Estádo do Bessa (Foto: Boavista)

Sociedade BTL com poder para penhorar vendas do Boavista

Empresa que ficou com os créditos da Somague, construtora do Estádio do Bessa, recebeu autorização do Tribunal Judicial do Porto para executar dívida que ascende a cerca de 6,8 milhões de euros através dos passes de jogadores transferidos nesta janela de verão

Os graves problemas que a Administração do Boavista, liderada por Fary Faye, tem enfrentado conheceram novo capítulo a 1 de agosto último. Por decisão do Tribunal Judicial do Porto, a BTL, sociedade financeira que gere os créditos da Somague, construtora do Estádio do Bessa, terá direito a penhorar durante as férias judiciais (16 de julho a 31 de agosto) «os passes/direitos económicos» dos jogadores entretanto transferidos pelo Boavista.

É um caso muito grave, na medida em que a SAD precisa de injeção de capital para fazer face às dívidas e libertar-se do impedimento de inscrever jogadores. Neste defeso, transferiu Pedro Malheiro para o Trabzonspor por 2 milhões de euros, com 500 mil euros de bónus, e o central Chidozie para o FC Cincinnati por 500 mil euros, com a possibilidade de ganhar mais 200 mil em bónus de desempenho.

Em causa está uma dívida original do clube, não da SAD, de €5.137 milhões de euros, que com os juros ascende já a cerca de €6,8 milhões, que remonta ao tempo da construção do recinto. Uma vez que a SAD assumiu solidariamente as dívidas com o clube, a BTL agiu judicialmente para executar a dívida através dos fundos recolhidos com a venda dos ativos do plantel.

Num comunicado emitido a 7 de agosto passado, Fary assumiu que o quadro de dificuldades do Boavista é delicado. «Importa explicar que a resolução deste processo envolve múltiplos procedimentos e negociações intricadas, pelo que foi impossível de ultrapassar no curto espaço temporal de vida deste CA [Conselho de Administração]. No entanto, quero assegurar a todos os boavisteiros que continuamos a trabalhar intensamente na procura das soluções que nos permitam, de uma vez por todas, resolver este e outros problemas que dificultam o normal funcionamento da SAD.»

Vítor Murta, presidente do Boavista, reagiu em comunicado enviado a A BOLA:

«Esta é uma das muitas dívidas que existem referentes à construção do estádio (têm mais de 20 anos). O clube está a negociar o pagamento junto deste credor bem como dos demais. A Boavista SAD como foi feito anteriormente pelo antigo presidente terá de encontrar soluções para poder fazer face às dificuldades e resolver os problemas. À data do início do mandato do atual Presidente da SAD as dívidas estavam maioritariamente negociadas, os salários dos atletas e funcionários regularizados e a equipa em condições de competir. Continuar a atirar areia para os olhos dos sócios, desresponsabilizando-se com a antiga administração, não vai resultar para sempre. Faz parte de um conselho de administração resolver problemas. E pior que ter más ideias é não ter ideias nenhumas.»

(Atualizado às 15.28 horas com reação de Vítor Murta)