Um clube «sem casa» que sabe o que é ganhar em Alvalade
É desde o Qatar, onde está a acompanhar o Mundial sub-17 que o presidente do Marinhense, João Carlos Pereira, fala com A BOLA sobre o grande dia que o clube vai viver no sábado, com a visita a Alvalade para defrontar o Sporting.
O antigo treinador, que na Liga orientou clubes como a Académica, Nacional ou Belenenses, concilia o cargo na direção do clube da Marinha Grande com o de coordenador da formação dos sauditas do Al Ula e passa muito tempo fora do país, ainda que conte estar presente em Alvalade.
«Jogar contra um clube grande é sempre um prémio, não só para os nossos jogadores, mas sobretudo para os adeptos, que têm a oportunidade de ver a nossa equipa jogar contra uma equipa de uma grandeza como a do Sporting», começa por dizer.
O dirigente lembra que esta não será a primeira vez que os clubes se defrontam, ainda que o último confronto tenha sido há 60 anos… e resultado numa grande surpresa.
«Sinto-me extremamente satisfeito, porque o Marinhense é um clube que tem história. Nós temos mais de 100 anos de existência e, curiosamente, a última eliminatória da Taça em que nos calhou o Sporting, na altura a duas mãos, foi no ano em que eu nasci. E apesar de termos perdido na Marinha Grande [4-0], depois fomos ganhar a Alvalade [2-1]», recorda sobre uma altura em que o clube vidreiro competia na 2.ª divisão.
«O Marinhense nunca chegou à liga, mas era um clube que se batia com os melhores para subir. Entretanto foi perdendo as vantagens competitivas que tinha por ser de uma cidade operária, que conseguia atrair alguns jogadores porque o futebol ainda não era profissional. Hoje a diferença que separa o clube do Sporting é completamente diferente», reconhece.
Nesse sentido, o que João Carlos pretende é que se viva, no verdadeiro sentido da expressão, a festa da Taça.
«Para nós, este jogo tem de ser encarado como uma celebração, como um prémio e um momento de desfrutar da oportunidade de jogar contra uma das melhores equipas do país e da Europa. O bicampeão nacional e vencedor da Taça Portugal», receita.
O Marinhense volta a defrontar um grande clube do futebol português quando vive um momento delicado que, de resto, se arrasta há alguns anos e que desportivamente tem resultado em descidas e subidas entre o distrital e o Campeonato de Portugal. Mas pior do que isso, fez com que o clube perdesse a casa de tantos anos, o campo da Portela.
«A Portela é o campo que eu e gerações ainda anteriores à minha conheceram como o estádio do clube. Só que a dada altura o Marinhense esteve em vias de perder esse património, por dívidas, e no limite apareceu um sócio que na altura era vice-presidente e pai do presidente na altura, o Mário Fernandes, que ajudou o clube. Chegou-se à frente e fez aquilo que provavelmente ninguém faria. Mas chegou a uma altura em que ele, após a mudança da direção, exigiu o pagamento. Com todo o direito, só que infelizmente o clube não tem, atualmente, condições para lhe pagar. Temos procurado encontrar soluções para reaver o campo, mas não tem sido fácil porque envolve muito dinheiro», lamenta.