Famalicão: aposta na fábrica de talentos promete continuar a dar frutos

Famalicão: aposta na fábrica de talentos promete continuar a dar frutos

NACIONAL17.01.202408:30

Gustavo Sá e Luiz Júnior são dois dos expoentes máximos do trabalho de base realizado pelo clube minhoto; há mais nomes na forja, já no plantel principal, para despontarem a qualquer momento; João Pedro Sousa e o «orgulho» pelo que está a ser feito; e os craques que também passaram em Vila Nova e que hoje estão em altos patamares de destaque?...

O Futebol Clube de Famalicão tem um dos projetos mais interessantes do futebol português. A SAD do emblema minhoto, liderada por Miguel Ribeiro, tem vindo a desenvolver um trabalho a todos os títulos notável e os resultados (desportivos e financeiros) estão à vista. E o sucesso promete não ficar por aqui...

Miguel Ribeiro, presidente da SAD, é o rosto do sucesso recente alcançado pelo Famalicão

Fundado a 21 de agosto de 1931, o Famalicão vive um período de enorme pujança no panorama do futebol português, cumprindo, esta época, a quinta temporada consecutiva na elite. Foi na época 2019/2020 que os famalicenses regressaram ao convívio dos grandes, 25 anos depois da última aparição no mais alto patamar nacional.

Nestes anos na alta roda, as prestações têm sido muito acima da média e o sucesso desportivo tem ficado plasmado nas classificações alcançadas na Liga: 6.º lugar em 2019/2020; 9.º lugar em 2020/2021; e 8.º lugar em 2021/2022 e em 2022/2023. Praticamente sempre na metade superior da tabela classificativa e com futebol que tem deixado os (apaixonados) adeptos orgulhosos desta nova 'vida' do seu Vila Nova.

Sendo que, a par do que tem sido alcançado dentro das quatro linhas, deve também ser realçado o (enorme) trabalho que é desenvolvido nos 'gabinetes'. Porque o projeto da SAD liderada por Miguel Ribeiro não está, de todo, apenas assente no 'golo' ou na 'vitória'. Claro que essa é a meta principal (afinal, nenhum clube tem sucesso se não ganhar jogos e atingir objetivos), mas a verdade é que na génese da realidade famalicense está uma atividade global que tem forte implementação na formação.

Entre os vários exemplos de sucesso que poderiam ser aqui aflorados, 'basta' recuarmos uns meses e recordarmos o título nacional de sub-19 alcançado pelo Famalicão na temporada passada, algo que lhe permitiu, esta época, uma não menos histórica presença na UEFA Youth League. Na época em curso, acrescente-se, os juniores já garantiram (novamente) o apuramento para a fase de campeão nacional, prometendo tudo fazerem para a reconquista do título.

Na atualidade, um dos expoentes máximos da qualidade do trabalho desenvolvido na formação dos minhotos é Gustavo Sá. Com apenas 19 anos, o médio-ofensivo é um dos indiscutíveis da formação orientada por João Pedro Sousa e tem 'selo' da academia de Vila Nova. Ainda no passado sábado, na partida, diante do Casa Pia, que o Famalicão venceu por 2-0, o número 20 realizou (mais) uma exibição de encher o olho. No final do encontro, e questionado por A BOLA, o técnico dos famalicenses foi claro quanto ao trabalho que o clube tem vindo a fazer e que permite ao treinador da equipa principal ter à sua disposição vários elementos que asseguram sucesso imediato e que poderão significar um elevado retorno financeiro no futuro.

«É com enorme orgulho que o Famalicão tem uma equipa de sub-19 que é campeã nacional. Estamos a falar de um clube como é o Famalicão! O trabalho que está a ser feito na formação, e não só nos sub-19, deve ser ressalvado. Trabalho do clube, não de qualquer treinador, sublinho. A verdade é que estamos todos em sintonia para ser o Famalicão a ganhar e os jogadores a crescerem e evoluírem», analisou, a propósito deste tema.

