«Rui Costa disse-me que não queria ser a águia Vitória»
- Sente que Rui Costa o traiu?
- Isso já acabou, não vale a pena. A preocupação é o Benfica, não é o Rui Costa, não é ninguém.
- E se ele lhe pedisse desculpa?
- Não é uma questão de desculpas. Aqui é uma questão de caráter das pessoas. Mas ainda agora, quando estive no tribunal com ele, cumprimentei-o normalmente, não tive problema algum.
- Mas ele disse em entrevista à SIC que não o cumprimentaria tendo em conta aquilo que Luís Felipe Vieira lhe chamou.
- Nada lhe chamei. Se ele disser que é mentira aquilo que eu disse, é outra coisa. Se ele disser, não tem problema, posso fazer um frente-a-frente com ele. E ele vai responder assim ‘então eu estive lá 13 anos, porquê é que não me despediu se eu não fazia nada?’ Eu depois respondo…
… porque a figura de Rui Costa era também positiva para Luís Filipe Vieira?
- Não, não, não. Era positiva para o Benfica, mas para mim não era nem positivo nem negativo. Ganhei as eleições todas à vontade. Mas eu primava pela estabilidade. Logicamente, se eu entrasse numa rotura com ele ali, seria complicado, havia logo uma instabilidade. Foi das coisas que eu sempre me preocupei, foi com a estabilidade. E ele sabe bem disso. Há um dia que eu o convido para ir comigo a uma casa do Benfica e ele diz-me ‘oh presidente, eu não quero ser a águia Vitória. Porquê nunca mais o convidei? E o Rui, para mim, a fazer o caminho que estava a fazer, não havia problema nenhum para mim. Porque eu trabalhava por ele, não havia problema. Já pedi desculpa aos benfiquistas, já fiz isso tudo, não vale a pena, nós estamos sempre a falar de Rui, Rui, Rui, senão qualquer dia o Rui é maior que o Benfica. Nem Eusébio era.
- É impossível voltarem a trabalhar juntos?
- Ah, isso é impossível, impossível. Não há hipótese. E ele sabe que é impossível mesmo. Quem dizia que as pilhas nunca me acabavam foi ele, não fui eu que disse. Por isso há uma diferença e toda a gente trabalhou no Benfica. Eu sei como é que fui recebido no Estádio da Luz. Eu sei que neste momento há muita gente ansiosa [no clube] que eu volte ao Benfica. Porque voltam a ter alegria em trabalhar no Benfica, compreende?
- Mas como é que isso mudou tanto em quatro anos, na sua opinião?
- Se você tira as duas principais cabeças que estavam no Benfica naquele momento, o Domingos [Soares Oliveira] e o Miguel [Moreira], que tinham ligação com todos os profissionais do Benfica, deixa de haver coordenação. Olhe, há gente que não sabe o que é que anda a fazer. Nem se têm de entrar às onze ou ao meio-dia.