Rainha garantida no carnaval de Torres (crónica)
Um quarto de século depois, o Torreense está nos quartos de final da Taça de Portugal. Na época 1998/1999, o emblema do Oeste tinha pontificado pela última vez na referida fase da prova — tendo sido, na altura, eliminado pelo Vitória de Setúbal (0-3) —, mas agora já tem lugar garantido entre as oito melhores equipas da competição na temporada em curso.
Se a tradição manda dizer que houve taça, uma vez que o Torreense, da Liga 2, eliminou o Casa Pia, da Liga, a verdade é que o fato de tomba-gigantes só pode ser colocado ao conjunto de Vítor Martins uma vez que assim manda a tradição. Porque, e em bom rigor, apenas quem não viu o jogo pode ficar surpreendido com o resultado. O conjunto azul-grená (que até jogou de branco) foi superior em vários momentos do jogo, com e sem bola, sendo que à organização defensiva juntou uma boa dose de veneno nas transições ofensivas.
Após umas primeiras tentativas sem objetividade, de parte a parte, eis que os forasteiros decidiram aquecer a noite gélida de Rio Maior: contra-ataque de régua e esquadro, passe de Costinha, cruzamento milimétrico de Musa Drammeh e Dany Jean, à entrada da pequena área, desviou de primeira para o fundo das redes da baliza contrária.
Até ao intervalo, os gansos tentaram reagir, mas nunca conseguiram efetivar os intentos. Até porque à falta de qualidade de definição no último terço juntava-se o bloco compacto que se edificava do outro lado.
Gonçalo Brandão percebeu que tinha de fazer alguma coisa e chamou Jérémy Livolant para a etapa complementar. O extremo francês agitou as águas e ofereceu de imediato o golo a Kelian Nsona, que desperdiçou (47'). No minuto seguinte, o camisola 29 viu Unai Pérez negar-lhe os intentos.
Avesso ao desperdício dos casapianos, o Torreense aproveitou. E contou com a colaboração de Daniel Azevedo: livre batido por Costinha, a bola parecia relativamente simples para o guarda-redes dos gansos, mas... não era. E entrou. Estava (quase) tudo contado.
O melhor que o Casa Pia conseguiu foi reduzir, por intermédio de Livolant, de penálti — mão de Diadié que foi descortinada pelo VAR.
O Torreense vai defrontar a UD Leiria nos quartos de final e a rainha tem presença garantida no emblemático carnaval de Torres Vedras.
As notas dos jogadores do Casa Pia:
Daniel Azevedo (4), João Goulart (4), David Sousa (5), Duplexe Tchamba (3), Larrazabal (5), Renato Nhaga (5), Rafael Brito (5), Fahem Benaissa (5), Tiago Morais (4), Dailon Livramento (5), Kelian Nsona (5), José Fonte (5), Jérémy Livolant (6), Seba Pérez (5), Cassiano (5) e Miguel Sousa (5).
As notas dos jogadores do Torreense:
Unai Pérez (6), Danilo Ferreira (6), Diadie (5), Stopira (6), Javi Vazquez (6), Guilherme Liberato (6), Leo Azevedo (6), Costinha (7), Dany Jean (6), Musa Drammeh (6), Ismail Seydi (5), Arielson (5), Arnau Casas (-), Pité (-) e André Simões (-).
Gonçalo Brandão (treinador do Casa Pia):
Um resultado que não queríamos. Tínhamos ambição de chegar longe na prova. Na primeira parte tinhamos de ter sido muito melhores. E defrontámos uma equipa bem organizada, com individualidades boas. Na segunda parte tentámos tudo, tivemos remates e ocasiões, mas não conseguimos. Parabéns ao Torreense.
Vítor Martins (treinador do Torreense):
Sabíamos do grau de dificuldade de jogar contra um Casa Pia muito pragmático, era um degrau muito difícil, mas organizámo-nos bem. Agora temos de estar alerta diante da UD Leiria, é um dérbi e tem todos os ingredientes para ser um jogo fantástico. Vamos tentar ganhar para chegarmos às meias-finais da Taça.