Destaques do Sporting: quando a vida real assusta mais do que um filme de terror
Harder teve uma entrada decisiva em jogo e Hjulmand deixou a equipa em inferioridade numérica (LUSA)

SPORTING-AROUCA, 2-2 Destaques do Sporting: quando a vida real assusta mais do que um filme de terror

NACIONAL15.02.202523:40

Duas lesões que obrigaram a saídas prematuras, autogolo insólito, penálti, expulsão, um sem número de contrariedades de um leão que andou a correr atrás do resultado desde o início. Na noite dos horrores em Alvalade salvou-se o fato de super herói de Harder, a energia de Maxi, o inconformismo de Trincão e um empate que foi um mal menor face a uma equipa que tentou resistir a quase tudo

Melhor em campo: Harder (7)

Herói. Num filme de terror para o leão. A vestir o fato de protagonista, destemido, capaz de lutar contra todas as adversidades de uma equipa que sofreu tantos golos quanto os jogadores que saíram por lesão. Uma entrega total, bem mais solto do que em jogos recentes com a presença de Gyokeres, esteve em quase todos os lances de perigo do leão. Marcou o primeiro, assistiu Trincão para o segundo, esteve a milímetros de marcar o terceiro (num belo golpe técnico aos 90+1’) e ofereceu de bandeja ao sueco (90+3’) aquele que seria o golo de uma reviravolta épica em Alvalade. Ao leão quase tudo correu mal. A Harder quase tudo foi perfeito.

Rui Silva (6) 
Insólita. Aquela abordagem ao lance que ditou o primeiro golo arouquense após atraso de St. Juste. Marcou a exibição pela negativa, é certo, mas compensou (e de que maneira) com defesas enormes que foram mantendo o leão vivo no jogo. Sobretudo na etapa final, a voar aos 59’, 64’, 68’ e 90+4’. Esta última então, num remate à queima de Jason... de excelência. Desceu ao inferno e terminou (quase) a tocar no céu.

Fresneda (5) 
Comedido. Pouco rasgo, risco minímo no apoio ofensivo, sempre atento às constantes movimentações de Weverson pelo corredor. Bem mais eficaz nas tarefas defensivas onde conseguiu mostrar alguma solidez.

St. Juste (2) 
Suicida. Aquele atraso (disparatado), quase na linha de meio-campo, que originou o autogolo de Rui Silva. E se isso não bastasse... logo após esse deslize comprometedor uma lesão que obrigou a uma saída prematura aos 10 minutos. O primeiro capítulo de um filme de terror em Alvalade que teve o neerlandês como protagonista.     

Gonçalo Inácio (5) 
Regular. Ainda procura o melhor ritmo, foi crescendo com o jogo. Longe do brilhantismo de outrora, com alguns passes mal medidos nas saídas, melhor no posicionamento, no preenchimento do espaço sem bola. Um remate (81’), após canto de Quenda, foi o melhor que conseguiu fazer em termos ofensivos.   

Maxi Araújo (6) 
Inesgotável. A energia deste ala uruguaio, transformado em lateral. Cumpre em termos defensivos, com agressividade, sem conceder espaço aos adversários e oferece fulgor, determinação e critério na decisão no último terço. Parece ser daqueles que é sempre o último a cair. Em toda e qualquer circunstância. A frescura com que surgiu na etapa final, a galgar metros no campo (excelente iniciativa aos 47’) e a tentar servir Harder (90+1’) é bom exemplo dessa vontade e ambição.      

Hjulmand (4) 
Expulso. De um jogo onde esteve longe de mostrar a consistência de outros jogos. Dois cartões amarelos (o primeiro a originar o penálti para Henrique Araújo) e o segundo após derrube a Fukui, deixando a equipa em inferioridade numérica (62’) quando procurava reagir.  

João Simões (6) 
Esgotado. E assim, sem mais nem menos, transformou-se num dos indiscutíveis do meio-campo. Não começou bem (como toda a equipa...), mas fruto da sua inteligência tática, no trabalho com e sem bola, foi fundamental no (pouco) equilíbrio que existia na equipa dos leões.    

Trincão (6) 
Iventivo. Na forma como desenha o primeiro golo (é ele que inicia o lance que termina em Harder) e como apareceu, na área, com remate bem colocado, para marcar o segundo dos leões. O desgaste é evidente, e isso é notório em algumas más decisões, mas é nele que continua a residir toda a esperança para encontrar soluções onde por vezes parecem não existir.  

Bragança (4) 
Lesionado. Mais um na extensa lista de clientes do departamento médico. Durou apenas 13 minutos, sem qualquer influência no jogo, cedeu o lugar a Harder. Valeram as palmas na hora da saída, um curto consolo para (mais) uma paragem no leão.  

Quenda (5) 
Irritado. Ainda não foi desta que marcou em Alvalade. Muito ativo, a ganhar faltas, cantos, a tentar ofereceu profundidade ao corredor, mas poucas vezes conseguiu tirar vantagem de toda essa irreverência. Esteve perto de marcar (42’) mas Mantl brilhou. Nos instantes finais, jogou mais com o coração, e isso retirou-lhe discernimento.    

Gyokeres (6) 
Distante. Do fulgor e dos indíces físicos que por nome fazem a diferença e resolvem jogos. Perdeu muitos e intensos duelos com Chico Lamba, mas correu, lutou, sempre inconformado com o rumo dos acontecimentos. Assistiu Harder no 1-0, Mantl evitou um regresso triunfal à equipa com várias defesas e, no último suspiro (90+2’), falhou de forma incrível aquilo que raramente falha... Sem oposição, de cabeça, a atirar ao lado, após excelente cruzamento de Harder.  

SUPLENTES 

Debast (5) 
Hesitante. Entrou a frio, após a lesão de St. Juste, e mostrou precipitação fruto de muitos passes errados, que poderiam ter consequências mais graves. Depois, com o leão muito projetado no ataque, foi apagando ‘fogos’, anulando muitas ameaças da equipa da Serra da Freita.  

Biel (5) 
Agitado. Pouco mais de cinco minutos em campo deste reforço brasileiro que tentou aproveitar cada segundo. Com um bom cruzamento (85’) e um remate (90+6’) que ainda assustou o Arouca.  

Alexandre Brito (-)
Estreante. Os primeiros minutos deste médio de 19 anos, com ADN de Alcochete, que, a avaliar pelas lesões no miolo, terá mais oportunidades a... curto prazo.