Samuel Eto'o pode estar prestes a ver a sua vida virada ao contrário. Após a eliminação dos Camarões — país cuja federação de futebol é presidida pelo próprio — frente à Nigéria, na CAN 2023, o antigo jogador de Barcelona, Inter ou Chelsea estará muito perto de ser indiciado por crimes relacionados com manipulação de resultados, abuso de poder, ameaças físicas, incitamento à violência e divulgação de informações falsas nos Camarões. O caso não é novo, mas ganhou recentemente novos contornos. O site britânico The Athletic teve acesso a vários e-mails, conversas de whatsapp, documentos e gravações áudio que implicam o presidente da Fecafoot (Federação de Futebol dos Camarões) com os crimes mencionados. Ainda de acordo com o que o jornal desportivo conseguiu apurar, embora o dossiê tenha sido enviado ao Comité de Ética da FIFA em julho pelo antigo vice-presidente da Fecafoot, Henry Njalla Quan Junior, a investigação ainda está em curso. O The Athletic teve acesso a um documento de dez páginas, complementado por cerca de 70 provas, que detalha as alegações contra Eto'o e quatro outros funcionários da Fecafoot. Segundo os documentos, 12 outras pessoas devem ser interrogadas em relação às alegações apresentadas. Não é a primeira vez que Eto'o se vê a mãos com a justiça: em junho de 2022, foi condenado a 22 meses de pena suspensa e multado em 1,64 milhões de euros depois de se ter declarado culpado de uma acusação de fraude fiscal relacionada com os seus direitos de imagem quando jogava em Espanha. Em maio de 2023, tornou-se embaixador da empresa de apostas 1XBet, apesar de o código de ética da FIFA proibir os 'funcionários' de participarem, direta ou indiretamente, em apostas ou de terem qualquer associação do género. O The Athletic contactou a FIFA para que lhes fosse esclarecido se o presidente de uma federação de futebol conta como funcionário, mas não obteve resposta.
