Fábio Silva: «Wolverhampton? As pessoas esqueciam-se da minha idade por causa do preço»

INTERNACIONAL10.02.202511:31

Clube inglês contratou o jovem avançado ao FC Porto por 40 milhões de euros; Internacional português, em bom plano no Las Palmas, lembra estreia na Seleção, fala sobre Cristiano Ronaldo e comenta alegado interesse do Atlético Madrid

Fábio Silva ganhou uma nova vida no futebol espanhol. O avançado, de 22 anos foi cedido pelo Wolverhampton ao Las Palmas, no início da época, e leva sete golos e duas assistências em 18 jogos. Em entrevista ao The Athletic, o jovem comentou a sua trajetória no futebol e recordou a estreia na Seleção Nacional. 

«Quando jogámos contra a Croácia, estava a sair do balneário para o aquecimento e olhei para mim mesmo e disse: ‘finalmente estou aqui’. Estava tão orgulhoso da minha resiliência e paciência, que todas as coisas que fiz no passado me ajudaram a chegar aqui. Senti muito orgulho por treinador com o Cristiano [Ronaldo], mas estrear-me pelo meu país foi especial, porque é o sonho de qualquer criança», apontou. 

Esta temporada, Fábio Silva já marcou contra Barcelona e Real Madrid: «Quando estava no aquecimento [no Bernabéu], pensei: ‘uau’. Desde criança que a liga que eu prestava mais atenção era a espanhola por causa do Cristiano. Barcelona, Real Madrid, Atlético Madrid... Sonhas em jogar contra essas equipas, então marcar naquele campo contra aqueles jogadores incríveis com a minha família lá foi algo especial. Sei que posso estar naquele palco.» 

Fábio Silva entrou para o lugar de Rafael Leão, ao minuto 71, estreando-se por Portugal na Croácia (Foto: FPF)

O ex-FC Porto já foi apontado ao Atlético Madrid, mas só pensa no Las Palmas: «O meu foco está no Las Palmas e em atingir o objetivo, que é a manutenção. O interesse do Atlético é algo que deixo para o meu agente. Mas o que posso dizer do Atlético? É um dos melhores clubes do mundo e da LaLiga. Simeone é um dos melhores treinadores do mundo. Mas estou feliz no Las Palmas. Tenho uma excelente relação com o treinador, presidente e pessoas do clube. Aqui sinto-me valorizado e precisava disso para a minha carreira, um lugar que me acolhesse e se adequasse ao meu estilo de jogo.» 

Fábio Silva, avançado do Las Palmas, cedido pelo Wolverhampton

A transferência do FC Porto para o Wolverhampton, de 40 milhões de euros, também foi tema. 

«Às vezes, as pessoas esquecem-se a minha idade, porque comecei cedo. Tive de que melhorar muito rápido no Wolverhampton. As pessoas esperavam uma coisa e às vezes esqueciam-se da minha idade por causa do preço. Quando as pessoas vêm de outros lugares ou para tirar fotos, dizem: 'Já te vejo há muitos anos, deves ter 25 ou 26’. Eu tenho de dizer: 'Não, tenho apenas 22'.» 

Fábio Silva, avançado do Las Palmas, cedido pelo Wolverhampton

«Tudo ao meu redor na minha vida era muito rápido. A ideia era ficar dois ou três anos no FC Porto e jogar algumas partidas. Mas no futebol eu não controlava algumas coisas e, naquele momento, não conseguia fazer nada. Foi muito difícil, porque joga jogar numa equipa como o Wolverhampton não tens sempre a bola, então tens de sofrer e jogar em contra-ataque», prosseguiu, falando sobre o «ano muito bom» que teve com Nuno Espírito Santo no Molineux. 

Fábio Silva e Nuno Espírito Santo (IMAGO / PA Images)

«Cheguei à melhor liga do mundo aos 18 anos e com barulho à minha volta. Sinto que não tive tempo e espaço para cometer erros. Tudo tinha de ser perfeito. Acho que sou diferente por causa disso, então tenho de viver com isso. Mas gosto de viver com essa pressão. O ano que passei com o Nuno foi muito bom. Foi o treinador que me deu poder e, desde o primeiro dia, foi muito honesto comigo. Disse-me que tinha de esperar pela minha oportunidade e confiar nele. Às vezes, quando eu não estava a jogar, ele vinha e falava comigo. Estou por vê-lo a ter sucesso no Nottingham Forest. É uma pessoa muito boa», disse. 

O avançado assumiu que procurou apoio de um coach mental, nutricionista e personal trainer: «Não estava tão forte, então tinha de ver o que poderia mudar para ser melhor. Se não estás mentalmente, o teu corpo não vai estar bem em campo. Agora sou mais homem e mais maduro.» 

«Nos últimos anos não tenho colocado essa pressão em mim mesmo. Gosto de apreciar as pequenas coisas. Tenho de viver no presente. O barulho ao meu redor... Agora não leio nada. Sei o que posso trazer para a minha equipa», completou. 

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