Calor algarvio não conseguiu derreter o gelo madeirense (crónica)
José Gomes festeja um dos dois golos que marcou em Faro. Foto: LUÍS FORRA/LUSA

Farense-Nacional, 0-2 Calor algarvio não conseguiu derreter o gelo madeirense (crónica)

NACIONAL09.02.202518:10

Nacional jogou com a vantagem pontual e levou o jogo para o ritmo que mais lhe convinha. Constantes paragens exasperaram os algarvios. Bis de José Gomes

O Nacional jogou com o avanço de quatro pontos que tinha sobre o Farense e não teve muita pressa. Colocou muito gelo, com constantes paragens para desespero dos algarvios, cortando o ritmo, retirando dinâmica. Isso refletiu-se em ausência de emoção e de lances de perigo junto das balizas e até ao intervalo os guarda-redes limitaram-se a recolher as (poucas) bolas direcionadas ao alvo.

Por isso, apenas aos 18’ minutos surgiu a primeira situação de algum aperto para uma baliza, no caso a do Farense, quando Paulinho Bóia atirou de longe, com a bola a desviar em Cláudio Falcão e a sair pela linha de fundo. O Farense respondeu quatro minutos depois, num cruzamento de Rony Lopes, com Leo Santos a antecipar-se a Marco Matias, que se preparava para cabecear com a baliza à mercê.

Antes do intervalo (41’) o Farense ficou reduzido a 10 jogadores, por expulsão de Elves Baldé que disputou uma bola com Zé Vítor junto à linha de fundo da área do Nacional e Luís Godinho, depois de alertado pelo assistente Rui Teixeira que indicou que o jogador dos algarvios pontapeou o adversário, mostrou o cartão vermelho.

Mas, mesmo com um jogador a mais, o Nacional não alterou o seu ritmo e não assumiu as despesas. Rony Lopes, de livre direto e Paulinho Bóia, num remate em jeito, tentaram visar as balizas, mas com a bola a ter destino idêntico: não acertaram no alvo.

No jogo das substituições, Tozé Marreco efetuou duas ao intervalo. Com a expulsão de Baldé, Rivaldo entrou para refazer a lateral direita e Rui Costa para abrir o ataque. Tiago Margarido lançou Penha e em boa hora o fez, dado que o médio esteve na génese do primeiro golo dos madeirenses (48’), lançando Dudu, que serviu José Gomes para finalizar com um tiro cruzado rasteiro.

Aos 55 minutos as duas equipas ficaram equilibradas numericamente, com a expulsão de Yuki Yamada. Apesar do empolgamento local não foi preciso esperar muito tempo para o lateral-esquerdo bisar (58’), novamente com um tiro rasteiro em zona frontal, despejando mais um enorme balde de gelo na reação dos algarvios, que surgiu apenas nos últimos minutos, com várias oportunidades criadas, principalmente por Yusupha.

Com conforto, os madeirenses foram gerindo o avanço e o tempo e alcançaram a primeira vitória fora de casa na Liga. E aumentaram para sete pontos o avanço sobre o Farense, que continua na penúltima posição.

O Melhor em campo José Gomes

Herói improvável, numa tarde inesquecível para o lateral-esquerdo do Nacional, que em toda a carreira, só tinha marcado seis golos e todos ao serviço da equipa madeirense. Em Faro apontou dois – quase metade… - ambos em remates rasteiros, e ainda tentou o terceiro, num tiro frontal que parou nas mãos de Ricardo Velho. Esteve em evidência a atacar, mas a defender não vacilou.

Notas dos jogadores do Nacional: Lucas França (7), Gustavo Garcia (5), Leo Santos (6), Zé Vítor (6), José Gomes (8), Soumare (7), Matheus Dias (6), Fuki Yamada (4), Bruno Costa (6), Paulinho (6), Dudu Teodora (6), Daniel Penha (6), Macedo (5), Appiah (5), André Sousa (5) e Isaac (-)

A figura Yusupha

Lançado por Tozé Marreco aos 56 minutos, o avançado ainda teve tempo para mostrar qualidade, agitando o ataque, sendo protagonista das situações mais perigosas dos algarvios, principalmente nos minutos finais, quando a equipa apertou o cerco à baliza de Lucas França. No entanto, todas as intenções do gambiano foram travadas pelo guardião do Nacional.

Notas dos jogadores do Farense: Ricardo Velho (6), Marco Moreno (5), Cláudio Falcão (5), Lucas Áfrico (5), Elves Baldé (4), Zé Carlos (6), Miguel Menino (5), Paulo Victor (5), Rony Lopes (5), Tomané (5), Marco Matias (5), Rui Costa (5), Rivaldo (5), Samuel Justo (5), Yusupha (6) e Aléx Bermejo (5)

As declarações dos treinadores

Tiago Margarido, treinador do Nacional:

«Jogo repartido ao início, ambas as equipas à espera do erro. Depois da expulsão, reajustámos para explorar o jogo de corredores e o golo surgiu dessa forma. Com 10 para 10 a minha equipa foi madura e inteligente. Foi uma vitória justa»

Tozé Marreco, treinador do Farense:

«Faltou maturidade no final, que já nos custou pontos noutros jogos. E equilíbrio emocional. Não digo que estivéssemos a fazer um grande jogo, mas notou-se ansiedade. Um ato irrefletido [Elves Baldé] condicionou-nos muito e a tensão de necessitar de marcar tirou-nos discernimento na finalização»