À espera dos resultados lá fora
Miguel Nunes

OPINIÃO À espera dos resultados lá fora

OPINIÃO12.03.202406:00

De visita a Glasgow, Benfica é quem tem mais em jogo na semana europeia

Se o debate político está pendente das votações dos círculos eleitorais do estrangeiro, que levarão alguns dias a apurar, a atualidade desportiva vai viver muito também dos resultados europeus de FC Porto, Benfica e Sporting. Em nenhum dos casos será suficiente para fechar análises às campanhas, mas ajudará a traçar expectativas para os próximos meses.

O FC Porto quer continuar a capitalizar a goleada ao rival Benfica, mas Sérgio Conceição é o primeiro a dizer que o clube vive de títulos e não de vitórias isoladas, e dizer adeus à Liga dos Campeões seria fechar mais uma porta.

A pressão é gerada pelos resultados no campeonato, que os dragões têm mais a ganhar do que a perder na eliminatória com o Arsenal. Avançar para os quartos de final ajudaria a disfarçar o terceiro lugar da Liga, mas ninguém pode exigir o título europeu, nem tão pouco a eliminação do opositor inglês. O Arsenal continua favorito, embora agora um pouco menos, por força da derrota no Dragão. Enganar a equipa de Mikel Arteta uma segunda vez é tarefa complicada, mas Conceição já mostrou que é nestes desafios que revela a sua melhor faceta.

O Benfica é quem tem mais em jogo, nesta semana europeia. Desde logo por ser favorito na eliminatória, apesar do empate com o Rangers na Luz, e também porque tem pergaminhos mais do que suficientes para que os adeptos pensem na conquista de uma Liga Europa.

Além disso, os resultados nos duelos recentes com Sporting e FC Porto, em linha com um registo exibicional pobre, deixam Roger Schmidt com margem reduzida junto dos adeptos, e não é uma vitória com o Estoril que altera substancialmente o cenário. Nesse sentido, Glasgow será bem diferente de Londres, e até de Bérgamo: há mais a perder do que a ganhar. Se o Benfica passar, faz pouco mais do que a sua obrigação. Se for eliminado, alimentará a ideia de que a indefinição estratégica que evidencia em campo pode comprometer os objetivos da temporada.

O Sporting tem a margem de erro concedida a quem lidera a Liga, ainda por cima com um jogo a menos. A consistência da equipa de Rúben Amorim permite que a ambição vá além da eliminatória com a Atalanta, possa até chegar à final de Dublin, mas o treinador leonino já deixou claro — ainda agora, em Arouca — que a prioridade é voltar a festejar o título nacional, e poucos adeptos terão audácia para questionar essa hierarquia. Não por falta de profundidade no plantel, que só a indisponibilidade de Gyokeres seria motivo de alarme, tendo em conta o modo como o avançado sueco projetou positivamente a forma de jogar da equipa. É, antes de mais, a consciência de que festejar o título nacional com maior regularidade deve ser o pilar da ambição sportinguista, até porque só assim o contexto internacional pode ser encarado com outro sustento. Amorim sabe que ainda não tem nenhum troféu na mão, mas prefere centrar o esforço no que é mais real.