FC Porto: fado, tango e samba, a marcha dos desalinhados

NACIONAL21.02.202515:00

Tiago Djaló, Nehuén Pérez e Otávio têm deixado (muito) a desejar no processo defensivo… e ofensivo. Zé Pedro e Eustáquio também já por lá passaram. Sete golos sofridos em seis jogos de Anselmi e a certeza de que algo não está bem

O FC Porto de Martín Anselmi tem mais golos sofridos do que jogos realizados com o argentino ao leme: sete tentos consentidos em seis partidas disputadas. Pegando já por aqui, não é, de todo, um bom cartão de visita para uma equipa com a dimensão dos azuis e brancos.

Desde a chegada do sul-americano ao comando técnico, os dragões mudaram de sistema. O 3x4x3 parece ter vindo para ficar, mas, a julgar pela amostra, vai precisar de (mais) tempo para revelar-se a aposta certeira. Porque, até à data, os registos são tudo menos favoráveis. Tanto no plano defensivo… como ofensivo. Sim, porque no futebol moderno é (quase) tão importante um defesa-central ter qualidade de passe – para que seja iniciada desde logo a primeira fase de construção atacante – como um médio criativo.

Olhando aos encontros realizados pelos portistas sob a orientação de Anselmi, facilmente se percebe que o setor mais recuado (ainda que não só) tem sido fustigado por erros que têm custado caro. Apenas em dois dos últimos seis jogos o FC Porto não sofreu golos – Maccabi Telavive e Farense (ambos 1-0), sendo que a equipa consentiu dois ou mais tentos em duas partidas – Rio Ave (2-2) e Roma (2-3). Este quadro fica completo com os empates diante de Sporting e Roma (1-1), este último na primeira mão do play-off da UEFA Europa League, competição da qual os portistas acabaram de ser eliminados após o desaire no Olímpico.

Tiago Djaló, Nehuén Pérez e Otávio foram os jogadores que mais vezes foram titulares no (novo) tridente defensivo dos azuis e brancos: o português ficou de fora com o Farense, para a Liga, o argentino só não alinhou diante do Maccabi Telavive, ainda na fase regular da UEFA Europa League, o brasileiro apenas falhou o duelo com o Sporting, para o campeonato.

São, claramente, os três eleitos de Anselmi para o novo modelo implementado pelo técnico. Mas com os dados que estão plasmados nos números, é caso para dizer que o fado, o tango e o samba têm difundido a marcha.... dos desalinhados.

Zé Pedro, que defrontou Sporting e Farense, e Eustáquio, chamado ao eixo da retaguarda no duelo com os israelitas do Maccabi Telavive, na estreia do técnico no banco portista, foram os outros intervenientes desta marcha, sendo certo que o processo ainda carece de afinação.

É certo que a Supertaça já foi conquistada, mas também não é menos verdade que Taça de Portugal, Taça da Liga e UEFA Europa League já ficaram para trás. Resta ao FC Porto depositar todas as fichas na Liga. O sonho do título está cada vez mais distante, mas ainda é matematicamente possível. Assim como o segundo lugar. Mas convém não perder o pódio de vista. O SC Braga vem logo atrás e parece estar em passo acelerado…

Castigo de Nehuén Pérez reabre a porta a Zé Pedro

Por entre as várias dúvidas que terá para a receção ao Vitória de Guimarães, partida que encerra a 23.ª jornada da Liga e que está agendada para as 20.15 horas de segunda-feira, Martín Anselmi tem, desde já, uma certeza para o eixo defensivo: Nehuén Pérez está castigado – cumpriu, diante do Farense, uma série de cinco cartões amarelos – e, por essa razão, está riscado para o duelo frente aos vitorianos.

A ausência do camisola 24 deve significar o regresso de Zé Pedro ao onze. O português também foi titular na deslocação ao reduto dos algarvios – Otávio foi o outro central nesse encontro -, mas não saiu do banco no duelo europeu com a Roma, que ditou a eliminação dos dragões da segunda prova de clubes mais importante da UEFA.

Assim, Zé Pedro, Tiago Djaló e Otávio devem ser os escolhidos para o embate com os vimaranenses, a menos que o técnico argentino tenha alguma surpresa na manga: Iván Marcano (que esteve muito tempo parado, devido a lesão) ou Eustáquio (médio que já foi adaptado a central).