um cruzamento falso da informação e publicaram. E têm de ser penalizados. Se eu acho que para o Benfica €700 mil é, financeiramente, uma boa condenação [do FC Porto]? Acho pouco e acho curto. Os danos reputacionais vão aumentar a indemnização. Há uma coisa que nós já não conseguimos deixar para trás. Manchou o nome do Benfica, meteu na lama o nome do Benfica durante muito tempo. Falo dos processos judiciais, falo do ‘saco azul’, falo das ligações a outros empresários que ninguém percebe se são empresários ou não. O Benfica tem o seu nome, a sua marca e o seu emblema institucionalmente agregados a algo que é muito nocivo e negativo. E o Benfica vai ter de conseguir provar que nada fez de mal, tem de ser transparente com as pessoas, com os sócios. A Direção no Benfica faz aquilo que entende que tem de fazer, tem os melhores advogados e de certeza que faz o melhor que pode e nós temos de ter crença e dar estabilidade para ver o que é que os juízes e os tribunais vão decidir. Até agora, não considero que o Benfica deva preocupar-se. Acho que o Benfica deve preocupar-se em ser transparente na comunicação aos sócios, o Benfica não responde aos sócios relativamente ao que está a passar-se.
28 fevereiro 2025, 08:10
Posição clara de João Diogo Manteigas sobre uma das questões em aberto no futebol dos encarnados, pois os argentinos estão a terminar o vínculo
— Como podem os novos estatutos influenciar a vida do clube?
— Bom, primeiro é um upgrade brutal, relativamente ao que tínhamos. Em 2010 houve uma alteração feita à pressa, manta de retalhos. Tenho um amigo que me faz rir porque chama àquilo Pacto de Varsóvia. É uma coisa exageradíssima, mas é a visão que muita gente tinha dos estatutos. Em 2020, nas eleições, foi o Movimento Servir o Benfica a bater muito nesta necessidade e foi a partir deles que se criou a onda da alteração estatutária. Tanto assim que entrou no plano eleitoral de Rui Costa, mas demorou muito tempo.
— Vamos falar de algumas alterações: a segunda volta eleitoral.
— É essencial. Traz muito mais democracia. Permite mais candidaturas, mais pessoas a aparecerem também, porque vão sem medo, sem receio, vão para debater ideias, vão querer mostrar trabalho. Faz com que na primeira ronda todos deem a cara e permite triagem para a segunda volta, a triagem que permite que sejam os candidatos com mais força. E vai permitir aos sócios pensar melhor em quem votar.
— E o fim do voto eletrónico?
— Contexto histórico, não esquecer o que aconteceu com o voto eletrónico em eleições anteriores, a desconfiança que existiu. Quem é o titular da patente do voto eletrónico do Benfica? A Direção do Benfica. Se o próprio clube controla o voto eletrónico, se tem a patente, se tem a responsabilidade e a propriedade inteletual, há logo aí um problema de democracia. As pessoas duvidam. Ninguém me garante que o voto eletrónico não possa ser controlado. O Benfica tem 2007 trabalhadores. Os 2007 trabalhadores vão votar eletronicamente, como todos os outros sócios. Quem é que me garante que a Direção e outras pessoas dentro do Benfica não farão pressão sobre os trabalhadores antes e depois da votação? Contexto histórico, 2020, eleições. Tenho muitas dúvidas sobre o resultado. É verdade que o candidato que perdeu [João Noronha Lopes] não quis contar os votos, assumiu que queria dar estabilidade, não quis ir à luta. Está no seu direito. Mas ficou um vazio por preencher. Urnas a saírem de casas do Benfica ou a serem metidas em porta-bagagens de carros. Trouxe desconfiança ao voto eletrónico.
28 fevereiro 2025, 08:30
Manteigas discorda do 'timing' de divulgação de um documento que considera ser 'short story' e promete lançar concurso para trabalho «independente»
— Contas e orçamentos chumbados podem significar, no limite, eleições antecipadas e queda de Direção. Não há um risco elevado associado a esta alteração?
— Não é assim tão simples. Não é: chumbaram as contas, colocam o cargo à disposição, eleições antecipadas. Não. Há um procedimento justo e equilibrado. E foram chumbados orçamentos e contas no passado do Benfica. É preciso transparência. Há um procedimento: alteram novamente ou reformulam aquilo com que os sócios não concordam e vai novamente a votos. Se for novamente chumbado, pode provocar eleições antecipadas. Mas também permite a quem está no poder recandidatar-se outra vez. Ninguém sai pela porta pequena e nunca mais aparece no Benfica.
28 fevereiro 2025, 07:40
João Diogo Manteigas, advogado de 42 anos, candidato assumido à presidência do clube, apresenta-se e apresenta ideias em exclusivo a A BOLA. Garante que é elegível, promete ir a votos e explica o que está certo e errado na Direção de Rui Costa
— O clube celebra mais um aniversário, tem em mensagem para os sócios?
— A nossa história é única, 400 mil sócios. É inacreditável. O nosso objetivo é chegar aos 500 mil sócios no próximo ano. O real valor que o Benfica tem são os associados. Não tenham medo do futuro que aí vem, acreditem nesse futuro, que vai mudar a partir de outubro de 2025.