FC Porto-Sporting: o que se decide no clássico
O que se ganha e perde no grande duelo no Dragão
O clássico de amanhã no Dragão acresce-se de importância decisiva para o FC Porto e desde logo para o interesse do jogo. Os azuis e brancos não podem deixar de vencer o Sporting, se quiserem continuar a alimentar a pretensão de conquistar o título. Empate ou derrota é o fim desse objetivo, se é que os portistas ainda o mantêm, após quatro jogos sem ganharem - incluindo duas derrotas e uma troca de treinadores - que os colocam a oito pontos do líder Sporting.
A chegada de Martin Anselmi, com consequências imprevisíveis, coincidiu com a saída de dois jogadores, dos mais renomados de um plantel delapidado de craques feitos. Galeno, ainda que abaixo de outras temporadas, principalmente depois da transferência gorada à última hora no defeso, estava pouco mais do que a cumprir nesta primeira metade da temporada a aguardar o previsto: a saída, enfim. A outra, a de Nico Gonzalez, ainda que jovem e influente médio, surpreendentemente a cativar um dos colossos europeus, Manchester City. Ambos por 50 e 60 milhões de euros, respetivamente. Extraordinários negócios (estritamente do ponto de vista económico) para o FC Porto.
Baixas no plantel que retiram ainda maior pressão ao novo técnico, que varrido o desde sempre mal-amado pelos adeptos Vítor Bruno tem inegável margem de tolerância ampla da direção do clube... e dos adeptos. Um triunfo sobre o Sporting, mais do que balão de oxigénio na temporada, representaria um estímulo motivacional não desprezível para as hostes portistas.
Os leões, mais do que em estado de graça - que não estão desde a saída de Ruben Amorim e do descalabro de João Pereira -, têm eventual queda no Dragão amortecida por almofada conferida por seis pontos de vantagem sobre o Benfica, no segundo lugar. Os verdes e brancos não jogam tanto como a folgada liderança pressupõe. Longe vai a autoridade e a hegemonia dos tempos de Amorim e Rui Borges ainda está a tomar o pulso à equipa e a incutir-lhes ideias próprias.
O clássico será um teste ao estado de saúde do leão, à sua efetiva vitalidade. Mais uma vitória em casa do rival, ainda que este sem o fulgor de outras épocas, seria bem mais do que um check-up positivo. Significaria, desde logo, um passo de gigante para a revalidação do título. Além do impulso desse êxito, seria cumprimento bem-sucedido de mais uma etapa de grau de dificuldade elevado no que resta do campeonato. A manter-se a seis pontos do Benfica, mesmo com a deslocação à Luz, não se vislumbra a este Sporting que possa desbaratar tão extenso avanço (e ascendente anímico) e se espalhe-se ao comprido na corrida ao título. E nem neste Benfica (mesmo com Manu, Bruma, Belloti), a capacidade para garantir uma folha limpa, só com vitórias, até ao final da prova, indispensável para ainda almejar o cetro. Todavia, a derrota dos leões no Dragão reabriria a contenda. Pelo menos, até a águia não ter outra (re)caída...