«Sim, estou magoado com António Salvador»
- Na parte final da época no Arouca teve convites de fora de Portugal?
- Sim, houve alguns bastante aliciantes vindos do estrangeiro, também pela parte financeira, mas optei por ficar em Portugal.
- Quase no final de 2023/2024, há um momento que presumo ter sido difícil para si: ser oficializado como treinador do SC Braga, ter de ir jogar a Braga pelo Arouca e, ainda por cima, ganhar. Foi emocionalmente difícil?
- Nunca centro muito as coisas em mim, mas obviamente foi uma semana muito dura e muito difícil de passar, porque sempre me regi por princípios e valores que passam pelo respeito por toda a gente. E naquela semana, alguns episódios públicos afetaram-me bastante.
- Como foram os primeiros contactos com António Salvador?
- Foram, basicamente, de apresentação. Tento sempre ser o mais honesto possível, mostrar quem sou, mostrar o que podem contar de mim, para não haver nenhum tipo de surpresas. Não tento esconder seja o que for, dizer que sou isto ou aquilo e depois não o ser.
- António Salvador fez-lhe algum pedido especial?
- O presidente Salvador quer ganhar. Tal como eu queria muito ganhar. Factual era entrar na Liga Europa e foi à volta disso que ficaram definidos os objetivos.
- Que perspectivava ser possível com aquele plantel?
- O que fui pedindo tinha a ver com uma ideia de jogo. O que eu queria era ganhar o máximo de jogos. Ganhar, ganhar, ganhar. Respeito muito a natureza do jogo e a natureza do jogo tem três coisas: é jogada por jogadores, há duas balizas e é para se marcar golos. É o que é fundamental e foi isso que procurei.
- Ganha dois jogos para a Liga Europa, empata com o Servette e empata depois com o Estrela da Amadora. Depois é afastado por António Salvador e nasce um mistério: que aconteceu para sair ao fim de quatro jogos?
- Com o 1-1 com o Servette o objetivo não ficou comprometido minimamente, até porque, não tendo sido perfeito, foi um jogo que dominámos. Vínhamos de quatro jogos em que marcámos oito e sofremos apenas um. Não foram exibições perfeitas, mas eu tinha noção daquilo que estava a ser feito e do que tínhamos que fazer a mais. Para todas as mudanças é necessário tempo e fui surpreendido, porque sei que, com tempo, montaria a equipa da forma que pretendia.
- O SC Braga emitiu um comunicado em que falava de ‘falta de moralidade’ da sua parte. Que sentiu quando ouviu esta frase?
- Não me posso alongar muito porque está tudo entregue ao meu advogado e aquilo que lhe disse desde o início foi para exigir ao SC Braga apenas aquilo que era o meu contrato. Nada mais. Porém, a partir do momento em que há uma posição e um comunicado do clube ou do seu presidente em que é posta em causa a minha integridade moral, foi muito duro. A partir desse comunicado, as negociações ficaram um bocadinho comprometidas e mais difíceis.
- Não consegue entender o que esteve na base da decisão de António Salvador?
- Foram dados argumentos, mas os argumentos não preenchem aquilo que foi a decisão. A partir desse momento, não pode haver acordo. Não admito que possam pôr em causa o meu profissionalismo e a minha pessoa.
- Está magoado com António Salvador?
- Sim, obviamente.