As quebras físicas, a lesão de Gyokeres e... a lesão de Gyokeres: tudo o que disse Rui Borges
Treinador do Sporting analisou a pesada derrota frente ao Dortmund e focou-se sobretudo na lesão do avançado sueco
Rui Borges, treinador do Sporting, analisou a derrota frente ao Dortmund, com muito foco para os problemas físicos da equipa e, em especial, para os de Viktor Gyokeres. O técnico não quis esclarecer qual é a lesão que afeta o avançado sueco e que o tem limitado há várias semanas.
— Uma análise ao jogo.
— Na primeira parte, fomos totalmente superiores, fizemos uma grande primeira parte, com muita qualidade em todos os momentos do jogo. Merecíamos ter saído a vencer, por tudo o que tínhamos sido capazes de fazer perante uma grande equipa. Na segunda parte o Borussia entrou melhor nos primeiros dez, quinze minutos. Começámos a pensar em mexer alguma coisa e acabámos por sofrer o 1-0. Penso que mexeu connosco, sofremos em termos anímicos, a equipa sentiu um bocadinho isso. Fomos perdendo alguma confiança e entrámos num jogo em que não podíamos entrar, a criar espaços, porque o Borussia é uma equipa que, com espaços, acelera muito rápido, a um ou dois toques, Conseguiram criar um espaço maior entre as nossas linhas e acabaram por ser mais eficazes em mais dois momentos. Mas claramente — e não serve de desculpa — estamos em algum défice físico e é visível, principalmente nesta competição, onde com estas grandes equipas, temos que estar a 200%. São jogos difíceis e essa falta de discernimento, essa perda de confiança, acabou por levar para um jogo com espaço. Depois disso, ficámos muito reativos e pouco proativos.
— O que é que se passa com Gyokeres? Vê-se que ainda tem limitações físicas. O problema está resolvido?
— Eu sou muito sincero. Acho que só estão a a dar importância ao Viktor, no sentido de quererem saber tudo o que se passa com ele. O Viktor tem um problema físico, como há sempre com os jogadores, e os clubes não dizem as lesões dos jogadores todos. Dizem quando são lesões de grande tempo de paragem, como nos joelhos. Lesões que são a longo prazo. Mas nós não podemos estar a especificar a lesão de Gyokeres. O Viktor tem uma lesão como todos os outros, e nesses minutos que faz, é normal, em alguém que parou algum tempo, tenha dificuldades, não é problema físico, tem a ver com falta de ar, com os pulmões. Teve alguma perda de treino, teve alguma perda de condição física e tem de a ganhar, e como ele outros. Mas o défice físico não se sente só no Viktor, sente-se de forma geral. O Quenda esteve, claramente, em baixo rendimento, o Trincão também. Se calhar, no campeonato, não é tão demonstrativo, porque estamos mais vezes com bola. Nesta competição, o outro lado tem muita qualidade também e claramente sente-se mais. Não serve de desculpa, volto a dizer. Não vou estar aqui a especificar a lesão do Viktor. O Viktor já está disponível para jogo, ponto final. Se tivesse lesão, não jogava. Eu percebo, e é normal, o Viktor é um jogador que cria impacto. Agora, estão preocupados com o Viktor e em especificar a lesão... há coisas que a mim não fazem muito sentido. Ele parou, está a vir aos poucos, e temos de ter algum cuidado.
— Qual é a estratégia para recuperar a condição física? Se sair da Liga dos Campeões, pode ajudar?
— Há coisas que são claras. O Sporting foi campeão no ano passado, estamos sem Viktor, sem Pote, sem Bragança... São jogadores muito importantes na dinâmica do Sporting, independentemente do sistema, e criam muito impacto na equipa. Nós temos de criar soluções, só que o problema, às vezes, é que não temos essa abundância de jogadores. Não temos gente, mas há quem esteja à procura da melhor condição física, como o Viktor, o Morita. É totalmente diferente de ter malta que está a 100 ou 200% para esta competição. Não deixamos de ser competitivos, o problema é que depois sentimos. Na primeira parte, houve uma intensidade grande da nossa parte, fomos bastante intensos, bastante competitivos, pressionantes, agressivos. Na segunda parte, fomos perdendo isso. O primeiro é, como eu disse, pela qualidade individual, mas os outros dois são pequenas acelerações que batem a nossa equipa. Não tivemos essa capacidade, porque deixámos entrar o jogo nessa fase. Estávamos a perder 1-0 e começámos a ser reativos. Só reagimos depois das coisas acontecerem, o cansaço também leva a isso. Agora, não quero que isso sirva de desculpa, mas, claro, ter semanas normais é diferente. E tendo mais gente, com mais ritmo de jogo... No sábado, acredito que vamos ser competentes, faremos um bom jogo e caminharemos para esse objetivo. Depois em Dortmund, logo se verá, independentemente de termos aqui um resultado já difícil, não deixaremos de ir a Dortmund disputar o jogo.
