O que nos conta Martínez e Tomás Araújo

OPINIÃO16.03.202508:22

Explicação depois do lapso sobre o central do Benfica é sátira à comunicação no futebol português

No nos hagas tontos. Aqui a tradução do espanhol para o português não é exatamente literal, mas serve o propósito porque ninguém tem dúvidas sobre a mensagem: não nos façam de parvos. Que foi mais ou menos o que tentou fazer a Federação Portuguesa de Futebol com o esclarecimento que fez um assessor depois do selecionador de Portugal, o espanhol Roberto Martínez, ter explicado, em conferência de imprensa, que o defesa-central do Benfica Tomás Araújo não foi convocado para a Seleção Nacional porque «não está lesionado, atenção, mas tem uma lesão crónica».

Lesão em espanhol diz-se lésion, crónica diz-se crónica. Não há dúvida possível, muito menos quando se trata de um tema sensível. Mas esclareceu o assessor da Federação que se tratara de um erro de tradução porque o português não é a língua materna do treinador.

Por favor, não nos façam de parvos. Martínez disse o que disse. Porque recebeu a informação errada, não a compreendeu bem, ou se enganou a transmiti-la, o que fosse, isso é outra questão, mas a justificação encontrada foi ridícula.

Tomás Araújo lida com sobrecarga competitiva e precisa de descanso, razão pela qual não foi chamado à Seleção, isso não é segredo e vale como a informação oficial e verdadeira. Lesão crónica é outra coisa bem mais complexa e não caberá ao selecionador falar sobre isso no contexto em que foi.

Mas o que realmente podia ter sido só encarado como um lapso, melindroso, mas apenas isso, passou a ser mais um exemplo de como no futebol se comunica em Portugal — muitas vezes mal e algumas vezes a quererem hacernos parecer tontos.

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