Equipa de Unai Emery deu grande demonstração de resiliência, mas parisienses carimbaram o apuramento para as meias-finais com agregado de 5-4. #DAZNChampions

Uma Champions socialista e com assinatura

A liga milionária, capitalista, vai elevar ao Olimpo trabalhos de inspiração coletiva, sem uma grande figura central, e com assinatura indelével dos respetivos treinadores

PSG, Arsenal, Inter e Barcelona são, com todo o mérito, os semifinalistas da Liga dos Campeões. Três trabalhos consolidados por Luis Enrique, Mikel Arteta e Simone Inzaghi, que acumulam alguns anos ao leme das respetivas equipas, e outro, que também inclui assinatura, do alemão, Hansi Flick, embora com menos tempo de gestação (embora nem por isso com menor impacto) num Barcelona, que antes da sua chegada até parecia reclamar um líder com ligação mais profunda a La Masia.

As quatro equipas refletem ainda um futebolista mais socialista, de visão coletiva e sem superestrelas, ainda que o conceito seja sempre relativo quando nos lembramos dos 70 milhões pagos por Kvaratskhelia, depois dos 60 e 50 milhões que custaram respetivamente João Neves e Doué; os 31 dados por Frattesi; os 55 reclamos por Olmo; ou os 87 no total que saíram dos cofres do Emirates por Calafiori e Merino. Também seria preciso retirar o rótulo de craque a Lewandowski, Lautaro, Lamal, Raphinha, Dembélé, Odegaard, Saka e outros, o que não faz sentido. No entanto, são estrelas a trabalhar sobretudo para o coletivo, preocupados tanto no momento com bola como quando alguém a perde e é necessário recuperá-la.

Dos quatro emblemas, a maior transformação foi certamente a que se verificou na Cidade-Luz. Luis Enrique, que já tinha recusado treinar os franceses quando lá coabitavam Messi, Neymar e Mbappé, aceitou o desafio quando restava o francês para hoje já nem dele precisar dar corpo à esperança da tão aguardada conquista da Liga dos Campeões. Mais, o espanhol, figura imensa para lá do treinador, mesmo com a má vontade habitual para a Imprensa, o que se poderia virar contra si, preferindo dirigir-se diretamente aos adeptos, lavou por completo a face de um clube-Estado, que continua a ser mais rico do que os outros e ganhar facilmente dentro de portas, e era certamente odiado pelos mais tradicionalistas, no mais sexy da atualidade. Bastou um homem com uma personalidade apaixonante, uma filosofia de jogo coletivo, que teve a contribuição óbvia do português Luís Campos na construção de um grupo de trabalho para hoje e amanhã, e jogar bem à bola para tamanha metamorfose.

Vêm aí duas meias-finais tremendas. Um Inter competitivo há várias épocas diante de um Barcelona jovial e empolgante, e o tal PSG sensual a enfrentar um Arsenal de grande quilate. De cinema!