Fazer mais com menos
Rúben Amorim levou a melhor sobre Roger Schmidt no dérbi de Alvalade (MIGUEL NUNES)

Fazer mais com menos

OPINIÃO11.04.202409:39

Rúben Amorim reconstruiu um grupo. Já Roger Schmidt parece ter cada vez mais dificuldades em gerir a abundância

Semana muito produtiva para o Sporting. Ganhou os dois duelos com o eterno rival - o 2-2 na Luz tem de ser considerado uma vitória -, qualificando-se para a final da Taça de Portugal e aumentando a vantagem no topo da Liga para quatro pontos, isto quando ainda tem um jogo em atraso. Não podiam pedir mais os sportinguistas, depois de terem terminado a anterior campeonato no quarto lugar.

Foi o Benfica que partiu para esta temporada como claro favorito, ou não fosse o campeão em título. Manteve Roger Schmidt e grande parte da equipa campeã - Grimaldo e Gonçalo Ramos foram as únicas saídas de peso, já que a de Vlachodimos foi por opção do treinador. Para compensar, e com os cofres fortalecidos com os 185 milhões (!) das transferência do ponta de lança português e de Enzo Fernández (este no início do ano), chegaram Trubin, Bernat, Jurásek, Kokçu, Di María e Arthur Cabral. Contas arredondadas, 75 milhões de euros de investimento. Um luxo, claro. Até por ter superado o do Sporting, que pegou nos cerca de 40 milhões que lhe pertenceram da transferência de 60 de Ugarte para o PSG e de mais 40 de Porro para o Tottenham (também no início do ano) para equilibrar as contas e simultaneamente investir em reforços. Rúben Amorim subiu a fasquia no defeso e a Administração necessitava de mais para colocar à disposição do treinador os jogadores pretendidos e teve uma cartada de mestre. Vendeu Tiago Tomás e Chermiti e com esses 20 milhões garantiu Gyokeres! Depois chegaram ainda Hjulmand e Fresneda. Contas arredondadas, 50 milhões. Para o comum dos adeptos, uma aposta de risco, dado o modesto currículo das contratações.

Águias e leões mantiveram-se na frente até à reabertura do mercado e aí o Benfica goleou. À Luz chegaram Marcos Leonardo, Rollheiser, Prestianni e Álvaro Carreras e a Alvalade apenas Koindredi. Contas arredondadas, 40 contra 4 milhões!

Nada que fizesse diferença dentro do campo. Uma equipa é mais do que a soma das individualidades e o Sporting está a provar que é possível fazer mais com menos. Tem, claro, mais-valias, com Gyokeres acima de todas, mas não tem a qualidade do plantel do Benfica. Só que Rúben Amorim conseguiu (re)construir um grupo, enquanto Roger Schmidt parece ter cada vez mais dificuldades em gerir a abundância. Como se viu, por exemplo, no último dérbi. O português lançou durante a partida Daniel Bragança, depois Diomande e Edwards e ainda Paulinho e… Koindredi, o tal dos 4 milhões de janeiro. Já o alemão deixou no banco de Alvalade 70 milhões (!) em reforços: Arthur Cabral, Marcos Leonardo e Kokçu. O primeiro ainda entrou aos 70 minutos, já os outros só aos 90+3…