Renivaldo Pereira de Jesus, vulgo Pena, brasileiro de 51 anos que jogou no FC Porto de 2000 a 2002, festeja, no Estádio das Antas, um golo obtido na Liga dos Campeões frente ao Panathinaikos a 12 de março de 2002
Agora com 51 anos, Renivaldo Pereira de Jesus, vulgo Pena, jogou no FC Porto de 2000 a 2002 (Foto: A BOLA)

Sucessões

OPINIÃO24.05.202506:00

JAM Sessions é o espaço de opinião de João Almeida Moreira, jornalista e correspondente de A BOLA no Brasil

Um dia, jogava ele no modesto Rio Branco, de Americana, o desafio chamava-se Cleber, xerifão do Palmeiras e mais temido central do Brasil na época. Num jogo do Paulistão de 1998, Renivaldo e Cleber disputam uma bola e quem cai no chão é o segundo. Luiz Felipe Scolari, treinador do Palmeiras, grita do banco «nunca vi o Clebão cair numa dividida, nunca vi um atacante derrubar o meu zagueiro, quero esse jogador!»

No Palmeiras mais vitorioso da história até então, Renivaldo enfrentou a seguir não um mas quatro desafios: os internacionais brasileiros Paulo Nunes, Oséas e Evair e o astro colombiano Asprilla. Achou espaço no onze mesmo assim.

Faltava o maior desafio: fazer esquecer Jardel, autor de 169 golos de cabeça, sobretudo, mas também pé direito e pé esquerdo e como fosse, em 175 jogos com as cores do FC Porto. Sem medo de comparações, Renivaldo, que a maioria já percebeu por esta altura ser conhecido no mundo do futebol por Pena, ganhou a Bola de Prata de 2000/01 com 22 golos (fez 29 somadas todas as provas), mesmo sem os dragões conquistarem o título — foi o vizinho Boavista — e apesar dos mais badalados Pierre van Hooijdonk e Beto Acosta, no comando de ataque dos rivais Benfica e Sporting.

Depois, é verdade, não se mostraria tão à altura dos desafios como até então mas fez, por uns tempos, o Tribunal das Antas esquecer o insubstituível Super Mário.

Vem esta história brasileira a propósito da grande questão do futebol português por estes dias: como reagirá o Sporting depois de perder, como se prevê, Viktor Gyokeres, talvez o maior goleador do futebol português pós-Jardel, em 2025/26?

Bom, o clube que não ganhava títulos seguidos desde os anos 50, ganhou aquele tetra já sem o maior goleador da história verde e branca — Fernando Peyroteo retirou-se após o tri anterior.

Mas os sucessores estavam em casa: os demais violinos e Martins foram dando conta do recado.

O Benfica foi campeão nos dois anos seguintes à despedida de Eusébio da Luz e ainda saudou a chegada de Nené, nove vezes melhor marcador dos encarnados na sequência.

O sucessor, outra vez, estava em casa. Bons sinais para Harder, Pote ou outro?

Voltando ao FC Porto, o sucessor de Fernando Gomes não estava em casa: Rui Águas, dois anos seguidos o goleador dos dragões, depois do longo reinado do Bibota, chegou do rival Benfica.

Porém, uma sucessão nunca é fácil, dirá João Pereira. E diz-nos também a história: em 1383, Portugal ficou dois anos a tentar reencontrar-se até à Batalha de Aljubarrota. Em 1580, a sucessão gerou 60 anos de jejum. Na Suécia, que no fundo é o país em causa, após a morte do rei Stenkil, em 1066, os candidatos à sucessão, Eric e Eric, mataram-se um ao outro e geraram uma crise.

Ou seja, há sucessões para todos os gostos. E até pode ser que Gyokeres suceda a Gyokeres, dirão os sportinguistas mais sonhadores.

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