Além de Gustavo Sá, também Luiz Júnior, Afonso Rodrigues e Martim Almeida são os rostos da formação no atual plantel principal. O guarda-redes é 'só' dono e senhor da baliza. O extremo e o médio não têm (ainda) jogado tanto como Júnior ou Sá, mas estão a ser trabalhados para que, dentro de pouco tempo, possam, também eles, 'explodir' na elite famalicense.

Luiz Júnior é um dos grandes destaques da formação minhota

E porque falar em equipa A, convém também não esquecer os elementos que, não tendo passado pelos escalões de formação, alinharam pelos sub-23. Sendo que, neste caso, concreto, salta à vista o nome de Otávio. O defesa-central brasileiro chegou na época passada ao Famalicão, começou pelos sub-23, mas rapidamente deu o salto para a equipa principal. E, hoje por hoje, é um dos esteios do eixo da retaguarda.

Otávio tem sido uma das grandes revelações do Famalicão. (Foto: IMAGO AVANT SPORTS)

E na forja estão mais dois nomes que trabalham regularmente às ordens de João Pedro Sousa e que também alinham pelos sub-23: Zé Henrique e Hugo Cunha, ambos guarda-redes.

É caso para dizer que a fábrica de Vila Nova não pára de produzir...

E o Pedro Gonçalves? E o Ugarte? E o Toni Martínez? E o Iván Jaime? Mas há mais...

Como já sublinhámos atrás, todo o projeto desportivo passa também, pela sustentabilidade financeira do projeto (e de outra forma não poderia ser, convenhamos). Esse binómio é facilmente 'descodificado' e está assente nas vendas milionárias que o Famalicão tem feito nestes últimos anos.

Pedro Gonçalves e Ugarte foram vendidos ao Sporting. Toni Martínez e Iván Jaime rumaram ao FC Porto. Alexandre Penetra foi transacionado para o AZ Alkmaar. Todos eles, de forma imediata ou através de parcelas dos respetivos passes, deixaram em Famalicão muitos milhões de euros.

Mas se quisermos ir ainda mais a fundo e pensar em jogadores que, apesar de não terem significado assim tanto retorno financeiro, tiveram um imenso impacto desportivo, então deixamos mais alguns nomes cujos percursos realizados após a passagem pelo Famalicão falam por si: Gil Dias e Diogo Gonçalves brilharam no Minho e regressaram ao Benfica (que os tinha emprestado aos famalicenses); Rúben Vinagre destacou-se em Vila Nova (cedido pelo Wolverhampton) e levou a que o Sporting abrisse os cordões à bolsa para o contratar; Fábio Martins jogou muito à bola e regressou ao SC Braga; Simon Banza (que estava empresado pelos franceses do Lens) confirmou a sua veia goleadora e foi contratado pelos arsenalistas; Nehuén Pérez (que fora cedido pelo Atlético de Madrid) atingiu um patamar bastante elevado e regressou aos colchoneros (seguiu, depois, para o Granada e representa, atualmente a Udinese); Uros Racic brilhou cedido pelo Valência, clube onde voltou e também se impôs (depois passou pelo SC Braga e hoje está no Sassuolo).

Voltando ao plantel atual do Famalicão, há vários elementos que já conseguiram atingir um estatuto que lhes permite estar na roda de alguns dos maiores clubes portugueses e europeus. Luiz Júnior, Otávio, Francisco Moura, Zaydou Youssouf, Gustavo Sá, Óscar Aranda ou Chiquinho, entre outros, já não precisam de grandes apresentações ao mercado. Porque as exibições que vão realizando com camisola do emblema minhoto já os colocam na lista de alvos dos chamados 'tubarões'. João Pedro Sousa agradece tantas e tão boas soluções, mas o técnico também deve estar deserto que feche a atual janela de mercado. Sendo certo que, agora ou num futuro próximo, alguns vão rumar a outras paragens. Porque o mercado não vai desperdiçar esta qualidade. Nessa altura, Miguel Ribeiro e seus pares esfregarão as mãos quando virem a conta da SAD a aumentar. Mas não se pense que vai ser fácil tirar estes craques de Famalicão. As negociações prometem ser duras...