Quatro minutos de Super Lombos secam Benfica
Numa inédita finalíssima para encontrar o vencedor da 39.ª Supertaça feminina, duas épocas depois de ter ganho o troféu pela última vez a Quinta dos Lombos, vencedor da Taça de Portugal em 2024/25, garantiu a Supertaça pela terceira ocasião ao derrotar o bicampeão nacional Benfica por 55-67 (12-15, 15-13, 10-23, 18-16). Clube que havia arrebatado a competição três vezes nas quatro temporadas anteriores.
Foi um quarto inaugural (e não só), tecnicamente sofrido aquele a que se assistiu no Pavilhão Municipal Luís de Carvalho, no Barreiro. Apenas aceitável por se tratar de início de temporada e as equipas ainda não estarem com ritmo de campeonato.
Mas, sem que alguém chegasse a comandar por mais de 5 (4-9) e depois de seis igualdades no marcador, a última aos 21-21, as águias assumiram a liderança pela primeira vez desde o 2-0 após um parcial de 8-0 (27-21) onde Inês Faustino (9) contribuiu com 5 pontos.
Apesar das dificuldades em atacar o cesto, invariavelmente encontravam o caminho fechado ou sofriam dois contra um e tinham as linha de passe cortadas – o conjunto às ordens de José Leite pareceu estar sempre mais preparado sobre as movimentações do adversário – a campeãs nacionais, onde também se destacava Zuzanna Puc (14 pts, 6 res), pareciam ter encontrado soluções no ataque e como dimiuir o ritmo das carcavelenses.
Engano! Nos quatro minutos que se seguiram, o Quinta dos Lombos resolveu o encontro com 18(!) pontos e permitindo apenas 2 (29-39). Primeiro ao fechar a 1.ª parte com um parcial de 0-7 (27-28) em 1.28m, concluído por um triplo de Milica Ivanovic (11 pts, 3 res, 5 ass).
Depois, arrancado o 2.º tempo com novo 0-6 (27-34), até Maria Bettencourt (14 pts, 7 res) mostrar que o placard do lado do Benfica também funcionava. Só que a resposta das jogadoras de amarelo voltou assertiva (31-42), sobretudo com Sara Caetano (13 pts, 15 res, 3 ass) – eleita MVP – a aproveitar perdas de bola para capitalizar em velocidade.
Curiosamente, o Benfica terminou com 14 turnovers e a Quinta do Lombos com 21, que deram 24 pontos ao adversário. Só que as de Carcavelos garantiram 45 ressaltos (11 of.) e as da Luz 31 (11) e conseguiram 41% em triplos (7/17), contra 21% (6/28).
Daí até ao fim , apesar do fosso no marcador ter atingido os 14 pontos (37-51) no final do 3.º quarto, Puc, Bettencourt e Faustino ainda reduziram para 49-58, mas, a 4m do apito, Jasmine Powell (15 pts, 3 ass) e Nahomis Hardy (9 pts, 10 res, 2 ass) asseguraram que a Supertaça não lhes fugia.
Têm a palavra
José Leite, treinador do Quinta dos Lombos:
«Somos um clube que trabalha para a formação, para ter jogadoras jovens a aparecer e quando conseguimos uma vitória, a abrir a época, perante um adversário tão valoroso como o Benfica, é sempre uma satisfação. Temos os pés na terra, há muito para fazer, mas é um momento muito bom para nós. É muito cedo para falar sobre isso [lutar pelo título de campeão nacional]. Temos de ir jogo a jogo e com muita humildade. Estivemos bem, mas foi um jogo. O campeonato é longo, vamos ver o que acontece. Temos jogadoras a recuperar de lesões, nunca sabemos, mas vamos dar o nosso máximo para isso. Agora é hora de festejar».
Eugénio Rodrigues, treinador do Benfica:
«Estivemos mal no tiro exterior. Caímos bastante no 3.º período, tivemos muitas dificuldades em marcar pontos do perímetro e, em contrapartida, não conseguíamos fazer o ressalto. Quando não se tem uma percentagem boa e, depois, não se consegue trabalhar no ressalto ofensivo, as coisas acontecem. E o adversário, ao contrário, tem uma percentagem de cerca de 40% da linha de três pontos, e nós 20%. E, depois, faz 45 ressaltos e nós 30. É uma dinâmica completamente oposta.
Nestas finais, há sempre a questão das dinâmicas, do equilíbrio emocional que o Quinta dos Lombos teve e nós não. Mérito deles, têm uma belíssima equipa, vão estar na luta pelo campeonato, de certeza absoluta, e nós temos de trabalhar mais para ter níveis superiores aos que tivemos hoje. É desporto, umas vezes ganha-se, outras perde-se.
Neste momento, há seis candidatos ao título. O basquetebol feminino é uma modalidade muito equilibrada, temos de trabalhar para estarmos um pouco acima. Mas é normal, é basquetebol. Não gosto [de perder], dói, mas faz parte do desporto».
Sara Caetano, jogadora do Quinta dos Lombos e MVP da Supertaça:
«Esta vitória significa muito para nós, porque foi uma semana de trabalho muito intensa, cheia de responsabilidade. Tínhamos muita vontade de dar o nosso máximo, chegar aqui e ganhar. Sabíamos que não seria fácil, porque contra o Benfica é sempre um jogo muito difícil, muito agressivo, mas mantivemos a confiança. O treinador acreditou em nós, o grupo também e a nossa vitória deve-se a isso. Esta vitória dá-nos mais confiança, motivação para trabalhar e acreditar em fazer um bom campeonato».
Últimas dez finais
2015/16 - União Sportiva-CAB Madeira, 76-57
2016/17 - União Sportiva-Olivais, 69-56
2017/18 - Quinta dos Lombos-GDESSA, 73-60
2018/19 - União Sportiva-Vagos, 80-69
2019/20 - Olivais de Coimbra-V. Guimarães, 55-39
2020/21 - Não se disputou devido à pandemia
2021/22 - Benfica-V. Guimarães, 77-75
2022/23 - Benfica-GDESSA, 78-47
2023/24 - GDESSA-Quinta dos Lombos, 65-73
2024/25 - Benfica-GDESSA, 61-54
2025/26 - Benfica-Quinta dos Lombos, 55-67
Totais: CAB Madeira, 7; Estrelas da Avenida, 5; Algés e Olivais de Coimbra, 4; União Sportiva, CIF, Benfica e Quinta dos Lombos, 3; GDESSA e União Santarém, 2; Póvoa e Vagos, 1.