Sporting: Frederico Varandas revisita AG e o voto eletrónico: «O poder que uma minoria não quer perder»
Frederico Varandas, presidente do Sporting, voltou a abordar a questão do voto eletrónico universal, que acabou por não saber em votação na Assembleia Geral do último domingo, por não maioria suficiente.
Naquela noite, o presidente prometeu voltar ao tema, até pela fraca afluência de sócios a votar, o que demonstra, sustenta no editorial do jornal Sporting desta quinta-feira, a necessidade de mudança.
Eis o que escreve:
«Na Assembleia Geral do passado domingo, dia 8 Outubro de 2023, dos 3771 Sócios que votaram, sete em cada dez votaram a favor da medida proposta pelo Conselho Diretivo de alteração dos estatutos para se poder votar eletronicamente à distância.
Na condição de Presidente do Clube considero que é da mais crítica relevância para o futuro do Sporting uma reflexão, e consequente mobilização, do universo Leonino sobre os resultados em causa.
O primeiro ponto de reflexão é sobre o facto de o universo de 3771 Sócios que votou representar menos de 4% de todos os Sócios que podem exercer o seu direito. O segundo é que se torna evidente que, com o sistema de votação vigente, essa minoria de 1% dos Sócios sabe que se transforma em 30%, ou mais, consoante a habitual fraquíssima participação eleitoral.
Queremos que uma minoria de 600, 800 Sócios continue a decidir por mais de 100 000 Sócios com poder de voto? No dia em que o voto seja Universal, nunca mais um grupo qualquer consegue controlar ou condicionar uma Assembleia.
No dia que houver voto eletrónico à distância o poder fica realmente disperso e descentralizado por todos os Sócios do Sporting CP, e nunca mais por grupos minoritários. Este é que é o verdadeiro cerne da questão do voto eletrónico. O poder que uma minoria não quer perder para continuar a condicionar uma maioria.
Aceitaremos sempre os resultados, sejam eles quais forem, mas decidamos todos. Desde 2017 que as que eleições nesse ano, em 2018 e 2022 foram realizadas com voto eletrónico, sendo o processo de contagem de votos 100% digital e auditado por uma empresa externa ao clube. A possibilidade de voto eletrónico à distância é a única que permite efetivamente darmos mais um passo à frente, fundamental para que o voto seja Universal. Os 70% que votaram a favor não foram suficientes para cumprir a maioria de 75% exigida pelos estatutos.
Cumpriremos sempre os estatutos, assim como o sentido de votação expresso pela maioria. Haverá novo dia, mas de pouco valerá se os sócios abdicarem de exercer o seu principal direito: participar, decidir… votar.
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