Coates, o pilar dos títulos do Sporting
Sebasitán Coates na festa do título. Central ruma ao Uruguai, para jogar no Nacional. IMAGO

Coates, o pilar dos títulos do Sporting

OPINIÃO10.07.202408:30

O legado de quem fica, mais jovem, é enorme. E a responsabilidade de manter a unidade que levou aos títulos também. Porque mesmo com os Gyokeres, se não houver os Coates fica mais difícil ganhar. - 'Quarta Registada', o espaço de opinião de Nuno Raposo

Em quatro temporadas o Sporting conquistou dois campeonatos – 2020/2021 e 2023/2024. Significativo para qualquer clube, porém mais ainda para os leões, que em 42 anos apenas foram campeões quatro vezes, duas séries de dois – a outra foi a de 1999/2000 e 2001/2002. A primeira da mais recente série foi a que ficou marcada pelo despontar de jovens que viriam a dar muitos milhões de euros aos verdes e brancos: Pedro Porro (€45 M), Nuno Mendes (€45 M), Palhinha (€22 M) e Matheus Nunes (€45 M), num total de 157 milhões de euros. A segunda foi a de, sobretudo, Gyokeres, sueco que revolucionou a forma de jogar dos leões, figura máxima da Liga. No entanto, em ambos houve um elemento, discreto, que foi o pilar: Sebastián Coates, 33 anos.

«Sebastián Coates. Definição: um líder por natureza. O barómetro do balneário. A bússola. A segurança de um grupo. A crença, o foco no coletivo, no mérito, no rendimento, na harmonia, no respeito pelas regras, na liberdade individual com responsabilidade.»

Esta definição do capitão ganha ainda mais relevo por ser da autoria de um dos elementos mais experientes do plantel que na última época levantou o troféu de campeão, Luís Neto, também ele na hierarquia dos que podiam usar a braçadeira no braço esquerdo. Reforça isto a convicção que tenho em que sem Coates os leões teriam muito mais dificuldade em ter sido campeões. Em 2022/2021 seguramente também porque o uruguaio marcou golos decisivos – por exemplo em Barcelos com o Gil Vicente, 1-1 aos 83’ e 2-1 aos 90+1’; com o Santa Clara em Alvalade, o 2-1 aos 90+3’. Mas sobretudo, em ambos os títulos, por aquilo que Luís Neto escreveu na despedida do capitão.

Quem segue de perto o dia a dia do Sporting notou que as duas épocas vencedoras não foram apenas o despontar dos craques da Academia na primeira e os golos de Gyokeres na segunda. Foi sobretudo a união e o ambiente de pertença que se transformou na vontade imensa de vencer. Tanto em 2020/2021 como em 2023/2024 o plantel foi uma unidade e não apenas um grupo de jogadores. E o pilar foi Sebastián Coates.

Com a partida do capitão para uma reforma antecipada no Nacional, de forma inesperada depois da renovação mas justificada pelos problemas de saúde de familiar no Uruguai, o leão perde o pilar. Perdeu também os outros alicerces no balneário, Adán mas sobretudo Luís Neto. Por isso o legado de quem fica, mais jovem, é enorme. E a responsabilidade de manter a unidade que levou aos títulos também. Porque mesmo com os Gyokeres, se não houver os Coates fica mais difícil ganhar.

SELO DE GOLO

‘A por ellos’, grito dos espanhóis antes dos jogos, que é como quem diz ‘vamos a eles!’ E tem sido Espanha a mandar neste Europeu, com o futebol mais vistoso. ‘Nuestros hermanos’ estão na final, ontem bateram a França e com um menino feito homem: Lamine Yamal, 16 anos, marcou e já é o mais jovem de sempre a fazê-lo em fases finais de grandes provas de seleções