BOLA DO DIA O tempo de Quenda (e outros)

OPINIÃO19.11.202409:00

Foi o momento de Tomás Araújo, Tiago Djaló e Fábio Silva. Não de Geovany Quenda, que falhou o recorde de Futre mas tem o tempo a correr a seu favor enquanto persegue sonhos

Aquebra acentuada de Nélson Semedo na segunda parte de Split até convidada à entrada de Geovany Quenda, mas ainda não foi desta, à segunda, que o jovem do Sporting fez a estreia pela Seleção Nacional.

Não vem daí mal ao mundo, ao de Quenda, menino de apenas 17 anos (e meio), a idade que tinha Paulo Futre quando conseguiu a primeira internacionalização, em 1983. «É um garoto que nasceu para o futebol. Portanto, não foi por quaisquer demagogias, mas sim por mérito próprio, que ele se estreou. Aliás, penso que, se não se deslumbrar, virá a ser um grande craque do nosso futebol», disse o selecionador de então, Fernando Cabrita.

Quenda já não bate esse recorde, mas é também garoto que chegou aos melhores do país por mérito próprio. Mesmo que a viagem à Croácia possa ter sido promovida pela circunstância do apuramento garantido, aliada à ausência de figuras mais experientes, nada belisca o mérito deste júnior de primeiro ano — como se dizia no meu tempo.

Este foi o momento de Tiago Djaló, que teve de fazer o seu caminho fora do Sporting (como Renato Veiga). De Tomás Araújo, que andou emprestado ao Gil Vicente, e só agora começa a confirmar o potencial que, dentro do Benfica, era até colocado acima de António Silva. A oportunidade de Fábio Silva, que chegou a chorar sozinho em casa, nos dias mais difíceis, e agora conseguiu tornar-se internacional como o pai, Jorge Silva.

O futebol está cheio de rasteiras, mas Quenda tem mostrado que sabe driblar. E se a qualidade técnica há muito andava na boca dos mais atentos — incluindo Roberto Martínez —, o que mais surpreendeu no processo de promoção à equipa principal do Sporting foi a maturidade demonstrada, ainda para mais numa posição que não pedia apenas desequilíbrio no último terço.

O que não é de estranhar é que Ruben Amorim possa querer alimentar o interesse em Quenda que o Manchester United começou a manifestar ainda antes da contratação do técnico. O «orçamento limitado», que a imprensa inglesa antecipa, pode travar tais intenções, mas encontrar alas no atual plantel dos red devils será um dos maiores desafios de Amorim.

Mesmo que as portas do Teatro dos Sonhos fiquem fechadas, o tempo corre a favor de Quenda, ator de apenas 17 anos (e meio). «Se não se deslumbrar», como Cabrita recomendou a Futre.