Rui Costa na Casa do Benfica de Londres (D.R.)
Rui Costa na Casa do Benfica de Londres — Foto: D.R.

Traição, 250 mil euros por nada e suspeitas: Rui Costa e a mágoa pelas acusações de Vieira

«Porque é que me teve lá 13 anos?», questiona, na reação a declarações de Vieira

Rui Costa reagiu, no canal Now, às declarações recentes de Luís Filipe Vieira, que o acusou de receber 250 mil euros e nada fazer.

«Porque é que me teve lá 13 anos? Já disse e volto a dizer. Não vou entrar em duelos individuais. Sou presidente do Benfica, não sou apenas candidato, tenho essa responsabilidade. E não é isso que os benfiquistas querem. Falo do futuro do Benfica, justifico o passado e não entro em disputas individuais. Tenho alguma mágoa em ouvir algumas coisas, poderia responder de muitas formas, mas não vou entrar em disputas individuais. Não fica bem a um presidente entrar numa situação destas e não faz parte da minha personalidade lavar a roupa suja», reagiu.

Também não aceita as acusações de traição no momento em que assumiu, interinamente, a presidência. «Traição de quê? O Benfica ficava sem presidente naquele dia? O discurso daquele dia, naquele momento, era mostrar que o Benfica tinha um novo presidente, face a tudo o que se estava a passar. Estávamos a segundos ou minutos de falhar um empréstimo obrigacionista, de não nos inscrevermos na UEFA pelo que se estava a passar. Aquele discurso não é falta de respeito ou ingratidão para Vieira. Não é uma questão de não me lembrar que o presidente se chamava Vieira. Em nenhuma circunstância houve ingratidão ou falta de reconhecimento. Aquele discurso era só para mostrar que o Benfica tinha um novo presidente.»

«Nunca fui o decisor»

O atual presidente e recandidato nas eleições de 25 de outubro rejeita o rótulo de ter sido 13 anos o braço direito de Vieira: «Até ele disse quem eram os braços direitos, não estava lá incluído. Tinha como função servir o Benfica como sempre desejei. Depois, de desempenhar as funções que me foram atribuídas. Nos dois primeiros anos, como diretor desportivo e da Formação. Foi nessa altura que conheci Bruno Lage. Depois do segundo ano, passei a ter a função de acompanhamento à equipa e aos treinadores, no terreno e no dia. Fui administrador do futebol, estava perto da equipa, dos jogadores, dos diretores gerais. Participava nas reuniões de formação do plantel, mas nunca fui o decisor. Pode chamar-se de consultor? Sim. Dava opiniões sobre o que estava bem ou mal, para serem tomadas decisões. Obviamente, dava opinião sobre contratar ou não um jogador, mas nunca fui um decisor, não tinha essa função. Não fazer nada é ofensivo. Quando o Tiago [Pinto] saiu para a Roma a meio da época, fico com esse papel até a escolha de substituto. Só faço parte da Direção no último mandato e nem chegou a um ano.»

«Ministério Público respondeu por mim»

Rui Costa lembra que, nos últimos anos de Vieira na presidência, «o Benfica estava mergulhado na lama». «Tínhamos o Ministério Público e a Polícia Judiciária todos os dias em casa. Nestes quatro anos não tivemos esse problema», atirou, recordando período difícil: «É evidente que houve preocupação de toda a gente sobre o que se estava a passar. A resposta foi sempre a mesma: ‘Não se passa nada, são coisas que vão ser resolvidas’. O Benfica não foi condenado em nada, é um facto. E não é por acaso que o meu nome, no meio de tudo isto, nunca foi tido nem achado. Já me fizeram estas perguntas há quatro anos. E o Ministério Público já respondeu por mim ao ilibar-me destas situações. Não estou em nenhum processo. Posso prometer que o meu nome nunca estará ligado a esses processos. Estou completamente à vontade.»

Rui Costa garante que nunca foi confrontado com situações que lhe provocassem dúvidas: «Não. Não tinha a função de falar com empresários ou fazer transferências nesses anos. Os contratos não representam nada de ilegal. Quando se assina um contrato não está lá escrito que vou enganar o Benfica, está lá escrito o contrato, quando se fala de eu assinar… é normalíssimo.»

Sublinhou que, agora, o modelo desportivo é outro, que passa por «reduzir ativos e por uma coisa mais límpida e económica», enquanto antes se privilegiava a angariação «ao máximo de ativos» e a escolha de reforços que pudessem despontar em equipas mais pequenas e depois «pudessem vir a ser jogadores».