«Quero terminar em grande, com o 10.º título de clubes»

«Não foi uma decisão difícil de tomar, já vinha de alguns anos a pensar nela e, no fundo, foi apenas acertar o timing de toda a minha vida após quase 30 anos de natação e de forma a acabar no Nacional de Clubes a tentar lutar pelo 10.º título», declarou o sportinguista Alexis Santos a A BOLA sobre o adeus à modalidade em que foi olímpico no Rio de Janeiro-2016 e Tóquio-2020 e protagonizou um momento histórico ao conquistar o bronze aos 200 estilos no Europeu de Londres-2016. Na altura, apenas a segunda medalha de sempre de Portugal no evento depois de 31 anos de jejum.

- Está a viver muitos emoções e sentimentos com o aproximar do adeus à competição ao fim de tantos anos?

- Posso dizer que sim, existe algum nervosismo. Não por ser a última competição, mas por saber que vai ser difícil. Talvez de todos os campeonatos nacionais de clubes que ganhámos até agora [9 seguidos], se calhar este vai ser o mais difícil. Por isso estou um bocado ansioso e nervoso para conseguir terminar em grande. Sinceramente, não estou muito a pensar como vai ser de emoções. Sei que serão dois dias extremamente emotivos, mas, agora o pensamento é focar-me em fazer as coisas bem para que corram o melhor possível e podermos estar na luta para revalidar o título.   

- Chegou a estar inscrito no Nacional Open de Portugal do passado fim de semana, que também seria o seu último a nível individua, mas depois optou por não competir. Porquê?

- Tomámos a decisão que não valeria muito a pena. Era no Funchal, tinha de estar a fazer a viagem e para mim não existia um grande objetivo de, neste momento, estar a ir a essa prova na Madeira. O meu objetivo é acabar a carreira com os 10 títulos de clubes. Esse é que é o principal foco. Decidimos que valia mais ficar cá a descansar e treinar para depois concentrar todas as forças.

- Houve várias ocasiões na carreira em que pensou abandonar. Esta é mesmo a definitiva, afinal a sua vida está a mudar de rumo?

- Sim, como disse, foi apenas decidir que chegara a altura certa e reunir todas as condições ideais para fazê-lo. Sinto que a natação está em muito boas mãos neste momento, por isso chegou a altura certa.

- Deixo-o satisfeito que a natação esteja em boas mãos?

- Sim, sem dúvida. Ainda que considere que faz falta algum núcleo. O meio da natação, não o top, não está tão forte como já esteve há alguns anos. Estamos a sofrer pelos efeitos provocados pelo covid, como acontece noutras modalidades, mas sem dúvida que estes resultados no Funchal conseguidos pelo Diogo Ribeiro, Miguel Nascimento e da Camila Rebelo [qualificaram-se para os Jogos de Paris-2024 a mais de um ano e três meses de distância] deixa-me felicíssimo e orgulhoso ir para a reforma em paz.

- Tem noção que há muitos antigos colegas de equipa e de Seleção que estão a preparar marcarem presença neste adeus?

- Tenho-me estado a tentar abstrair o mais possível disso. Só quero estar focado em realizar bem as coisas. Depois, no último dia à tarde, as emoções vão vir ao de cima. E aí penso nisso. Até lá é como se estivesse a disputar um campeonato onde iria tentar mínimos para os Jogos. Não é que vá fazer marcas para isso [risos], mas na minha cabeça estou focado no mesmo nível.

- Nas últimas competições que efetuo nadou sempre barba. Ainda está com ela… Nesta vai aparecer como se fosse competir num Mundial ou Jogos?

- Infelizmente vou ter de fazer a barba pela última vez na minha vida. Também é a última vez que vou competir a terei de fazer… Mas é por um bem maior e por essa razão não vai custar assim tanto.