Amar Dedic no Benfica: potencial enorme à espera da mentalidade certa (perfil)

Tecnicamente muito evoluído, já jogou como lateral esquerdo, central e médio direito e esquerdo

Amar Dedic está praticamente fechado no Benfica. O internacional bósnio, nascido em Zell am See, na Áustria, é o escolhido pelos encarnados para acabar com o autêntico flagelo que se tornou o lado direito da defesa e que obrigou, nos últimos anos, a desviar para lá jogadores como Fredrik Aursnes e Tomás Araújo.

Na última época, o jovem de 22 anos teve uma temporada atípica. Começou no Salzburgo e transferiu-se no mercado de Inverno para o Marselha. Fez 12 jogos e três assistências no país em que nasceu, juntou-lhes mais 10 encontros e um passe decisivo pelo OM, ainda que também prejudicado por problemas físicos a nível dos adutores. No entanto, o tiro ter-lhe-á saída pela culatra, já que terá ele próprio provocado a transferência.

Expliquemos: Dedic queria sair no início da época, porém o Salzburgo não deixou e, a partir daí, o rendimento baixou ao ponto de transferi-lo ser um mal menor. Foi emprestado, com os franceses a pagarem ainda 1,5 milhões de euros, e uma cláusula no contrato que lhe daria a segurança de um vínculo em definitivo se jogasse metade dos minutos disponíveis — o Marselha ficaria obrigado a comprar o seu passe ao Salzburgo —, o que não aconteceu. Assim, recebeu guia de marcha de regresso à cidade de Mozart. Provavelmente já a contar com nova saída, não integrou a lista de convocados do clube da Red Bull para o Mundial de Clubes.

Dedic é há muito considerado um dos laterais mais promissores da Europa, apesar de não confirmar de vez tal estatuto. Destro, desenvolveu grande qualidade igualmente no pé esquerdo, o que fez que ao longo das épocas, incluindo na formação, tivesse passado por outras posições além da de defesa direito. Foi defesa esquerdo, central, médio direito e médio esquerdo, desempenhando as várias funções sem dificuldade de maior. É rápido, tem muito bom drible, cruzamento e qualidade de passe. A defender, é lutador e tem também boa capacidade de desarme.

Consegue pisar tanto junto à linha como pelos canais interiores, o que demonstra versatilidade, seja para jogar com extremos mais tradicionais ou de pé trocado. Em teoria, tem tudo para ser um jogador extraordinário.

É, contudo, muito temperamental. E, por vezes, a linguagem corporal está longe de ser a mais indicada, deixando transparecer esse carrossell de emoções que vive interiormente. No jogo com o Bayer Leverkusen, a 26 de novembro do ano passado, a contar para a UEFA Champions League, por exemplo, quando driblava pelo centro do terreno, teve um péssimo passe e parou de jogar, ficando a protestar com o colega, em vez de recuperar a posição.

Ao contratar Amar Dedic, o Benfica compra o potencial. Se correr bem, os eventuais 10 milhões pagos multiplicar-se-ão rapidamente. No entanto, tendo em conta o perfil do futebolista e os últimos tempos vividos, os encarnados, Bruno Lage incluído, não podem simplesmente contratá-lo e entregá-lo à sua sorte. Terão de perceber o que lhe tem faltado, a fim de que, finalmente, possa explodir de vez. Ou arriscam a que não tenha o impacto pretendido e o flagelo continue a ser... um flagelo.