— Ninguém se lesionou. Isso deixa-o mais descansado? As entradas de Morita e Bragança parecem não ter dado intensidade...
— A equipa está fresca, mas está à procura da sua melhor condição física. O Dani, apesar de ter vindo a jogar, precisa dessa condição, dessa confiança, o Morita igual, o Viktor igual, acaba por ser difícil. Nestes jogos, se não tivermos essa capacidade e intensidade para igualar o jogo, pequenos pormenores vão sair-nos caros. Hoje acaba por ser um bocadinho isso. Quando deixamos de ter essa intensidade que tivemos na primeira parte, pagámos caro. Não sou médico, ainda tenho de falar com o doutor, mas sim, fico mais confiante para que a malta que vem de lesões vá ganhando minutos, confiança, condição física, porque precisamos de todos. Esta reta final, principalmente do campeonato, vai ser bastante intensa, bastante competitiva. Temos de estar muito preparados e, para isso, precisamos da malta a 100%.
— Ganhar em Dortmund é um milagre? Para quando 90 minutos de Gyokeres?
— Eu compreendo as perguntas sobre o Viktor, tem tido um impacto grande no nosso campeonato e até a nível europeu e mundial. Está muito no dia-a-dia, é sentir com o atleta, sentir com o departamento médico também, o que podemos fazer. Não perder o atleta e, de alguma fora, voltar a ter problemas. Não queremos isso e temos de ter alguma dinâmica coletiva para termos o Viktor para 90 minutos. Gostava de o ter 90 minutos, mas é claro que ainda não tem essa disponibilidade. É sempre num diálogo entre departamento médico, jogador, treinador, para percebermos o que é melhor para o Viktor e para a equipa, para o termos a 100% o mais rápido possível. Em relação ao milagre, é difícil. Apesar de tudo, não merecíamos sair com um resultado tão dilatado. Na segunda mão, vamos disputar o jogo. A malta tem de desfrutar o jogo, com a responsabilidade devida e dignificar da melhor maneira o grande clube que representamos. Não temos pressão de nada e vamos dividir o jogo. Temos qualidade e, da nossa forma, temos de tentar ser competitivos na segunda mão.
— Não sente que deve dizer aos adeptos do Sporting qual a lesão de Gyokeres? Gyokeres e Morita assim têm utilidade?
— Não os utilizava e depois os outros jogavam 90 minutos? São os jogadores que temos. Ajustámos às nossas disponibilidades. Em relação a especificar lesões, desde que estou aqui, tirando lesões longas, não especificámos. Vocês é que estão a criar mistério. Ele teve um problema, parou, recuperou, está à procura da melhor condição física. Para mim é simples. Sinceramente, não tem lógica estarem tão preocupados com a especificação da lesão. O que é que muda? Não muda nada. Vocês vêem o vosso lado, nós vemos o nosso. Agora digo que o Viktor está com um entorse. Não está, é um exemplo. Não tenho dúvidas de que, no próximo jogo, a forma como o vão encarar é sabendo que tem um entorse. Não é maldade do adversário, vai ser inteligente e saber que ele tem um problema. Se calhar, o problema fica pior. Percebo o impacto que tem o Viktor e é normal que perguntem. Mas acho que não há necessidade de especificar a lesão.
— Além de Gyokeres, também não há informações sobre a lesão de Pedro Gonçalves. Porque é que não especificam essa lesão mais prolongada?
— A política do clube não tem sido essa. Não me compete especificar isso. Se estou preocupado? Não. Quero ter toda a gente. Como disse, o Sporting é campeão com o Pote, o Nuno [Santos], o Viktor, o Morita... tinha toda a gente, são jogadores muito importantes. Claro que eu queria ter toda a gente. Desde o primeiro momento que assumi que ia encontrar dificuldades e algumas lesões, que já tinha, mas há mais que me agarra à dificuldade. Acredito muito no nosso trabalho e na nossa competência. Estou zero preocupado. Gostava de ter toda a gente e estou ansioso para isso, porque a equipa fica melhor, tenho mais soluções, tudo. Agora, enquanto não tenho, tenho de arranjar soluções para ser competente. Temos estado fantásticos, tirando esta segunda parte. O Sporting vai lutar para ser campeão. Cheguei, estávamos a um ponto, estamos com quatro de vantagem. Somos a melhor defesa, o melhor ataque. Não sou médico, o Sporting tem grandes departamento e acredito neles a 1000%.