Esmagar, complicar, rodar e resolver, eis o Sporting...: a crónica do jogo em Alvalade

Sporting-Farense, 3-2 Esmagar, complicar, rodar e resolver, eis o Sporting...: a crónica do jogo em Alvalade

NACIONAL03.03.202421:30

Início frenético dos leões de Alvalade. Resposta personalizada dos leões de Faro. Adeptos do Sporting só descansaram com o apito final

Mal o árbitro Cláudio Pereira deu por terminado o Sporting,3-Farense,2, Rúben Amorim levantou-se do banco leonino, cumprimentou o seu homólogo algarvio, José Mota e lá foi, como tinha assumido desejar, para um jantar descansado, à espera de conhecer o resultado do clássico do estádio do Dragão. O essencial, que eram os três pontos, tinha sido conseguido e, ao mesmo tempo, tivera oportunidade de rodar a equipa, a pensar quer no cansaço acumulado, quer no jogo da próxima quarta-feira com a Atalanta.

Porém, muito provavelmente não esperaria tantas dificuldades para levar de vencida os leões de Faro (que já na primeira volta tinham vendido cara a derrota, no São Luís), especialmente depois da sua equipa ter iniciado a partida de forma supersónica, abafando completamente os algarvios (aos 20 minutos a posse de bola era favorável aos donos da casa por 80/20), a quem não permitiu, durante muito tempo, ter bola. À meia hora, o Sporting não só mandava no jogo (excelente Bragança), como tinha marcado dois golos e visto outros dois serem defendidos pelos ferros da baliza de Ricardo Velho.

Apostando no 3x4x3 do costume, embora com intérpretes diferentes (dando descanso, de forma declarada, a Coates e Morita, e folga a Trincão e Quaresma - todos viriam a entrar, e também Paulinho, o que mostra a riqueza do banco do Sporting), Amorim obrigou José Mota a, com sagacidade, aumentar a largura da sua defesa, com o recuo dos alas, para tentar parar, às vezes com as mãos é certo, a ventania verde e branca.

COMO TUDA MUDA NUM ÁPICE

Depois de meia hora de prego a fundo, os leões tiraram o pé do acelerador e diminuíram a pressão, o que permitiu ao Farense ter mais bola, fazendo com que as característica do jogo se alterassem. E quando Belloumi - filho de peixe que sabe nadar - arrancou um pontapé portentoso que reduziu distâncias, passou, pela primeira vez, por Alvalade, alguma sombra de dúvida quanto ao desfecho da partida. E essa dúvida avolumou-se quando se assistiu a uma entrada na segunda parte do Farense absolutamente frenética: em cinco minutos, Zé Luís fez estremecer a barra da baliza de Israel, Elves Baldé obrigou o uruguaio a boa defesa, e Zé Luís acabou por repor a igualdade.

De repente, o jogo tinha mudado, José Mota deu mais pulmão aos algarvios com Marco Matias, e Rúben Amorim preparava-se para fazer entrar Trincão, Quaresma e Morita, para revitalizar a sua equipa quando, aos 53 minutos, Pedro Gonçalves aproveitou um cruzamento de Esgaio, para voltar a colocar o Sporting na frente. Mesmo assim, Amorim realizou as substituições, que deram aos leões uma maior frescura, permitindo-lhes voltar a marcar o ritmo do jogo. Alías, nesta partida, a diferença de argumentos nos bancos foi decisiva.

ANSIEDADE, MAS SEM SUSTOS

Até ao fim do jogo, José Mota usou bem as cartas que tinha, fez um forcing final (83 minutos) com uma tripla substituição, entrando Barbosa, Velasquez e Ponde, mas o Sporting, já com a serenidade de Coates e o rigor de Morita a funcionarem como estabilizadores, não deixou que a baliza de Franco Israel voltasse a passar por apuros. E foi mesmo Paulinho a ter a melhor hipótese de balançar as redes, o que descansaria as bancadas de Alvalade, que só suspiraram de alívio com o apito final do árbitro, numa noite em que o Sporting sofreu mas ganhou, e rodou quem precisava mais. A exceção continua a ser Viktor Gyokeres, que parece ter pilhas que duram sempre do princípio ao fim...