Luís Filipe Vieira em comunicado: «Ao contrário do que se observa no presente, posso invocar uma “obra” reconhecida pelos benfiquistas.»

A candidatura de Luís Filipe Vieira

Se Vieira for mesmo a jogo, a estratégia da restante oposição deverá ser repensada, porque passa a ter mais do que um alvo. Já Rui Costa irá preparar-se para outro tipo de ataques, tendo como principal trunfo um bom arranque do futebol do Benfica em 2025/26...

Se for desejo de Luís Filipe Vieira concorrer à presidência do Benfica nas eleições de 25 de outubro; se conseguir as assinaturas necessárias para o efeito; e se não houver qualquer impedimento estatutário; estaremos então em presença de uma candidatura tão legítima como as demais, mas que introduzirá elementos inesperados numa corrida que já se antevia extremamente renhida. 

Presidente do Benfica entre 3 de novembro de 2003 e 15 de julho de 2021, Vieira viu-se então compelido a abandonar a liderança das águias, na sequência de problemas com a justiça que alegadamente envolveriam o clube da Luz. Quatro anos volvidos, e sem que os processos estejam encerrados, nada de concreto foi provado contra Luís Filipe Vieira, que viu o Benfica realizar, entretanto, uma auditoria forense aos anos da sua presidência.  

Sem fazer juízos de valor quanto às motivações e méritos desta decisão de se apresentar novamente ao escrutínio dos sócios, e partindo do princípio de que a candidatura chegará a votos, é inevitável que seja feita uma extrapolação das consequências do regresso à ribalta encarnada do homem que esteve à frente dos destinos do clube durante quase 18 anos.  

Do ponto de vista do próprio - e os votos dirão se a realidade onde entende estar a movimentar-se é real ou virtual – um ex-presidente que ergueu o clube das cinzas, dotou-o de infraestruturas de primeiro mundo, venceu seis Ligas e esteve em duas finais da Liga Europa, continuará a merecer o reconhecimento dos sócios. Quanto ao discurso que irá adotar, além de recordar tudo o que foi feito durante a sua gestão, Luís Filipe Vieira não deixará de atacar Rui Costa (chamem-lhe ‘vendetta’, se quiserem), como foi fazendo em algumas entrevistas ao longo dos últimos quatro anos, apostando sobretudo em alguma ‘inside information’ recolhida ao longos da coabitação na Luz com aquele que considerou ser o seu ‘delfim’. 

Do ponto de vista dos outros oposicionistas a Rui Costa, a entrada de Luís Filipe Vieira na equação significará a impossibilidade de assestar todo o fogo no atual presidente, porque estão obrigados a guardar algumas munições para Vieira, sob pena de, se não o fizerem, estarem a dar uma vantagem estratégica ao antigo líder encarnado. E perante o que se espera do discurso da campanha de Luís Filipe Vieira, tentar colocá-lo no mesmo saco de Rui Costa, sob o chapéu do ‘vieirismo’, implicará o perigo de entrarem em incoerências várias.

Rui Costa

 Finalmente, Rui Costa, que por umas razões e outras vai estar no ponto de mira de todos os restantes candidatos (numas eleições que podem ter segunda volta...), o que pode fazer além de justificar-se das acusações, algo que em tempo de campanha tem escassa eficiência? Apresentar resultados desportivos será o seu melhor (e quiçá decisivo) argumento: resultados convincentes na recomposição do plantel, nas expetativas que serão criadas para a nova época e, acima de tudo, entrar na Champions e começar bem a Liga.  

Mas a confirmar-se a entrada de Luís Filipe Vieira na corrida à presidência do Benfica, tenha ou não hipóteses de vencer, estaremos perante um daqueles factos que marcam o antes e o depois...