A luz interior de João Félix
Se João Félix regressar ao Benfica, será apenas no final de agosto. Não vejo outro cenário, e mesmo esse é, por esta altura, muito especulativo. João Félix é um jogador cujo salário está muito acima da realidade financeira do Benfica e, tendo contrato com o Chelsea até 2031, é expectável que o clube inglês procure ofertas de compra ou, no limite, aceite um empréstimo, desde que o clube de destino assuma a totalidade ou grande parte do seu ordenado.
Recentemente, numa intervenção num congresso organizado pela Associação Nacional de Dirigentes de Futebol, Futsal e Futebol de Praia, Deco destacou dois pontos importantes sobre João Félix. Por um lado, reconheceu a sua boa época no Barcelona (44 jogos, 24 como titular, 10 golos e 6 assistências). Por outro, apontou que Félix é um jogador que «pede um lugar no 11 demasiado cedo» e «desiste fácil nos maus momentos». Isso é absolutamente verdade. O talento de João Félix e o seu sorriso nos picos altos desvanecem-se quando passa para o banco e começa progressivamente a ter menos protagonismo. Se este padrão continuar, será difícil justificar a sua convocatória para o Mundial de 2026, caso Portugal se qualifique.
Aliás, Félix já perdeu espaço na Seleção, onde outras opções mais competitivas e motivadas têm ganhado destaque. Num futuro próximo, nomes como Rodrigo Mora poderão assumir-se como referências da equipa nacional. Félix tem, portanto, de fazer uma escolha de carreira: ou volta a tentar a sua sorte num clube dos 'Big-5', ou regressa ao Benfica, onde não é garantido que vingue, mas dá-lhe mais possibilidades de isso acontecer. Há ainda a questão financeira. Faz sentido o Benfica suportar 7 ou 8 milhões de euros brutos anuais em salário (bem menos do que o futebolista ganha no Chelsea, mas será o limite para os encarnados) para garantir Félix por um ano? A compra do passe nem sequer parece ser uma possibilidade realista. Além disso, existe o risco inerente a este regresso, tanto para o jogador como para o Chelsea.
Uma coisa é Félix não vingar num clube como o Milan; outra, bem diferente, é regressar ao Benfica, clube que o projetou, e também não corresponder às expectativas, algo que pode afetar ainda mais o seu valor de mercado. Embora por razões de ordem física, o caso de Renato Sanches é um exemplo claro: o regresso ao Benfica não trouxe benefícios nem para o jogador, nem para o Benfica e PSG, e Sanches acabou por se tornar um ativo ainda mais desvalorizado. A gestão de expectativas, o planeamento estratégico e o apoio contínuo são elementos fundamentais para que Félix, voltando ao Benfica, possa ser bem-sucedido, porque carinho já ele tem garantido das bancadas da Luz.
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