Benfica deixou escapar a felicidade em quatro momentos, mas ainda acredita no título

NACIONAL12.05.202518:30

Grandes momentos e passos em falso das águias. O trajeto de Lage e Europa reluzente

Como Bruno Lage disse, quando agarrou na equipa, em setembro, o campeão fica decidido nas últimas jornadas. Na verdade, apenas no sábado. O Benfica joga em Braga e tem de fazer bem o trabalho, mas está dependente do Sporting-V. Guimarães. Se os leões vencerem, serão campeões. Basta-lhes fazer o mesmo ou melhor que os encarnados. Depois do empate (1-1) no dérbi de sábado passado, o Benfica deixou de depender apenas dele para ser feliz. Ainda há esperança no balneário, mas também a consciência da realidade. Vencer o SC Braga é o que as águias agora podem controlar.

Os jogadores, nos últimos dias, e o treinador, deixaram a garantia de que é para lutar até ao final. E Bruno Lage, em conferência depois do dérbi, colocou tudo em perspetiva: «Conheço bem a exigência do Benfica, não vencer o campeonato é insuficiente.»

NA LIGA

Bruno Lage assumiu o comando da equipa na 5.ª jornada da Liga. Para trás ficara um arranque de época frustrante para os benfiquistas, com 1 empate e 1 derrota em 4 jogos, e o despedimento do treinador alemão Roger Schmidt.

Clássicos com o FC Porto

As vitórias convincentes nos jogos com o FC Porto representam um dos pontos altos da liderança de Lage esta época. O Benfica venceu o rival por 4-1 na Luz e voltou a vencer pelo mesmo resultado quando se deslocou ao Dragão (e nessa 28.ª jornada saltou para a liderança isolada do campeonato). Não se via um ascendente tão claro dos encarnados nestes duelos há muito tempo.

Lage partiu com o Benfica em 7.º lugar e 5 pontos de desvantagem para o líder Sporting, 2 para o FC Porto. Formatou a equipa e reconquistou a confiança dos adeptos com uma série de 8 jogos no campeonato sempre a vencer, conseguindo chegar à liderança isolada à 13.ª jornada, condição que desperdiçou na 14.ª, empatando (1-1) em casa do Aves SAD.

Ligação recuperada com os adeptos

O mau arranque de época do treinador Roger Schmidt criou em redor do Benfica um clima de instabilidade. Desde que foi contratado, em setembro, Lage assumiu como prioritário recuperar a confiança dos adeptos, e conseguiu. Mesmo em momentos mais tensos, como quando foi tornado público um áudio de uma conversa dele com alguns adeptos, na garagem da Luz, após a derrota com o Casa Pia por 1-3, o técnico veio a público dar a cara. Explicou e, com bons resultados a seguir, ganhou crédito.

À 15.ª jornada subiu novamente ao 1.º lugar, com mais um ponto que o Sporting, mas perdeu a seguir em Alvalade, (0-1) e ficou outra vez sem o estatuto; e caiu para o 3.º lugar na ronda seguinte, depois de perder em casa frente ao SC Braga (1-2). Foi o segundo passo em falso das águias.

Conquista do balneário

Entrou com grande energia no clube e conseguiu que os jogadores acreditassem na mensagem dele e na ideia de jogo. Aliou-se aos jogadores mais velhos e emblemáticos no balneário, como Otamendi e Di María, e fez o plantel remar todo para o mesmo lado, mesmo os menos utilizados, como o ponta de lança Arthur Cabral.

A partir da 20.ª jornada, a equipa protagonizou nova série vitoriosa de 9 jogos, beneficiando de deslize do Sporting para se sentar de novo na liderança isolada, à 28.ª jornada. Porém, mais uma vez, tropeçou no jogo imediatamente a seguir: empate 2-2 com o Arouca.

Planos que foram resultando

O treinador disse sempre que tinha «um plano para todos» no plantel. Se nem todos se perceberam cá fora, alguns deles foram claros e foram bem aplicados. Fredrik Aursnes voltou a jogar na posição em que é melhor, a médio, depois de ter experimentado quase todas as outras posições. Apesar de usar o 10 na camisola, o médio turco Orkun Kokçu vestiu também o fato-macaco e ao não deixar cair Pavlidis quando ele não marcava golos Lage recebeu de volta um goleador de grande qualidade.

O quarto momento fundamental e que conta a história da equipa na Liga foi, então, o dérbi de sábado. Ganhando ao Sporting, o Benfica entraria na última jornada em vantagem; ganhando por mais que um golo teria sido campeão. Empatou e, assim, é o rival quem tem a principal palavra na 34.ª ronda.

A EUROPA

A época na UEFA Champions League, que estreou novo formato, também teve pontos altos e baixos. O Benfica caiu apenas nos oitavos de final, mas fez um caminho frente a equipas de nível muito alto, como Atlético de Madrid, Bayern Munique, Barcelona, Juventus e Mónaco, este último de menor dimensão, mas que mostrou ser um adversário forte no campo.

A lição de futebol ao Atlético de Madrid

Foram 4-0, mas o Benfica poderia ter vencido a equipa espanhola por números ainda mais gordos na grande exibição que fez na Luz, logo na jornada 2 da fase de Liga da UEFA Champions League. O 1-3 que se seguiu, na receção aos neerlandeses do Feyenoord, colocou algum gelo no entusiasmo dos benfiquistas, mas a vitória em Turim, frente à Juventus, os duelos equilibrados com o Barcelona e sofridos com o Mónaco mostraram um Benfica a respeitar o estatuto europeu de que goza.

Da desilusão do 1-3 com o Feyenoord, da exibição fraca do 0-1 em Munique, ou do 0-0 em casa com o Bolonha que adiou passo em frente na competição, os adeptos escalaram no entusiasmo com o 4-0 aplicado ao Atlético de Madrid, do 2-0 em casa da Juventus ou os duelos intensos com o Barcelona (4-5, 0-1 e 1-3). O Benfica mostrou ser capaz de bater-se mesmo contra os mais fortes e fez sonhar os adeptos com algo mais.

AS TAÇAS

A equipa já conquistou a primeira, a Taça da Liga. Como Bruno Lage sempre recorda, é o troféu garantido, depois de uma final com o Sporting decidida no desempate por penáltis (1-1, no final dos 90'), a 11 de janeiro, em Leiria. O Benfica não vencia esta competição desde 2015/16.

A Taça de Portugal vai ser disputada em mais uma final com o Sporting, no dia 25, no mítico palco do Estádio Nacional. A conquista da Taça de Portugal é outro dos grandes objetivos do Benfica, que poderia atenuar consequências de uma não conquista da Liga.

Na época, Bruno Lage conseguiu muito e pode ainda ganhar ou perder também muito. Duas semanas de decisões que por estes dias carregam o peso da desilusão do empate no último jogo com o Sporting. Un día a la vez (um dia de cada vez), como tatuou na cabeça o central e capitão do Benfica, Nicolás Otamendi, e o treinador adotou como lema.

Ganhar em Braga e vencer no Jamor é agora o desafio que se coloca aos encarnados, numa época com méritos e pecados.

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