O momento em que Froholdt bate Oblak (foto Catarina Morais)

Victor Froholdt é como o algodão

Francesco Farioli chegou e, discreto, já colocou a impressão digital neste FC Porto. Será que a distância para Sporting e Benfica ainda é assim tão grande? Tenho dúvidas...

A caricatura que era a equipa de Martín Anselmi, que se prestou a uma enfadonha figura no Mundial de Clubes, é, definitivamente, caso encerrado no FC Porto. Foi há pouco mais de um mês (24 de junho) que os azuis e brancos se despediram sem honra nem glória da prova nos Estados Unidos, mas a verdade é que parece que já passou um ano, tamanho foi o salto que, em tão curto espaço temporal, a equipa já deu com Francesco Farioli. Para trás ficou um sistema de três centrais completamente ilógico e no qual praticamente todos os jogadores se sentiam como peixe fora de água e o italiano trouxe um 4x3x3 enérgico, pressionante e tudo parece encaixar bastante melhor.

A primeira parte de ontem, frente a um poderoso adversário como o Atlético de Madrid — os adeptos dos colchoneros não se cansam de, ano após ano, verem a equipa praticar um futebol tão... sofrível, mesmo com investimentos no mercado assinaláveis? —, o FC Porto mostrou-se em excelente nível e de imediato comecei a pensar se, ao dia de hoje, a diferença para Sporting, de anos-luz em 2023/24, será, afinal, tão ampla e que justifique não colocar os azuis e brancos quase ao mesmo nível dos rivais lisboetas.

O trabalho de André Villas-Boas e do seu círculo mais próximo no mercado tem sido, até ao momento, categórico, e o investimento, colossal se apenas olharmos para ele isoladamente, não foi tão grande assim quando feitas as contas àquilo que a SAD encaixou com vendas de jogadores desde há um ano. É natural, por isso, que haja bastante mais desafogo financeiro do que aquele que Villas-Boas herdou de Pinto da Costa, em abril de 2024, e os resultados estão à vista.

Pré-época é pré-época e vale o que vale, é certo, mas há sinais que não enganam. E Victor Froholdt é um deles. Que jogo assombroso do menino dinamarquês, um prodígio que salta à vista e que, meritoriamente, o FC Porto conseguiu contratar sem grande alarido. De resto, tem sido essa a nota dominante do mercado pelos lados do Dragão e terão os adeptos sorrido com a grande surpresa de ontem, com a aparição de um tal Luuk de Jong no relvado como reforço para o ataque. A velocidade e agilidade do neerlandês (a bater à porta dos 35 anos) já não serão as de outros tempos, mas convenhamos: ter alguém que marcou 56 golos (e fez mais 29 assistências) em 95 jogos nas últimas duas temporadas, num campeonato do mesmo nível do português, como backup de Samu dará noites mais bem dormidas a Farioli do que ter de fazer contas com Deniz Gul ou Namaso...