Tadej Pogacar prepara temporada de 2025 - Foto: IMAGO

Tadej Pogacar revela segredos do sucesso

«Em que evolui mais? A resistência à fadiga». Esta é apenas uma das várias revelações que o esloveno fez sobre a sua extraordinária época de 2024 e como se está a preparar para tentar elevar a fasquia do sucesso

Depois de ter estabelecido novos patamares de sucesso no ciclismo em 2024, Tadej Pogacar prepara-se para iniciar a nova temporada com justificado estatuto de favorito a vencer todas as competições em que participar.

Os objetivos do esloveno da UAE Emirates são conhecidos: Milão-Sanremo, Volta a Flandres, Liège-Bastogne-Liège, a Volta a França, Volta a Lombardia, e ainda uma das outras duas grandes Voltas do calendário do WorldTour: Itália ou Espanha, sendo que estará mais inclinado a tentar juntar a Vuelta ao seu palmarés, a única das três grandes que ainda não venceu.  

Em entrevista ao Cyclingweekly, Pogacar revelou alguns segredos relacionados com o treino e a preparação das corridas que o fizeram evoluir para o nível de desempenho que resultou na bem-sucedida temporada de 2024. Desde logo, o trabalho com  novo treinador, Javier Sola. «Ele [Javier Sola] fala comigo todos os dias, por isso não consigo relaxar em nenhum momento, ainda que raramente relaxe... [risos]», começou por declarar o esloveno de 26 anos, acrescentando: «Mas é sempre bom ter alguém de confiança para comunicar tão facilmente». 

E avança a explicação: «Também treino mediante um método um pouco diferente do que fazia, com exercícios mais específicos, mais focados nas corridas que se seguem. Trago-lhe algo [ao treinador] e ele traz-me algo, novos métodos e novas formas de treino, e até agora está a funcionar bem».  

Jonas Vingegaard tenta deixar para trás Tadej Pogacar no Tour 2024

Em 2024, Pogacar vinha de duas temporadas em que perdera a camisola amarela mais desejada do ciclismo, a da Volta a França, que conquistara em 2021 e 22 deixando antever uma nova era de hegemonia no Tour. 

O novo rival em ascensão, Jonas Vingegaard, foi responsável por essa interrupção, no último ano retomada com uma vitória esclarecedora, ainda que o dinamarquês tivesse tido a preparação prejudicada por um longo período de inatividade devido a graves lesões causadas por uma queda na Volta ao País Basco, no início de abril.  

«No último ano, trabalhei muito o VO2 máximo e treinei muito em Zona 2, a da resistência à fadiga. É aí que creio que fiz mais progressos: em fases decisivas das corridas, quando a fadiga – ou a frescura - é determinante, permite-me manter níveis de energia suficientes para atingir valores de potência elevados e a capacidade de aceleração. Por isso, sim, foi um progresso importante para mim», esclereceu Tadej Pogacar, que na temporada transata conquistou a Tripla Coroa, Giro-Tour-Mundial, que só Stephen Roche e Eddy Merckx alcançaram.  

«Trabalho muito no ginásio este ano, mas não tanto com pesos. Trabalhei muito com o fisioterapeuta da equipa, Victor Moreno, e também com um fisioterapeuta do Mónaco, Alexandre Baccili. Trabalho músculos específicos que preciso de desenvolver. Trabalhamos bem em equipa», conta o esloveno, que em 2024 também triunfou nas clássicas Strade Bianche, Liège-Bastogne-Liège e Giro da Lombardia. 

O cuidado com a nutrição no ciclismo de alta competição é tem evoluído exponencialmente nos últimos anos e Pogacar admite ter tido a necessidade de acompanhar as tendências mais recentes.      

Tadej Pogacar em estágio com a equipa UAE Emirates

«Estou a levar mais a sério sobre essa matéria, mas eu e a Urzka [Zigart, a sua companheira e igualmente corredora profissional] sempre soubemos o que devíamos ou não comer, mas agora comecei a seguir à risca o plano nutricional da Gorka [Prieto-Bellver], a nossa nutricionista, quando é efetivamente indispensável. Se não preciso de comer, não como – trata-se de comer apenas o que é necessário», desvendou ainda Pogacar. 

Nesta entrevista, o líder da UAE Emirates, que se estreia na temporada de 2025 na Volta aos Emirados Árabes Unidos, no dia 17 de fevereiro, falou ainda do modo peculiar de se preparar mentalmente para as corridas. 

«Não falo comigo ao espelho, mas às vezes, se não consigo dormir na noite antes de uma competição imagino a situação de corrida, recriando na minha cabeça o que poderá acontecer. Muitas coisas podem acontecer numa corrida de ciclismo, por isso é preciso estar mentalmente preparado», conclui.