A entrevista de Pinto da Costa
Pinto da Costa. Foto: FC PORTO

EDITORIAL A entrevista de Pinto da Costa

OPINIÃO23.11.202309:15

O pior momento do líder portista foi quando disse que, sem claque, a equipa ficava sozinha

Como se previa, teve assinalável impacto nacional a entrevista que o presidente do FC Porto concedeu à SIC. O momento era de expectativa, sobretudo depois dos tristes incidentes ocorridos na última assembleia geral do clube, de serem conhecidos os sinais de alerta sobre a atual situação financeira e, ainda, de se saber do anúncio de uma pré-candidatura de André Villas-Boas, que está disponível a defrontar o líder histórico do FC Porto nas próximas eleições.

Não foi um dos momentos mais brilhantes de Pinto da Costa. Apesar da sua incontestável qualidade comunicacional e de parecer manter toda a lucidez de um pensamento escorreito e criativo, o presidente do FC Porto denotou evidentes dificuldades em abordar alguns dos temas mais polémicos, o que o obrigou a cometer lapsos que, nele, são invulgares. A ideia de defender a todo o custo os Super Dragões, com o argumento de que nos jogos fora, se não for a claque oficial portista, a equipa fica a jogar sozinha e sem apoio do público não terá passado despercebida aos milhares de sócios e adeptos portistas que acompanham o clube por todo o país e nem integram, nem se reveem na tal guarda pretoriana de que falava André Villas-Boas.

Não foi, porém, o único momento infeliz. Tudo o que rodeou a questão da violência na última assembleia geral causou uma certa perplexidade. Sobretudo, quando afirmou que, apesar de tudo, não «houve tiros» e que o mal não esteve nos atos de violência, nem em quem os protagonizou, mas na transmissão para o exterior (chegou mesmo a referir «para os nossos inimigos») das imagens reais dos acontecimentos.

Pinto da Costa também não foi muito convicto na hesitante certeza do clube chegar ao final de dezembro já com capitais próprios positivos, nem na elaboração daquela ideia peregrina de que o aparente colapso da gestão financeira da SAD não passou, afinal, de uma estratégia bem calculada e controlada e que os sócios não vão ao museu do Dragão para verem as contas.

Não foi, pois, uma boa prestação televisiva, mas também é verdade que o momento não era propício a brilhantismos.

Nota final: A casa de André Villas-Boas voltou a ser vandalizada e um dos seus seguranças agredido. A intimidação é o objetivo evidente. Não basta a polícia tomar conta da ocorrência.