Nélson Oliveira celebra o primeiro golo vimaranense - Foto: Rogério Ferreira/Kapta+
Nélson Oliveira celebra o primeiro golo vimaranense - Foto: Rogério Ferreira/Kapta+

Três golos com embalagem e lacinho mas o Vitória mereceu os presentes

Embora tenha sido para a Taça da Liga, a verdade é que houve Taça no Dragão. O que chegou a parecer um passeio para a equipa de Farioli, acabou em pesadelo, com os vitorianos a trocarem a bola nos minutos finais, perante um dragão irreconhecível, desinspirado, e com um espírito natalício antecipado, tal a generosidade demonstrada nos lances dos golos dos forasteiros. A estratégia corajosa de Luís Pinto, que acabou em modo ‘tiki-taka’, rendeu dividendos...

Quem não viu o jogo e apenas se informou através dos números finais do FC Porto-V.Guimarães, seguramente ficou a pensar que aconteceu no Dragão uma batalha campal: foram assinaladas 44 faltas, mostrados 12 cartões amarelos aos jogadores de campo, e quatro vermelhos a elementos do banco. É certo que o jogo foi mais vezes mal jogado que bem jogado, especialmente numa primeira parte de ritmo baixo e futebol incipiente, mas este número de infrações e as cartolinas que saíram do bolso do árbitro, dariam, mais coisa menos coisa, para três jogos da Champions... 

Com um calendário exigente, ambos os treinadores, mais Farioli que Pinto, apresentaram equipas com novidade e há que dizer que as que surgiram do lado dos dragões não foram boas. Não é todos os dias que se vê um conjunto azul-e-branco com tantas faltas de concentração, que estiveram na base dos golos dos Conquistadores. E nem pode dizer-se que os erros foram cometidos por jogadores inexperientes, que acusaram o ambiente. A primeira oferta em mês de Natal chegou através de Pablo Rosário (29 vezes internacional pelas seleções jovens dos Países Baixos e nove pela seleção da República Dominicana, com 287 jogos disputados, no PSV e no Nice), a segunda foi obra de Alan Varela (219 jogos no Boca Juniors e no FC Porto) e a terceira deveu-se a Stephen Eustáquio (152 jogos pelo FC Porto e 54 pelo Canadá).  

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Depois dos erros fatais, a desinspiração, um vírus que contaminou quem andou de azul e branco dentro das quatro linhas, a que nem os virtuosos Mora e William Gomes escaparam. E o FC Porto até começou a ganhar... 

QUASE DOIS A ZERO 

Frente a um Vitória que se mostrou atrevido, 4x3x3 com bola e 4x4x2 com pressão alta, sem ela, os dragões pareciam ter feito o mais difícil quando um passe teleguiado de Pablo Rosario, estavam jogados oito minutos, sobrevoou Oscar Rivas, e foi superiormente recebido por Gabri Veiga, que aplicou um chapéu de ‘design’ sofisticado a Juan Castillo. E quando aos 21 minutos João Mendes cortou a bola com o braço e Hélder Carvalho assinalou grande penalidade, pensou-se que a questão ia ficar definitivamente arrumada. Porém, e bem, Tiago Martins descortinou uma falta de Alan Varela sobre Samu, que deu início à jogada (o árbitro estava a cinco metros e a olhar para o lance e mandou jogar!), e o 1-0 persistiu no marcador.

A partir desse instante, os donos da casa enervaram-se, perderam a confiança inicial e deram todos os sinais ao Vitória de que estavam vulneráveis: não saiam a jogar de trás, tolhidos pela pressão alta que começava em Nélson Oliveira e Samu, e quando a bola chegava à frente era maltratada. Mas mesmo neste contexto, os vitorianos não pareciam capazes de assustar Cláudio Ramos, até que Pablo Rosário teve uma paragem, hesitou com bola, foi desarmado, e cometeu falta dentro da área de rigor sobre Camará, que Nélson Oliveira converteu no empate. Se a tudo isto juntarmos, nos 45 minutos iniciais, 7 cartões amarelos e 19 faltas, percebe-se que foi toda a gente para as cabinas sem deixar saudades. 

FARIOLI E A ARTILHARIA 

No recomeço, as entradas de Samu e Rodrigo Mora, pereciam prometer um FC Porto mais próximo do normal, mas tal não aconteceu. E a coisa agravou-se para os dragões quando Alan Varela, aos 53 minutos, entregou o ‘ouro’ ao ‘bandido’ Samu, que com muita frieza fez o 1-2. Pela primeira vez, passou pelo Dragão a ideia de que, se calhar, o Vitória estava encaminhado para fazer história.

E depois de Samu (do FC Porto) ter rematado ao lado da baliza de Castillo (56), foi Samu (do Vitória) a meter a bola novamente na baliza portista, mas o lance seria bem invalidado por intervenção do VAR. Mas ficava o aviso... Farioli, a 26 minutos dos 90 ainda lançou mais artilharia pesada, com Pepê e William Gomes, mas o Vitória, depois de breves minutos em que teve de aguentar algum sufoco, voltou a equilibrar as operações, mantendo a tática e refrescando a equipa, com Ndoye, Saviolo e Gonçalo Nogueira.

E até começava a ter o jogo controlado quando, aos 78 minutos, Eustáquio fez uma falta dentro da área, num lance sem qualquer perigo, que permitiu a Camará, dos onze metros, fazer o 1-3. A partir dessa altura, quem esperava ver os forasteiros a defenderem-se de pontapé para a frente, enganou-se redondamente. Aproveitando a exaustão (?) portista, e também alguma descrença, os Conquistadores, passaram a trocar a bola, numa espécie de tiki-taka à moda do Minho, que fez com que os portistas, vencidos e convencidos, suspirassem pelo apito final. Sendo certo que o Vitória aproveitou três oferendas dignas de Reis Magos, a verdade é que saiu do Dragão como justo vencedor, marcando encontro, a seis de janeiro, com o Sporting, nas meias-finais da Final Four.