Siameses em tudo, só podia dar empate (crónica)
Com imagens por limpar - o Alverca não vencia há quatro jogos e o Rio Ave foi goleado (0-4) na ronda anterior pelo Estoril – as duas equipas construíram um encontro agradável, com oportunidades e domínios repartidos e, com toda a certeza, acreditamos que os espetadores presentes em Alverca deram por bem empregue o tempo e o dinheiro gasto no bilhete. O empate espelha as similitudes das duas equipas em quase tudo: desenho tático (3x4x3) e a forma como chegaram aos golos, além de equilíbrio nos domínios e nas oportunidades criadas.
A primeira metade foi mais profícua no tocante a oportunidades e se não fosse a atenção e inspiração dos dois guarda-redes – André Gomes e Chamorro – o marcador teria sido mais colorido do que o único golo verificado nesse período, que colocou os vilacondenses em vantagem.
Será justo, então, olharmos para as intervenções dos guardiões. André Gomes foi decisivo aos 21’ num tiro de André Luiz e seis minutos depois voltou a ganhar o duelo ao extremo do Rio Ave que surgiu na direita desviando para canto, dando ainda a sensação de a bola ter batido no poste. No golo de Clayton, o guarda-redes nada pôde fazer com o avançado a saltar entre Meupiyou e Sergi para desviar de cabeça um cruzamento de Vrousai. Foi o quinto jogo consecutivo do Alverca a sofrer golos. Mirando agora Chamorro, o guardião deteve um cabeceamento de Nuozzi (13’) e seis minutos depois num lance confuso na sua área evitou com as pernas que Meupiyou marcasse.
Depois do descanso, mais… descansados estiveram André Gomes e Chamorro. Porque o jogo dividiu-se mais distante das balizas e as situações complicadas já não foram tantas. O Alverca chegou ao empate numa jogada similar ao do golo do Rio Ave, com Sandro Lima, aposta de Custódio Castro aos 69 minutos a marcar quase de seguida, dando sequência a um livre de Lincoln, na direita. Tal como no golo dos visitantes, finalizou entre dois adversários: Ntoi e Brabec. E trouxe justiça ao marcador.
Embora na segunda metade o Alverca tivesse mais direcionado para o último reduto vilacondense em busca do empate, o certo é que além da oportunidade aproveitada para alcançar o objetivo, os ribatejanos não dispuseram de mais ocasiões claras. Tal como o Rio Ave, pelo que o empate assenta tão bem à produção das duas equipas que, em termos exibicionais, aliviaram passado recente.
As notas dos jogadores do Alverca: André Gomes (6), Naves (6), Sergi Gómez (5), Meupiyou (6), Nabil Touaizi (6), Sabit Abdulai (5), Alex Amorim (6), Chissumba (6), Lincoln (6), Marezi (5), Nuozzi (5), Sandro Lima (6), Tiago Leite (5), Davy Gui (5), Gonçalo Esteves (-) e Gian Cabezas (-)
As notas dos jogadores do Rio Ave: Chamorro (6), Petrasso (5), Brabec (6), Abbey (5), Vrousai (6), Andreas Ntoi (5), Aguilera (5), Athanasiou (5), André Luiz (6), Clayton (6), Olinho (5), Spikic (5), Nikitscher (-), Liavas (-) e Papakanellos (-)
O que disseram os treinadores:
Custódio Castro, treinador do Alverca
«Tivemos uma entrada boa no jogo, com uma ou duas oportunidades e muitos cantos e não aproveitamos e de repente vemo-nos atrás do resultado. E isso tem um impacto muito grande neste grupo, ou tem tido, e é isso que temos estado a tentar melhorar. Mesmo assim, ao intervalo ajustámos uma ou outra situação, revemos os espaços que achávamos que dava para explorar, mas faltava-nos era um pouco mais de agressividade com e sem bola. Melhorámos e fomos atrás do resultado e conseguimos o empate. Estatisticamente fomos superiores, não quer dizer que isso possa dizer tudo, mas fica o espírito e a forma como acabaram por reagirmos ao golo sofrido. É um ponto, temos de valorizar isso. Claro que vínhamos de quatro derrotas, incluindo a Taça de Portugal, em Leiria, mas os outros três jogos tinham sido dois contra o Sporting e um com o Gil Vicente, que é possivelmente das equipas a jogar melhor em Portugal. Encerrámos essas derrotas de forma consecutiva e isso demonstra o grupo que temos.»
Sotiris Silaudopoulos, treinador do Rio Ave:
«Foi um jogo que teve vários períodos. O Alverca começou bem nas duas partes. Após o primeiro quarto de hora conseguimos equilibrar e criámos algumas chances, fizemos o golo e tivemos mais uma oportunidade para fazer o segundo. Na segunda-parte tentámos gerir um pouco melhor e fazer contra-ataques, porque sabíamos que o Alverca ia pressionar mais e deixar espaços. Estávamos à espera que o Alverca pressionasse mais alto e falámos disso no balneário. Antes do golo do adversário, creio que até tivemos um período que conseguimos equilibrar melhor o jogo. [Rio Ave perdeu dois pontos?] Não é justo dizer isso. Foi um jogo em que as duas equipas tiveram situações para marcar, mas depois de uma semana difícil foi mais importante ver a reação e a mentalidade da equipa. O espírito da equipa esteve lá.»