Villas-Boas: «Eleições da Liga? Há conluio, facilitismo, favoritismo e o sonho de um eldorado em direitos audiovisuais»
No artigo que assina na revista Dragões da edição do mês abril, André Villas-Boas volta a falar de temas sensíveis que marcam a atualidade do futebol português, desde a não eleição de Pedro Proença para o Comité Executivo da UEFA, mas também as eleições para o próximo presidente da Liga, deixando nesse particular duras críticas a Benfica e Sporting.
«Não poderia terminar sem me referir aos acontecimentos recentes e lamentáveis, que vieram colocar em destaque a paz podre em que o futebol português vive há vários anos. Com um elenco federativo eleito há cerca de um mês, um comité olímpico ainda mais recente e em pleno processo eleitoral para a Liga, com a aproximação de exigentes desígnios como a candidatura à receção do Europeu de Futebol Feminino no nosso país, em 2029, e a coorganização do Mundial em 2030, é fundamental agir com bom senso e responsabilidade para não manchar ainda mais a reputação do nosso país nas mais altas instâncias do futebol europeu e mundial. Teria sido muito importante manter um representante no comité executivo da UEFA e estar no cerne das discussões críticas que marcam o futebol mundial. Por conseguinte, é fundamental congregar esforços e encurtar distâncias entre instituições para recuperar a nossa posição no próximo mandato», criticou, prosseguindo o seu raciocínio: «É por isso que todos temos de nos preocupar com as eleições da Liga. Deveríamos estar a discutir propostas, equipas, planeamento, estratégia, valorização e crescimento, e deveríamos fazer perguntas e obter respostas dos candidatos na cimeira de Presidentes da Liga. No entanto, o que está a acontecer é o oposto. Há conluio, facilitismo, favoritismo e o sonho de um eldorado em direitos audiovisuais que jamais chegará, como facilmente se pode perceber pelas tendências recentes noutros países europeus e com ligas melhor classificadas», acusa.
André Villas-Boas não se conforma e continua ao ataque: «A quem interessa que continuemos a viver nesta paz podre por mais tempo? A quem interessa, como já referi publicamente, um certo desalinhamento entre os três grandes e continuarmos a adiar discussões sobre a centralização dos direitos televisivos, o VAR e outros temas que continuam em atraso? A quem interessará dar um passo atrás no caminho para a dignidade, transparência e ética do futebol português? A quem interessa esta vacuidade? A quem interessa? Nós sabemos a resposta. Os nossos rivais e outros situacionistas também sabem disso, mas não lhes interessa. O fado do futebol português não é ser pequeno; temos de dar passos em frente. Para esse propósito maior, só para esse, contem com o FC Porto», promete.